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Quem diria: em tempos de games sendo anunciados com antecedência de até dois ou três anos, Dirt 4 levou meros cinco meses para ser lançado após o anúncio oficial em janeiro de 2017. Para uma franquia grande, conhecida e que praticamente corre sozinha no mercado de jogos de rali (bom, tem o Sebastien Loeb Rally, mas ele infelizmente existe num mundo que já teve o prazer de conhecer a série Dirt), foi um feito louvável, especialmente porque o game se saiu muito bem.

Mais do mesmo? Pode vir!

À primeira vista, não dá para negar que Dirt 4 deixou um pouco de lado suas raízes e saiu um jogo muito mais próximo de Dirt Rally do que de Dirt 3. Desde os menus, melhor organizados e sem todo aquele colorido e apelo visual dos de Dirt 3, até a própria jogabilidade, que deixou de focar em corridas com oponentes para ficar, bom, igual a um rali de verdade.

Eu insisto em comparar com Dirt Rally porque aquele jogo, sim, me fez entender melhor o que de fato é de verdade este tipo de competição. Dirt Rally é o Dark Souls dos jogos de corrida, é o jogo que fez os fãs de corrida (e, em especial, os fãs de rali) chorarem lágrimas de lama a cada punição causada por cada erro de cálculo ao adentrar os perigosos e sinuosos caminhos que a Codemasters preparou naquele verdadeiro clássico de 2015.

Dirt 4 pegou algumas das melhores características deste jogo e as misturou num pacote mais amigável para jogadores de todos os gostos – algo que pode ser curtido por quem é vidrado em Forza Horizon, por exemplo, mas se sentiu acuado pela dificuldade acima da média de Dirt Rally.

Na campanha principal, você joga uma carreira não tão longa e que, novamente, lembra a de Dirt Rally, com as corridas sendo disputadas no esquema clássico – sozinho na pista (e sem música, apenas com a voz da copiloto), com o seu tempo valendo contra o tempo dos oponentes e com punições a cada erro. O sistema de punições aqui está mais tranquilo, e não é uma encostadinha de nada na árvore ou uma capotada que vai te fazer perder segundos preciosos (que são adicionados no fim da corrida).

Quem quiser fugir da seriedade das corridas de verdade vai encontrar uma boa diversão no modo Joyride, que é basicamente uma coleção de desafios variados, mais ou menos como uma mistura dos Bucket Challenges de Forza Horizon com os eventos Gymkhana de Dirt 3, em provas que envolvem basicamente destruir o maior número de blocos no menor tempo ou fazer o melhor tempo num circuito fechado. É uma adição bem vinda, com certeza, e conseguir a medalha de ouro nos desafios é papo sério mesmo.

No multiplayer, as opções são as mesmas de Dirt Rally, com o modo tradicional, com vários carros na mesma pista disputando ao mesmo tempo, e o competitivo, com os jogadores na mesma sessão, mas correndo sozinhos na pista, como na campanha. Em algumas ocasiões foi demorado achar uma partida, mas para quem curte uma competição o mais legal é disputar os desafios diários, semanais e mensais, em que só há uma chance de correr, então bater o carro terá consequências irreversíveis no tempo final.

Tudo sob controle (como sempre)

Tudo isso funciona com uma jogabilidade parecida com a do Dirt Rally – que para mim já é a melhor do gênero. Eu sou suspeito para falar, porque sou desses que considera Dirt como um dos poucos games de corrida que funcionam quase que perfeitamente com controle. Logo de cara, o jogo pergunta qual eu estilo de controle (simulação ou “gamer”), e eu recomendo o simulação porque ele traz uma pilotagem um pouco mais difícil (sem ser cruel) e mais próxima de Dirt Rally, que para mim, de novo, é referência em corrida com gamepad.

Graficamente, a apresentação visual é estonteante. Se a Codemasters não chegou no limite da Ego Engine 4.0, eu nem quero saber o que está por vir no futuro. Jogando no Xbox One, o game se mantém a suavíssimos 60 quadros por segundo em quase todo o tempo, enquanto exibe efeitos visuais complexos como neblina, chuva e neve. Dá para perceber que os caras focaram mais nas texturas das pistas e dos carros e deixaram os cenários meio de lado – aquela torcida de papel não convence ninguém, mas no geral o game é bonito demais de se ver.

É rali para todo mundo

Dirt 4 não inova em quase nada, mas consegue fazer absolutamente tudo direito, além de trazer o melhor de Dirt Rally em um pacote muito mais atraente para as massas que não tiveram paciência de se virar no game anterior. É um título completo, bonito, divertido, talvez o melhor de rali de todos os tempos junto do próprio Dirt Rally, e recomendadíssimo até para quem tem o mínimo de apreço por jogos de corrida.