Reaper of Souls, a primeira expansão de Diablo III, finalmente saiu e com ela vieram muitas novidades. Temporariamente exclusivo para PC e Mac, a expansão traz a nova classe Cruzado e apresenta a continuação da história tendo como vilão Maltael, o Anjo da Morte. Caso não tenha terminado Diablo III ainda, pare de ler aqui. Reaper of Souls introduz o Ato V e revela bastante coisa após Diablo ser derrotado e aprisionado na Pedra Negra das Almas. Em uma introdução em CG de cair o queixo, Maltael rouba a pedra para si e assim começa a nova aventura.
Confesso que não jogava Diablo III há meses, mesmo após os patches. Cheguei a conferir a versão de console mais pela curiosidade da adaptação para o controle – que ficou excelente – do que pela vontade de criar novos personagens e fazer tudo de novo. Porém não pense que Diablo seja apenas isso: criar personagens, chegar ao nível máximo, e terminar o game. Esta obra-prima da Blizzard sempre tem algo novo a oferecer, sendo praticamente interminável. Com a chegada do Reaper of Souls e o aguardado pacth 2.0.1, meu interesse por Diablo III voltou com tudo.
Uma casa em chamas por um mundo mais justo
A Casa de Leilões caiu após muitas reclamações, como o desequilíbrio entre os jogadores e o famoso “farming”, que criou um verdadeiro mercado negro de compra/venda de itens virtuais. Tenho um amigo que, sozinho, ganhou mais de 200 dólares nesta brincadeira. Óbvio que a Blizzard ganhou com isso também, mas não ignorou o buraco em seu próprio sistema. Um buraco que causava vários problemas e passou a afastar os jogadores mais experientes. O exemplo mais comum é este aqui: imagine você, que passa horas e horas jogando, tromba com aquele seu amigo que começou a jogar há pouco tempo e tem um personagem muito mais poderoso que o seu. Como isso é possível? Comprando itens com bônus de experiência na Casa de Leilões, algo que permite pular muitas horas de busca por itens e progressão de nível. O sistema de troca de itens entre jogadores também foi eliminado para evitar o mesmo problema.
Outra mudança radical está nos itens que caem para o seu herói nefalem. Chega de saquear toda aquela tralha que não serve para a sua classe. Agora os itens derrubados pelos inimigos são, em sua grande maioria, voltados pra classe com a qual você está jogando. Os mesmos são marcados na sua conta da Battle.net, não sendo possível repassar à outros jogadores. Se você derrubar um item lendário para o seu amigo, ele verá o item transparente e marcado com seu nome. A troca só é possível em missões de grupo, e com todos no mesmo local em que o item caiu. Aliás, os itens agora possuem atributos primários, secundários e a passiva, além de atributos mais justos – numa escala de 140 a 200 (antes era 100 a 200).
O jogo já seria muito melhor apenas com estas mudanças, mas elas continuam. O limite de nível do herói subiu para 70, abrindo uma nova habilidade para cada classe: Avalanche (Bárbaro), Vingança (Caçador de Demônios), Epifania (Monge), Piranhas (Feiticeiro) e Buraco Negro (Arcanista). Aliás, todas as classes sofreram mudanças significativas. O limite do nível de excelência (Paragon) foi retirado, agora sendo compartilhado entre todos os heróis, e o jogador ainda recebe pontos para distribuir em quatro características: Atributo, Ataque, Defesa e Utilidade. Pontos que você pode reiniciar a qualquer momento e sem custo. Isto muda completamente a forma de jogar Diablo III, além de multiplicar a diversão e o fator replay.
Com grandes poderes vêm grandes desafios
Os inimigos passaram a acompanhar a progressão do herói por igual, independente do nível de dificuldade. As batalhas ocorrem sempre à sua altura, tanto em nível como em habilidades. Pra adicionar ainda mais desafio, os monstros do tipo campeão (azul) e elite (amarelo) possuem até cinco afixos: Pulso gélido, Orbitante, Encantado por veneno, Trovejante e Tunelamento.
Para os jogadores experientes, além dos famosos modos Hardcore (morreu, perdeu o herói) e PvP, agora há 10 níveis de dificuldade: Normal, Difícil, Perito, Mestre e Suplício (1 a 6). Para incentivar a procura por itens lendários, a Blizzard criou os modos de Aventura, Caçada e Fenda Nefalem. O modo de Aventura permite ir à qualquer lugar e fazer as missões da história na ordem que desejar, com todos os atos destravados logo de cara. No modo de Caçada, basta falar com Tyrael e concluir missões por ato para adquirir recompensas valiosas. Neste mesmo modo você encontra eventos aleatórios, disparados por exemplo por baús amaldiçoados, que culminam em batalhas contra inimigos mais fortes e mais recompensas.
A Fenda Nefalem pode ser aberta a qualquer momento tocando em um Obelisco Nefalem. A fenda leva à uma missão especial com mapa e inimigos aleatórios no qual o grupo deve matar monstros até encher uma barra de porcentagem. Quando 100% completada um chefe de fase surge. Este e os outros modos citados dão também recompensas como os Estilhaços Sangrentos, os quais você troca por itens aleatórios com a nova mercadora Kadala. Esta é uma das muitas formas de obter aquele item lendário que você tanto sonha.
Outra forma de ter os melhores equipamentos é encontrando receitas lendárias para investir seu ouro e ingredientes no ferreiro Haedrig, que ganhou muitas melhorias na forja, e na nova personagem Míriam, uma mística que pode trocar atributos de um item por encantamento (força por inteligência, por exemplo) ou mesmo mudar a aparência do item. Uma solução genial para acabar com aquele visual carnavalesco do seu personagem que nem as tinturas resolvem.
Desbravando o Ato V e a nova classe
Jogando com calma e acompanhando a história nos mínimos detalhes, o Ato V chega a durar três horas. A trama de Reaper of Souls engrandece a obra junto aos ótimos diálogos entre personagens já conhecidos e outros inéditos (tudo em português, claro). Artisticamente, a expansão é superior ao game original. Os cenários são macabros e mais escuros como no primeiro Diablo, com mais níveis de profundidade entre um plano e outro. Durante as trovoadas nos minutos iniciais, a cidade de Hespéria revela sua beleza mórbida com ruas infestadas por vingadores da morte. Destaco também os novos inimigos e chefes de fase, em especial a bruxa Adria. A passagem pela Fortaleza Pandemônio, onde Maltael o aguarda, é um espetáculo visual à parte.
Naturalmente comecei a expansão com a classe Cruzado, e diria que é uma mistura de Bárbaro com Paladino (Diablo II). A classe pode ser desenvolvida como um “tanque de guerra”, para absorver e refletir dano, bem como um herói estratégico para danos críticos extremos. Visualmente a classe é bem bacana e com habilidades bonitas de ver, como a investida de um corcel celestial. A classe faz uso da Ira, semelhante à Fúria do Bárbaro, e boa parte das habilidades causam status para fortalecer a defesa do herói ou retardar / tontear os inimigos.
Sob a direção de Gustavo Nader, a voz masculina do Cruzado foi feita pelo dublador Ricardo Juarez, famoso por dublar personagens como Barney (Os Simpsons), Johnny Bravo, Hellboy e a girafa Melman (de Madagascar 1 e 2), entre outros exemplos. Nos games, estreou fazendo a voz do Kratos em God of War. Já a voz feminina ficou à cargo da dubladora veterana Monica Rossi, a qual emprestou sua voz à muitos desenhos, séries e filmes dos anos 80 pra cá. Para identificá-la facilmente, só digo uma coisa: ela fez a voz da Sarah Connor (Linda Hamilton) em O Exterminador do Futuro 1 e 2. Márcio Simões, que dubla o Tyrael, também gravou novo material para a expansão. Sem dúvida um elenco de primeira.
Em minha aventura para construir um Cruzado nível 70, só tive uma ressalva: é um personagem tecnicamente lento e truncado, característica que não faz o meu tipo. É uma classe estratégica para se jogar em grupo e ótimo para causar status acumulativos. Ainda assim preferi jogar Reaper of Souls com uma classe mais ágil como Arcanista ou Monge.
Por fim, o patch incluiu o sistema de clãs e comunidades. Em clã o grupo é menor e só entra convidados, com chat privado e info completa de cada herói do grupo para consulta – o meu clão se chama “HUE”, só para constar. Em comunidade, você pode participar de um grupo ilimitado de jogadores com um mesmo objetivo. Exemplo: somente brasileiros, todo mundo com a mesma classe, etc. É também uma boa forma de fazer novas amizades.
Reaper of Souls é obrigatório para quem já joga Diablo III ou se interessa pelo gênero de RPG de ação. Com estas (e outras) mudanças, o game ficou mais profundo e complexo, oferecendo inúmeras experiências de jogo. Uma partida nunca é igual à outra, seja jogando sozinho ou com amigos. E mais uma vez vimos a Blizzard realizando um excelente serviço de atendimento aos fãs, fazendo as mudanças necessárias para deixar seu jogo ainda mais lapidado.