A Purple Ray Studio conseguiu resgatar a nostalgia dos jogos do gênero plataforma 3D com o lançamento de Boti: Byteland Overclocked, uma aventura agradável, colorida e bonita pelo interior de um computador.
Chegando na metade de setembro através da parceria entre Untold Tales, do recente Flame Keeper, e a CouchPlay Interactive, esse jogo tinha tudo para ser perfeito e superar até mesmo o recente SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake, no entanto os problemas técnicos do jogo, de otimização e crash só atrapalharam todo o potencial que ele tem.
Diversão em bytes
Prepare-se para muita fofura ao conhecer Boti, um pequeno robozinho que recebe a missão de salvar Byteland dos terríveis glitches, vírus e bugs que ameaçam o reino escondido da tecnologia. Na companhia de Zero e Um, duas orbes coloridas (ao melhor estilo Navi, de Zelda), você vai enfrentar inimigos terrivelmente fofos e explorar cenários muito criativos e coloridos.
Mesmo com uma história simples, mas que preza pelo bom humor em seus diálogos ou na dinâmica entre os personagens, a Purple Ray Studio conseguiu criar um universo muito vivo para os jogadores habitarem durante as horas de jogatina.
O level design é interessante e propõe diversos caminhos para você explorar, sem ser cansativo, ao mesmo tempo em que cria vida ao perceber que todos os espaços são repletos de elementos e inimigos, sempre com muita cor e movimento.
Os mundinhos que visitamos esbanjam vida e carisma ao unirem a proposta em adaptar elementos de hardware com um futurismo tecnológico mágico. Circuitos, cabos e switches, além de resistores, transistores e outras peças, constróem a paisagem e servem como base para energias, holografias e voltagens, que complementam todo o ecossistema tecnológico de Byteland Overclocked.
Temos muitas sequências de plataforma que exigirão destreza com pulos e controle de câmera, que funciona bem por sinal, além de oferecer torres divertidas de serem escaladas e tobogãs (ao melhor estilo Mario 64), com caminhos para coletarmos pontos e sons.
Tudo muito bem pontuado para ligar as áreas e gerar o interesse pela exploração, inclusive com NPCs que apoiam na direção em que você precisa seguir ao mesmo tempo em que movimenta a história e apresentam muito bom humor como, por exemplo, o Kernel ou os responsáveis pela segurança do sistema, quer dizer, de Byteland.
A jogabilidade é simples, com comandos muito precisos e que ajudam na movimentação pelo cenário, inclusive facilitando o combate. Boti contará com ataques corpo-a-corpo ao usar suas antenas, que também servem para planar, além de usar seu próprio corpo para uma pancada forte após saltar, mas não espere encontrar combates dinâmicos ou difíceis. Tudo acaba sendo fácil demais com um pouco de destreza no controle do personagem.
Com o avançar do jogo aprenderemos novas habilidades como, por exemplo, o magnetismo para puxarmos ou empurrarmos Boti ou objetos, utilizando as cores azuis e vermelhas sinalizadas em elementos capazes de interação. Isso sem contar as várias roupinhas que conseguimos equipar pelo caminho, atualizando e alterando o visual de Boti a cada novo cenário.
No entanto o grande vilão desse jogo não é X, mas sim os crashes constantes e que não permitiram que eu avançasse além de X, o terceiro mundinho que enfrentamos.
Boom clap! O som do jogo quebrando…
Minha referência à Charlie XCX talvez tenha sido em vão, mas a grande questão ao redor de Boti: Byteland Overclocked é a performance do jogo. Infelizmente os desenvolvedores erraram a mão nessa parte, pois foram diversas vezes em que o jogo crashou e fechou ou apresentou algum problema sério.
Cansei de ver o protagonista cair eternamente ou “atravessar” algum elemento do cenário para ficar preso ou não conseguir retornar, exigindo que eu resetasse a aplicação. No entanto o pior problema de todos me fez limitar esse review, pois na fase Placa de Rede, eu fiquei preso antes de enfrentar o chefão Cavalo de Tróia, por conta do botão que precisava acertar usando bolas de pinball, mas nada era capaz de resolver esse glitch.
A qualidade visual, carisma dos personagens com muito bom humor na interação entre eles e, principalmente, o brilhantismo na caracterização e adaptação dos elementos tecnológicos, infelizmente acabam sofrendo por conta da fragilidade com que Boti: Byteland Overclocked roda, a ponto de quebrar a qualquer momento ou movimento.
Eu realmente espero para que os patches continuem chegando e os desenvolvedores consigam resolver diversos problemas, pois o jogo da Purple Ray Studio promete ser muito bom, bonito e interessante, mas que não consegue entregar tudo isso para quem acaba ficando preso ou desiste no caminho por conta das falhas de performance.
Embarque na aventura de Boti: Byteland Overclocked, pois talvez o esforço compense todo o restante e principalmente você chegue numa versão mais otimizada, entregando um plataforma 3D realmente agradável e nostálgico. Quem sabe eu não volte num futuro com um “review mais uma vez”, pois eu torço para que este jogo consiga entregar a aventura que promete.