Depois do bem sucedido Battle for Bikini Bottom – Rehydrated, a franquia da Nickelodeon não via um título inédito para os consoles há quase 10 anos, até a THQ Nordic anunciar e finalmente lançar SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake.
Desenvolvido pela Purple Lamp, este novo jogo consegue resgatar aquele gostinho de infância, não só de quem cresceu assistindo o desenho como também quem teve oportunidade de viver na geração dos plataformas 3D.
Estou pronto!
Criada em 1999, a série animada está em sua 13ª temporada e conta mais de 380 episódios, levantando a pergunta: como criar uma história inédita e boa o suficiente para justificar um jogo que, por mais que seja do gênero plataforma, consiga oferecer uma boa história? Simples! Os desenvolvedores resolveram criar um multiverso próprio, dentro do universo existente no fundo do mar.
A partir dessa temática, muito em alta por conta do Universo Cinematográfico da Marvel, temos a misteriosa cartomante Kassandra e sua poção de Lágrimas de Sereia que, segundo a lenda, é possível realizar todos os desejos daqueles que são puros de coração.
O que ela não esperava (ou será que foi tudo pensado?) era a empolgação de Bob Esponja e Patrick, causando uma enxurrada de pedidos e quebrando a estrutura do espaço-tempo, depois de uma hilária sequência de abertura para apresentar a ameaça e a jornada que teremos pela frente.
Qual o resultado dessa confusão toda? A Fenda do Biquíni acaba sendo invadida por uma estranha e ameaçadora Geleia Cósmica (Cosmic Jelly), com seres gosmentos e perigosos, além de diversos portais para os Mundos dos Desejos, que surgem como planetas tematizados para serem explorados.
A partir dessa premissa temos a fórmula básica para o estilão já conhecido dos plataformas 3D, com diversas horas de busca por colectatons para cumprirmos pequenas missões e “concluir” os pequenos mundinhos que compõem esse universo de The Cosmic Shake.
Eu sou fã e quero service!
SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shake consegue ser único ao proporcionar a experiência mais próxima do que seria jogar a série animada e isso só é possível por um único fator: a icônica dublagem brasileira. Todos os dubladores, incluindo o maravilhoso Wendel Bezerra (a voz brasileira do Goku em Dragon Ball Z), como Bob Esponja, e Marco Antônio Abreu, como Patrick Estrela, além de todo o grande e famoso elenco dos demais personagens.
Todos os moradores da Fenda do Biquíni estão presentes no jogo e fazem parte da história, inclusive participando dos Mundos dos Desejos, com os cenários temáticos que exploramos ao longo das dez horas de jogo. Dos principais, com Seu Sirigueijo, Lula Molusco, Sandy e Plankton, até aos que menos aparecem ao longo da série, todos aparecem e com suas respectivas vozes brasileiras.
Assim como no desenho, temos os “malvados” (com muitas aspas) e bonzinhos, mas sem fazer com que os desenvolvedores errassem criando estereótipos de chefões e utilizando a premissa do jogo para criar os mundinhos com base nos sentimentos para trabalharem os obstáculos e desafios, reservando apenas às Cosmic Jelly como ameaças e os combates diretos.
Num primeiro momento pode parecer um jogo infantil demais, com poucos desafios mesmo ao alterarmos a dificuldade oferecida, mas logo percebemos que a graça é interagir com tudo ao nosso redor, dos personagens aos itens, buscando pelos colecionáveis necessários para cumprir as missões ao longo dos sete planetas que surgem com o Mundo dos Desejos.
Prova desse fan service todo está nas referências ao desenho, com mais de 30 fantasias para você desbloquear e comprar com DLC, a trilha sonora resgatando as músicas que já ouvimos alguma vez e situações em cada mundo que remetem às aventuras de Bob Esponja e Patrick como, por exemplo, o cenário medieval inspirado no episódio “Dunce and Dragons”.
Como se não fosse o suficiente, que já era algo impensável para mim e conseguiu tirar diversos sorrisos e momentos gratificantes ao longo do jogo, a dupla de protagonistas oferecem a mesma interação do desenho durante o gameplay. Na confusão inicial e transformado em balão, Patrick acompanha, interage, ajuda e salva Bob Esponja em diversas ocasiões.
Mesmo com erros da IA para o balãozinho estrela que nos acompanha, algumas horas atrapalhando sua movimentação ou errando o local em que deixa “vidas” de apoio para você pegar, muitas vezes em beiradas próximas de precipícios ou inimigos, os diálogos entre os dois são hilários, bem pontuados pelos acontecimentos e não pecam pela repetição.
Bonito de ver e legal de jogar
Atualmente com poucos representantes deste gênero, The Cosmic Shaker é um descanso para a enxurrada de jogos que inundam os estilos repetitivos e mais fáceis de serem vendidos atualmente. Depois dos recentes Frogun e Psychonauts 2, não vimos uma grande variedade de jogos no mercado, fazendo com que a aposta da THQ Nordic fosse certeira para este título.
No entanto os desenvolvedores resgataram este gênero ao mesmo tempo em que esqueceram de atualizar algumas pequenas coisinhas na jogabilidade. A câmera continua sendo um problema, mesmo que bem menor e muito menos irritante, mas ainda assim é um desafio pular por pequenas plataformas ou ser ágil na movimentação em certas situações.
O jogo realmente possui um desafio baixíssimo, até mesmo por talvez ter um foco maior no público mais jovem ou até mesmo infantil, mas a evolução de Bob Esponja, com diversos golpes e habilidades, faz com que seja quase impossível morrer para os inimigos e reservando as falhas para quedas por pulos errados. A ironia neste ponto fica por termos um personagem que vive no fundo do mar e que “morre” ao cair na água, contando com Balão Patrick para resgatá-lo. Estranho, não é mesmo?
Destaque para as soluções inventivas que apoiam o combate, como o Chute de Caratê, e as habilidades para a exploração como, por exemplo, o Iscalanço e o Estilingue de Cueca. Para cada mundinho temos algumas invenções que fazem parte do tema específico e que será explorado, como a prancha invisível, calvagar cavalos-marinho e assustar peixes inimigos.
Viajando entre cenários temáticos que vão do velho oeste ao amedrontador halloween, passando pelo mundo pirata e medieval, tudo acaba recebendo uma customização completa, do cenário e personagens aos itens. Infelizmente os planetas são muito lineares, por mais que apareçam em sua totalidade desde o começo, temos um trilho muito forte para seguir a direção correta e cumprir as missões, guiadas por geléias, placas e ícones nas tela.
Simplicidade que conquista
Mesmo sem um combate profundo, mesmo oferecendo níveis de dificuldades e diversos inimigos, que exigem um mínimo de estratégia para serem derrotados, ou até mesmo sem os típicos chefões para cada cenário, Bob Esponja: The Cosmic Shake aposta na diversão e resgate nostálgico.
Cumprir tarefas, reunir geléias (“doces e pegajosas”, como você ouvirá Bob Esponja repetir ao longo do jogo), buscar por itens colecionáveis e moedas, ao mesmo tempo em que podemos interagir com personagens icônicos e dar boas risadas pelas situações que, assim como no desenho, apostam no simples para criar uma camada a mais de entretenimento, surgem como os principais atrativos deste jogo.
Assim como diversos jogos marcaram as gerações anteriores, mesmo estando longe de ser um Super Mario Odyssey, SpongeBob SquarePants: The Cosmic Shaker pode oferecer uma experiência extremamente gratificante, talvez mais impactante para quem acompanha o desenho, mas que pode surpreender todos os gamers.