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Flame Keeper, desenvolvido pela Kautki Cave, chega em março com a proposta de ser um roguelite mais acessível e com uma pegada fofinha, misturando elementos que lembram jogos MOBA.

Publicado pela Untold Tales, conhecida anteriormente pelo interessante Aspire: Ina’s Tale, temos uma jornada extensa e cansativa que se perde em meio à proposta atrativa de um jogo que consegue ser divertido.

Sou eu, Bola de Fogo e o calor tá de matar!

No papel de Ignis, um pequeno e solitário pedaço de carvão em brasa, temos a missão de salvar o mundo de Orbis e seus habitantes fofinhos ao restaurar a Chama Eterna. Para isso vamos enfrentando forças das trevas, evitando que esses seres misteriosos roubem a luz dessa imensa fogueira.

Ignis e os habitantes de Vulpis Village na belíssima animação de abertura

Dividido em quatro biomas com três cenários cada um, exploramos três fases em cada localidade na busca por lanternas aprisionadas em tótens de pedra. Ao resgatarmos quatro delas, a fogueira central de cada “andar” pode ser acesa em sua totalidade.

A mecânica mais legal trazida pelos desenvolvedores poloneses é a de utilizarmos nossa própria barra de energia para “colocar fogo” para abrir baús trancados, tótens de pedra magicamente protegidos e, principalmente, acender as lanternas que você encontrou para alimentar a Chama Eterna.

Interessante você dar ao jogador a chance entre ponderar ao usar suas próprias chamas e ficar à beira da morte, correndo o risco de falhar em sua missão, para acender tudo mais rápido ou ser mais cauteloso e ir aos poucos, fazendo cada partida demorar ainda mais, explorando todos os cantos em busca dos baús e tótens.

Bem-vindo a Vulpis Village e o hub principal do jogo

O mais extranhamente bizarro até este momento foi perceber que o jogo oferece acesso apenas aos dois primeiros biomas, exibindo uma mensagem de “Bloqueado nesta versão de jogo”, não sei se por falta de DLC ou ainda estar em desenvolvimento.

Burn baby burn!

Com cenários gerados proceduralmente, temos sempre as duas primeiras fases em formato de “dungeon”, para explorarmos em busca das lanternas, baús e tótens, além de coletarmos o máximo de itens que poderão ser utilizados no upgrade das habilidades de Ignis.

Na terceira fase temos uma grata mudança para o estilo “tower defense”, em que precisamos proteger as chamas já acesas dos inimigos que surgem de portais para roubarem o que conquistamos nas fases anteriores.

Preparado para um divertido e repetitivo tower defense?

Muito legal perceber que os desenvolvedores ofereceram diversos elementos no cenário para causar dano aos inimigos e facilitar sua tarefa como, por exemplo, espalhar veneno no chão, ataque dos aledões e fileira de espinhos.

Para a quarta fase, exclusiva do terceiro cenário de cada bioma, temos a lutra contra o chefão do bioma. No primeiro encontramos uma aranha imensa e no segundo uma espécie de joaninha do inferno. Infelizmente não saberemos, pelo menos por enquanto, como são os chefes do terceiro e quarto mundinho de Orbis.

Depois dessa jornada, que poderá ser repetida quantas vezes você quiser, conseguimos coletar pétalas, nozes (exclusivo do primeiro bioma), chifres (exclusivo do segundo bioma) e um cogumelo/musgo (exclusivo do terceiro bioma). Todos esses elementos serão utilizados para você melhorar as habilidades de Ignis, além do dano que o cenário causa nas fases em formato tower defense.

Eu nem queria fazer todos os upgrades mesmo…

O grande problema é: como masterizar o poder do protagonista e de Vulpis Village, o vilarejo que utilizamos como hub central e também nas fases de defesa contra as investidas inimigas, sendo que não temos acesso ao terceiro item obrigatório para o level máximo? Estranho, né!

Meu coração amanheceu pegando fogo

Ignis e os habitantes de Vulpis Village, que parecem pequenas raposinhas, foram pensados para cativar desde o início, fazendo com que você se preocupe com eles. Com um mundo cheio de cores, mesmo com sombras por todos os lados para ilustrar a ameaça ao mundo de Orbis, Flame Keeper possui um bom trabalho artístico.

Lembra dos elementos de MOBA? Neste momento eles voltam com força, não somente pelo estilo visual, mas pela questão de termos uma arena em cada fase, com caminhos para realizar nossa tarefa, além da defesa de um “ponto sagrado” que fará você ganhar ou perder. Acredito fortemente que tenham se inspirado nesse gênero para conquistar o público pela familiaridade.

Será que precisarei comprar algum DLC?

Pela proposta de ser um roguelite, misturando diversos elementos, faz com que Flame Keeper seja bem acessível e com uma curva de dificuldade muito interessante. Com controles simples e ataques fáceis de serem executados, inclusive com um botão para dash, os inimigos não oferecem muito desafio no início. Com o passar das fases e biomas, temos uma boa evolução na força e comportamento dos seres das trevas, aumentando a ameaça e dificuldade.

Ignis enfrentará aranhas, larvas, escorpiões, ouriços e outros seres que parecem fantasmas em busca de pequenas chamas que caem ao derrotar os inimigos, para recuperar sua vida e ter energia suficiente para expandir suas chamas nos objetos de exploração. Além disso temos cogumelos pelas fases que oferecem algum tipo de bônus: regeneração, aumento de velocidade no ataque ou movimentação, escudo e até mesmo desvantagens, caso seja um “cogumelo estragado”, invertendo os controles.

Todos esses elementos acabam facilitando a experiência do jogador, mesmo sendo um roguelite e com partidas que precisarão ser recomeçadas do zero, caso Ignis morra durante as fases de um cenário. Acrescente também ataques normais e fortes, power-ups e pergaminhos, que oferecem um ataque especial e podem ser coletado nas fases, além de runas que aumentam o status base do protagonista, para facilitar muito a vida do jogador.

É tão certo quanto o calor do fogo

Tudo em Flame Keeper cria uma oportunidade para termos um excelente jogo indie, porém ele peca muito forte pela repetição e exagero na quantidade de fases. Mesmo com o procedural oferecendo arenas em formatos diferentes, realizamos a mesma coisa nove vezes por bioma, ou seja, 36 vezes ao longo do jogo completo. É muita repetição, sem contar o retorno para “farmar” os itens de upgrade.

Os cogumelos pelas fases podem ajudar ou atrapalhar (muito) sua missão

No entanto a Kautki Cave acertou em cheio na criação de Orbis e Ignis, oferecendo um jogo desafiador na medida certa e com diversos elementos que podem agradar um grande público, inclusive os mais fervorosos do gênero rogue (like ou lite). Se comparado ao recente Have a Nice Death, com certeza este aqui entrega uma experiência mais completa e divertida.

Criativo, divertido e carismático, além de manter a fórmula do “morrer para aprender”, Flame Keeper entrega uma jornada incompleta e repetitiva ao mesmo tempo em que é interessante e com potencial para ser igualmente viciante.