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Bō: Path of the Teal Lotus chega em um ano que vem recebendo diversos metroidvania excelentes, preenchendo o vácuo criado pela espera de Silksong. A desenvolvedora tailandesa Squid Shock Studios entrega um título interessante, elegante e repleto de momentos épicos.

A Humble Bundle conseguiu escolher um excelente jogo que consegue demonstrar alta qualidade na execução, se tornando mais um jovo do gênero chega para integrar a lista de melhores do ano e que prioriza a experiência através do visual em meio ao gameplay simples, mas que aposta na diversão e no fluir das acrobacias.

Uma reunião de belas influências

Gostaria de começar pelo visual, pois Bō: Path of the Teal Lotus é um espetáculo sensorial. Com claras inspirações retiradas do Ukiyo-e, também conhecido como a arte do mundo flutuante e famosa pela obra “A Grande Onda de Kanagawa”, os desenvolvedores conseguiram seguir a proposta desse estilo artístico, de retratar elementos culturais e que carregassem a orientalidade desse panteão mitológico que transcende o visual e integra a narrativa.

Bō: Path of the Teal Lotus

A trilha sonora, composta por Manami Kiyota e que ficou conhecida pelo seu trabalho com a série Xenoblade Chronicles, foge do estereótipo sem se prender somente ao shamisen e batidas de taiko, para apostar em uma instrumentação orquestrada com uma pegada mais clássico e ocidental ao fundo. Tudo muito bem pontuado para crescer durante os momentos mais tensos, passar aquele sentimento de tranquilidade durante a exploração e criando a urgência necessária para fazer com que o estilo de gameplay gracioso seja construído com acrobacias certeiras.

Esses elementos artísticos fazem com que Bō: Path of the Teal Lotus tenha uma característica própria, num estilo que pode até parecer familiar, mas que durante o jogo apresenta autenticidade na maneira como trabalha no gênero metroidvania e extrapola suas próprias referências. Claramente inspirado por Hollow Knight e Ori and the Blind Forest, também vamos reconhecer um pouquinho de Okami e até mesmo traços de animações do estudio Ghibli, citadas pelos produtores do jogo.

Bō: Path of the Teal Lotus

E qual a história por trás dessa beleza toda? No papel da protagonista, uma pequena raposa yokai conhecida como Bo, que da nome ao jogo. Ela é uma Tentaihana, formada pelos kanjis 天体花, que são ideogramas para sagrado, corpo e flor, por isso ela também é chamada de Flor Celestial (Celestial Blossom). Ela floresce a partir da lágrima da lua e, após os acontecimentos iniciais na floresta de bambu, vamos seguir a antiga profecia local e partir numa jornada na tentativa de impedir que o mal tome a terra.

A construção narrativa do jogo é simples e a interação com demais personagens é bem rasa, até mesmo com Asahi, outra Tentaihana que serve como “mentora”, Danno, Moro, Shimeji, e Tori, o pássaro de duas cabeças, sem explorar muito a mitologia além do visual. O mesmo acontece para o jogo, que carrega uma exploração bem linear até chegarmos à cidade de Sakura e outro momento em que algumas bifurcações permitem escolhermos certas rotas para completarmos etapas fundamentais.

Bō: Path of the Teal Lotus

Acredito que a simplificação seja para valorizar o visual e as escolhas para combate e movimentação, no entanto muitas vezes os biomas possuem cenários que não se esforçam em esconder certos segredos, sendo facilmente percebidos durante a exploração. Nada que atrapalhe a experiência durante o gameplay, mas diminui o desafio durante a jornada e faz com que o backtracking seja menos interessante.

Acrobacias e mecânicas fluidas

Por mais que esses traços sejam reconhecíveis, o trabalho da Squid Shock Studios consegue trabalhar mecânicas diferentes. A proposta em trazer um visual 2.5HD permite o uso da profundidade, por mais que o jogo seja um plataforma com deslocamento horizontal. A partir disso, o estilo de level design também propõe muitos momentos de precisão para sua movimentação pelo cenário, sem exagerar na punição por se aventurar durante a exploração.

Bō: Path of the Teal Lotus

O combate acompanha a fluidez nos movimentos da pequena raposa yokai, numa sequência que parece uma dança ao combinarmos pulo, dash e golpe. É muito fácil, bonito e responsivo se deslocar, seja pelas plataformas ou ao atacar os inimigos. Outro ponto positivo e muito interessante está no uso do Equinox Staff, seu bastão mágico e principal aliado para se manter no ar ou atacar seus inimigos. Com chás misteriosos o bastão de Bo sofrerá mutações, adquirindo novas habilidades e aumentando seu poder com mais opções para sua movimentação.

Os desenvolvedores conseguiram incluir a ação em Bō: Path of the Teal Lotus, fazendo com que tenhamos muitos momentos de puro hack and slash com batalhas de tirar o fôlego, principalmente no combate contra os chefões. Estes inimigos preenchem a tela e oferecem ameaças que unem todas as mecânicas que conhecemos durante a boa curva de aprendizado, nos preparando para esses momentos.

Bō: Path of the Teal Lotus

Na minha opinião a melhor escolha da Squid Shock Studios foi em trazer os Daruma, num sistema com oito habilidades especiais e num menu rápido muito bem colocado para não diminuir a fluidez, oferecendo também um sistema de rage/frenesi ao terem seus dois olhinhos pintados, assim como a lenda, indicando que a barra foi preenchida com os ataques desferidos pelo ar. Bo também conta com os Omamori, amuletos que oferecem vantagens passivas para a pequena raposa yokai.

Mesmo com o alto nível na qualidade, Bō: Path of the Teal Lotus acaba deslizando em alguns pontos importantes. Sua performance para o Switch acaba incomodando pela constante queda no frame rate, além do mapa não contribuir muito, sem marcações ou iconografia que apoie na exploração. Ainda sobre os biomas, a falta de pontos para viagem rápida ou checkpoint também dificultam ainda mais sua progressão, porém podem ser considerados um desafio extra para quem curte aquele “desespero” ao arriscar para continuar em frente.

Bō: Path of the Teal Lotus

O pacote oferecido em Bō: Path of the Teal Lotus acaba sendo completo e de alta qualidade, num jogo bonito e competente dentro de sua proposta. Seja pelo visual, que parece ter sido feito à mão, uma trilha sonora que preenche todos os momentos do jogo, e pela graciosidade dos movimentos de Bo, esse metroidvania é mais uma prova de que 2024 está sendo muito bem representado por jogos desse gênero.

92 %


Prós:

🔺 Visual impecável
🔺 Trilha sonora muito bem trabalhada
🔺 Fluidez na movimentação e combate
🔺 Ideias muito bem executadas
🔺 Imersão na cultura e folclore do Japão

Contras:

🔻 Mapa muito simples e ineficaz
🔻 Performance com problemas no Switch
🔻 Backtracking não é interessante

Ficha Técnica:

Lançamento: 17/07/24
Desenvolvedora: Squid Shock Studios
Distribuidora: Humble Bundle
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series, Switch
Testado no: Switch

Imagem de fundo do jogo Elsie, mostrando a protagonista e um enorme robô inimigo.

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