A chegada de Aragami 2 foi muito esperada, considerando o imenso sucesso que o seu primeiro jogo fez. A sequência direta fez os ninjas do mundo inteiro tirarem a poeira dos seus shurikens e de suas lâminas, esperando pelo momento para sair das sombras e voltar a cometer os assassinatos por todo o mapa. A desenvolvedora Lince Works decretou que a hora tinha chegado.
Diferente de seu antecessor, porém, não temos mais aquele gráfico cel-shading cartunizado. Isso foi alterado completamente para os modelos 3D, que podem causar estranhamento e um certo impacto nos fãs que aguardavam por um dos elementos que os cativaram no passado. De qualquer forma, vamos ser sinceros com você: isso não atrapalhou em nada o gameplay.
Mais fluído do que nunca, completar as missões e sair matando geral, escondendo os corpos e tomando todas as precauções possíveis para não ser encontrado é completamente excelente. Há muitos anos eu não tenho essa sensação com os jogos do gênero, nem mesmo com aquele stealth que vemos nas franquias da Ubisoft como Assassin’s Creed.
Sangue vai jorrar
Você retorna ao papel do protagonista misterioso, qual vai parar em uma cidadela cheia de espectros. Ao receber a sua máscara em Aragami 2 que a aventura começa. Para garantir o bom andamento do lugar, terá de sair atrás de diversas missões que vão desde roubar recursos das bases inimigas até assassinar certos alvos pelo mapa. O sucesso delas se dá à sua furtividade.
O apelo furtivo não é apenas não ser visto por aqui, com uma série de recursos disponíveis conforme você avança em sua jornada pelos cenários. Ao subir de nível, por exemplo, você pode ganhar habilidades que permitem ver a exata rota que os oponentes tomam, assim como uma série de recursos que garantem a sua invisibilidade. Acredite, você vai precisar de tudo isso à disposição.
Pelo mapa há vários pontos para se esconder, mas não se engane. A equipe de desenvolvimento foi bem sacana também, colocando muitos guardas e inimigos em pontos bem difíceis de transpor. Você pode ver nas sombras as nuances das pessoas ao redor, porém deve se atentar triplamente: tem muitos olhando por janelas ou em cima de prédios. Outros, cuja rota acaba visualizando algo mesmo em certa distância. Claro, por fim, áreas onde há excessos que te obrigam a achar uma forma de ultrapassar dali seguro.
Este foi um dos meus maiores desafios em Aragami 2, pois serei bem sincero com vocês, sou péssimo em furtividade. Sempre achei mais simples sair matando tudo em meu caminho, com golpes espalhafatosos e especiais de encher a tela. Porém, devo elogiar o trabalho da Lince Works de ter feito tudo de forma extremamente fluída, qual tornou a experiência em algo muito prazeroso.
Enquanto os assassinatos rolavam e eu era obrigado a ser veloz, sem deixar rastro algum, também acabava encontrando itens escondidos, quais são colocados em lugares estratégicos para os mais criativos. Se você não achar nenhum, vai por mim, você não está observando direito o cenário para ultrapassar os desafios. Quanto mais simples fizer as coisas, menos recompensado será.
No fim de cada partida, você terá uma pontuação baseada no que você ou seu grupo no multiplayer online realizaram. Alguém foi visto? Perdem pontos. Matou todos os oponentes? Ganhou mais XP. Inclusive, há opção de você não cometer nenhum crime para atingir o seu objetivo. Ao invés de matar, você pode incapacitar seus alvos, o que ajuda neste sentido. Quando vivemos numa época que te recompensa por resolver tudo entre a vida e a morte dentro dos videogames, achei válido.
Atentai, ninjas de Aragami 2
Mesmo que o gameplay seja maravilhoso e sem falhas, devo comentar sobre certos fatores que cortaram parte da minha diversão em Aragami 2. Como afirmei acima, a mudança de estilo atinge bem forte qualquer um que tenha se apaixonado pela primeira versão. Os modelos 3D parecem estar sem vida alguma, como se fossem bonecos genéricos da era PS3. Lembra daqueles NPCs sem personalidade e sem o menor fator que chamasse atenção ou algo do gênero.
Eu não costumo reclamar de gráficos, quem acompanha meus reviews por aqui sabe bem que sou até contra isso. Porém, neste título estes modelos tiram completamente a imersão. A dublagem não ajuda em nada também, com tudo sendo dito de forma tão pausada e sem emoção que faz qualquer um querer pular logo a falação para voltar aos assassinatos.
Falando neles, como eu comentei, o controle do ninja é impecável. Porém, os inimigos deixam a desejar. Não tem um que faça algum movimento diferente ou que atinja o imprevisível nos cenários. Vão me xingar nos comentários falando que faz parte do gênero e tudo mais, porém ninguém aqui concorda que é tudo extremamente mecânico? Nenhum guarda repara que há momentos atrás existiam uns sete colegas e agora ele está sozinho? Até mesmo se mover de forma aleatória, qualquer coisa que desse mais emoção do que matar alvos que só vão para frente e para trás.
O valor do confronto está justamente nos pontos-cegos e atingir qualquer oponente justamente quando há uma ausência de olhares. Apesar disso, Aragami 2 deixa isso tão na cara que chega uma hora que você pede um pouco mais de realismo em certas situações. O único ponto que me fez sentir algo foi quando fui encontrado, é o momento que os guardas te caçarão até o inferno para encontrarem. Mesmo escondido, você não está a salvo e isso eu achei bem legal.
Ainda que também faça parte do gênero, as missões também ficam repetitivas com o tempo. Isso é intensificado pelo que disse sobre os movimentos mecânicos dos oponentes, deixando tudo maçante com o tempo de gameplay. Não passa muito de “Roube o item X” ou “Assassine o alvo”, o que me deixou triste conforme vi mais em minha experiência. Algumas dessas missões nem sentido fazem dentro da trama, fazendo você questionar se está em uma side-quest ou não.
Eu acredito fielmente que a Lince Works criou tudo isso com o maior carinho e dedicação do mundo, porém esta sequência acrescenta pouco ao que já foi apresentado no primeiro jogo. Apesar de ter gostado bastante do que vi no geral, mais me pareceu um test drive da nova geração e em como a fórmula que trabalhavam se porta nos consoles da atual geração.
De forma alguma isso tira o mérito de Aragami 2, caso você já estivesse disposto a jogá-lo. Ele é uma excelente sequência e por suas partidas vale demais, principalmente se você tiver amigos para experimentar o co-op online. De longe foi o único jogo recente que trouxe uma sensação real do trabalho dos ninjas e só isso já fará muita gente aproveitar e curtir o que é oferecido.