Skip to main content

Há quem diga que é apenas TOC, mas todo mundo adora uma boa simetria e um cantinho organizado (não precisa ter vergonha de assumir). A Little to the Left não tem um nome muito convidativo, mas é um jogo que aborda justamente esse assunto, trazendo puzzles irresistivelmente satisfatórios. Aqui, seu único objetivo é organizar as coisas e, em alguns momentos, lidar com um simpático gatinho que aparece para atrapalhar – mas é só um gatinho, então a gente perdoa.

A proposta do jogo é muito simples, mas ele não falha em surpreender. Desenvolvido por uma dupla apaixonada por gatos e jogos de puzzle, o estúdio Max Inferno aos poucos vai nos apresentando uma nova perspectiva sobre o que de fato é organização, nem sempre seguindo uma lógica ou um padrão específico, mas conseguindo nos mostrar que cada um pode ser organizado do seu próprio jeitinho.

Simulador de TOC

A Little to the Left funciona de forma semelhante a um WarioWare, onde somos desafiados com uma série de micropuzzles em sequência – só que sem o fator aleatório ou limite de tempo. O jogo possui uma campanha dividida em capítulos, em que no começo tudo parece simples e óbvio demais, mas de pouquinho vai ficando muito mais interessante.

A Little to the Left
Tá aí uma coisa que me incomoda: QUADROS TORTOS!!!

A princípio nossos objetivos são bem diretos: endireitar um quadro na parede, jogar objetos dentro de uma cesta, organizar livros e coisas do tipo. Conforme avançamos, a lógica desses puzzles começa a ficar cada vez mais maluca e o jogo não possui nenhum tipo de instrução, então cabe exclusivamente ao jogador observar bem o que está diante dos seus olhos para tentar encontrar algum padrão escondido ali (também é possível pular a fase ou pedir uma dica, mas convenhamos que é trapaça).

Existe um puzzle onde devemos organizar uma estante de livros de diversos tamanhos. Quando organizados em uma sequência específica, esses livros formam um desenho e por isso passei um bom tempo tentando formar essa figura, sem sucesso. Somente depois fui descobrir que na verdade isso pouco importava e que só era necessário colocá-los de acordo com o tamanho, do maior para o menor. No final, nem chega a ser frustrante, pois a diversão está no fato do jogo te forçar a pensar fora da caixinha e adivinhar uma lógica que não segue nenhum padrão!

Só quem tem coleção de games sabe como é gratificante arrumar seus jogos

Em alguns puzzles, você verá uma pata de gatinho surgir do nada e desarrumar coisas que você já arrumou, ou simplesmente tirar algo do lugar. Apesar de não aparecer o tempo todo, esse gato é uma espécie de mascote do jogo e possui até uma historinha de bastidores. Como já citado anteriormente, os autores de A Little to the Left são donos de um gatinho e tiveram a ideia de criar o game após observá-lo em sua intensa rotina derrubando objetos e bagunçando a casa sem nenhum motivo aparente. Não tem como negar: os gatos têm uma vida boa.

Só para PC gamers

A Little to the Left é um jogo com mecânicas muito simples, mas ainda assim não conta com nenhum método totalmente satisfatório de jogar no Nintendo Switch. O touchscreen é estranho e pouco responsivo (o que é uma pena, já que seria a melhor forma de aproveitar o jogo na plataforma), enquanto controlar o cursor com o analógico do controle não é lá uma experiência muito agradável. No final, nada substitui a eficácia do mouse, algo que somente os PC gamers poderão desfrutar.

Os gráficos são bem básicos, mas casam perfeitamente com a proposta – inclusive com a trilha musical, que é bem relaxante e cai como uma luva naquele conjunto. Essa combinação torna A Little to the Left um perfeito “confort game”, aquele tipo de jogo que a gente sempre acaba jogando quando não quer começar nada muito complexo ou difícil. É um título para relaxar, se divertir e estimular a mente com desafios que não vão abusar da sua força de vontade.

Os desafios diários são a desculpa perfeita para continuar voltando para o jogo

O fator replay ainda é alto, pois ele não conta somente com o modo campanha. Quem terminar todos os puzzles da “história” pode voltar diariamente para jogar os puzzles diários, que traz um compilado de cinco desafios que mudam a cada 24 horas. É fato que uma hora vai ficar repetitivo, mas essa é uma ótima desculpa para continuar revisitando o jogo até ele finalmente começar a enjoar.

Não precisa ter TOC nem ser dono de gato para conseguir aproveitar A Little to the Left. É um jogo para todos, independente da idade, dos gostos ou da sua habilidade com games. Infelizmente, ele está saindo por um preço bem salgado em todas as plataformas que está disponível (especialmente no Switch), mas certamente vale a pena ficar de olho em futuras promoções para adquiri-lo por um valor justo. Você vai aprender a enxergar o mundo com outros olhos!