A oferta de jogos metroidvania é enorme, especialmente no PC. Mas poucos são originais como Ultros, game do novo estúdio Hadoque e distribuído pela Kepler Interactive, de Scorn, Sifu entre vários outros. O jogo entrega uma experiência diferente no gênero, mesmo com sua história e ambientação um tanto confusos.
A história de Ultros não é uma tão fácil de acompanhar e parece muito com a forma souslike de se contar uma história. Em poucas palavras, você está preso em um Sarcófago, “um gigante útero cósmico à deriva no espaço”, lar da criatura que dá nome ao jogo.
Para entender a essência da história do game, você precisa passar por ciclos onde reiniciam sua aventura depois que você chega em um determinado ponto do jogo, que explicarei mais a frente. Cada loop é uma nova oportunidade para conhecer novos NPCs e ter novos diálogos de NPCs já conhecidos.
Não só os personagens espalhados pelo Sarcófago e as descrições dos itens contam uma história, mas também os cenários, que são bem vivos e cada região representa uma parte dessa história. Parece simples, mas não é. Na verdade é até complexo e tudo isso funciona de forma abstrata para mim.
Ultros é essencialmente um metroidvania
Porém Ultros é um ótimo metroidvania quando falamos na essência do gênero, junto com uma pitadinha de roguelite. Como um bom jogo do estilo, o curioso mundo do game não está disponível em sua totalidade já de cara, já que é necessário bastante exploração para que isso aconteça, destravando habilidades de travessia.
É necessário encontrar diferentes habilidades com os Extratores, uma espécie de máscara conectada à protagonista, que garantirão que a exploração avance. Mas só é possível encontrar uma dessas habilidades por ciclo. Ou seja, a cada ciclo, você estará limitado aos Extratores que têm.
Mas isso é feito de forma inteligente. Existem diversas regiões diferentes em Ultros e, à medida em que você completa uma e consegue novas habilidades, é possível chegar nesses novos lugares, ou até mesmo explorar de forma mais efetiva lugares já visitados.
E por falar nesse assunto, o mundo do game é algo único. Já joguei inúmeros metroidvania e nunca tinha visto algo tão… tão… estranho, mas de uma forma boa. Ele é único, tem um estilo visual único e, às vezes, parece uma “viagem na maionese”, mas funciona para esse jogo, é a identidade dele.
Os cenários podem causar uma certa estranheza com tantas, mas tantas cores usadas, e todas em tons bem forte. O jogo é tão colorido que, no começo, eu esbarrava em inimigos sem perceber sua presença, já que eles também eram colorido e se camuflavam no cenário.
Ideias únicas
A protagonista conta com uma árvore de habilidades que pode ser expandida de uma forma bem criativa. Existem vários itens de cura diferentes, que são derrubados pelos inimigos ou colhidos depois de plantar diferentes sementes pelo jogo. Cada item oferece um tipo de nutriente (4 ao todo), que são requisitos para desbloquear uma habilidade.
Ou seja, conforme você apanha, você estará se nutrindo e preenchendo os requisitos para desbloquear determinada habilidade. Ou se você não apanhar muito, pode comer esses itens, que são as entranhas dos monstros e frutas exóticas, para aumentar as barras de nutrientes e melhorar sua árvore de habilidades. Legal, né?
Os combates, no início, são simples. Mas ao destravar novos golpes, os combates ficam mais dinâmicos e variados. Inclusive, quanto mais ataque variado você executa contra um inimigo, mais chances existem de ele dropar um item de cura mais único.
Elemento roguelite
O mundo de Ultros funciona em ciclos. Cada ciclo novo começa quando você chega em determinada parte do mapa, algo ali acontece e tudo se reinicia. Mas nenhum ciclo é único e pouca coisa se repete, a não ser pela obrigatoriedade de sempre ir buscar sua espada e seus Extratores. Todo o resto permanece acumulado.
Então não é nada maçante como em um roguelike, é mais simbólico do que outra coisa. Eu torci o nariz no início, já que não sou muito fã de roquelike (com exceção de Hades), mas depois entendi a proposta e passei a achar legal.
Ultros tem uma trilha sonora excelente, especialmente nos chefes, um estilo artístico único, um mundo mega curioso de exploração inteligente. Enfim, são várias ideias legais juntas. Ele pode ter duração de cerca de 10 horas, o que é ótimo para um título de R$ 73,99 na Steam.
Prós:
🔺 Um metroidvania único
🔺 Ideias criativas para progressão de personagem
🔺 Trilha sonora que adiciona atmosfera e empolga
🔺 Exploração do mundo bizarro de forma inteligente
Contras:
🔻 História abstrata de difícil compreensão
Ficha Técnica:
Lançamento: 13/02/2024
Desenvolvedora: Hadoque
Distribuidora: Kepler Interactive
Plataformas: PC/PS5/PS4
Testado no: PC