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Um soulslike não precisa necessariamente seguir o que os jogos da FromSoftware estabeleceram. Diversos títulos conseguem trazer originalidade dentro do subgênero apresentado por Demon’s Souls e Dark Souls. Thymesia, desenvolvido pela chinesa OverBorder Studio e distribuído pela Team17, traz seu toque personalizado em mecânicas de combate e ambientações dentro de um RPG de ação.

Devo primeiro dizer que esse é um jogo que eu aguardava muito desde seu anúncio. Eu ainda cheguei a jogar uma demo meses atrás, o que me deixou ainda mais curioso para saber como seria o jogo final. Eu sou um fissurado por soulslike e já zerei todos os grandes jogos do gênero. Você vai saber agora se Thymesia está entre os melhores ou não.

Uma história que não tem muito peso

Quando pensamos em jogos soulslike, uma das primeiras coisas que vem à mente são suas histórias (às vezes) complicadas de serem entendidas. Thymesia conta a história de um reino que foi devastado por uma praga criada pelo uso sem controle da alquimia. O reino de Hermes acabou tendo seus cidadãos infectados, se tornando criaturas violentas, e você (Corvus) é a última esperança para por um fim nisso.

Os chefes dão bastante trabalho em Thymesia

A premissa é bem básica, na verdade. Porém a história é contada de forma confusa e monótona. Encontramos diversas escrituras espalhadas pelas fases do jogo e elas vão descrevendo os acontecimentos do reino de Hermes. Quase não existem NPCs para conversarem com Corvus. Os poucos presentes no jogo nem vozes possuem, o que deixa tudo muito vazio em relação a história, como se não fossem importantes.

A história é o elemento menos trabalhado em Thymesia. Vamos dar uma olhada, então, em um dos quesitos mais importantes de um bom soulslike: as mecânicas de combate. As lutas são cadenciadas, portanto não pense que esmagar o botão resolverá tudo. É possível atacar, esquivar e dar parry, além de muitas habilidades.

Thymesia permite um gameplay personalizado

Nesse quesito, duas coisas merecem ser destacadas. A primeira delas é a árvore de habilidades, chamada de Talentos, que conta com muitas ramificações. Essa árvore é separada por Sabre (espada), parry, esquiva, garra, pena e estratégias. Cada um desses talentos conta com vários upgrades, que podem ser feitos com pontos obtidos ao subir de nível.

As finalizações são um tempero extra no jogo

A evolução de Corvus funciona exatamente como em qualquer RPG de ação (soulslike). Ao enfrentar diversos inimigos, você vai acumulando o que o jogo chama de “Memory Shards” (pedaços de memória). Quanto mais você sobe seu nível aumentando força, vitalidade e praga, maior a quantidade de memória exigida para o próximo nível.

Após desbloquear vários Talentos, o game permite ao jogador construir um estilo de combate único. Dá para focar em ser mais rápido, causar mais dano, aumentar a janela de tempo para executar um parry, misturar várias coisas e muito mais. Você pode redistribuir seus pontos de talento a qualquer momento sem depender de item para isso.

Outro destaque são as armas de pragas. Entenda como se fossem os especiais. O jogo tem 21 armas diferentes: arco e flecha, lança, espadão, machado, soco poderoso no chão, a lista vai longe. Cada arma de praga pode ser desbloqueada achando “Skills Shards” espalhados pelas fases. É possível ainda melhorar cada arma até cinco vezes.

Esse é o hub do jogo. A “bonfire” é uma cadeira em Thymesia

Corvus é um ser elegante

Aliado a esses especiais com as armas de pragas, quero falar da movimentação e animações. Eu gostei muito do que Thymesia entrega nesse sentido. A movimentação é bem fluída e cada uma dessas 21 armas tem uma animação única. Corvus é bem ágil e agradável de ser controlado, com exceção de movimentos laterais que dão a sensação de que ele está sempre deslizando, mas nada que atrapalhe sua jogatina.

A variedade de inimigos é okay, nada demais, já que o jogo só conta com quatro fases. Eles vão desde cavaleiros comuns, mini chefes (desafiadores) e os chefes que são um espetáculo a parte. Ponto positivo nesse quesito. As animações das finalizações de chefes e inimigos mais fortes são muito legais de assistir. Pena que a inteligência artificial dos inimigos comuns não é das melhores, pois eles demoram para reagir e às vezes simplesmente se desligam.

Todos os inimigos tem duas barras de vida. A normal, que você diminui atacando, e a segunda, a ferida do inimigo, que só pode ser zerada com o ataque de garra de Corvus. Caso você não ataque com a garra, essa barra enche recuperando a vida do inimigo. Todos os ataques normais podem ser refletidos e os ataques críticos, sinalizados por um som e uma barra verde, podem ser evitados com as penas do protagonista. Já o ataque fatal, que é indicado por uma barra vermelha, é indefensável. Corra!

O jogo acaba no ápice

O game apresenta cenários de encher os olhos. Não estamos falando de um jogo AAA, mas dentro do que um estúdio indie pode entregar, Thymesia é bastante bonito. Desde o hub do jogo, passando pelo estágio com foco em verticalidade, Sea of Trees, até a fortaleza de Hermes, trazendo uma sensação bem Dark Souls.

Infelizmente, o jogo é bastante curto. Se você focar em fazer somente o principal e jogar com habilidade, o game termina em torno de 7 horas. É possível retornar às mesmas fases em cada memória de Corvus, para ir atrás de outros objetivos mesmo após concluir a campanha. Mas são sempre as mesmas fases e os mesmo inimigos, então fica enjoativo.

Thymesia chega no dia 18 de agosto para PC, Xbox Series X|S e PlayStation 5. No PC, versão que joguei, o game está bem otimizado e conta com o recurso de upscaling de imagem AMD FSR, que dá um fôlego extra para placas de vídeo mais defasadas. Dados os pontos negativos que mencionei, recomendo fortemente este jogo indie para os entusiastas de souslike e os desafios que esse tipo de jogo oferece.