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Review – Super Mario Bros. Wonder
A oitava maravilha do mundo é o novo plataforma 2D da Nintendo

Assim como Super Mario World conseguiu revolucionar os jogos de plataforma no início da década de 90, Super Mario Bros. Wonder chega no fim da vida útil do Nintendo Switch mostrando que a Big N ainda é capaz de surpreender ao se superar, inovando dentro da própria fórmula.
Mario, Luigi, Peach, Daisy, Toad, Yoshi e até o Ledrão vão embarcar numa jornada pelo Reino das Flores, ajudando o Príncipe Florian e os Poplin a resgatarem as Sementes Magna para deterem Bowser, que roubou o poder das sementes fenomenais e se fundiu ao castelo desse novo reino.

Com até quatro jogadores (local ou online), você viajará pelo Arquipélago Florido e as sete regiões do Reino das Flores em fases que esbanjam criatividade, carisma e diversão, com diversas quebras nos padrões que conhecemos num jogo “plataforma 2D do Mario”.
Toda graça de Super Mario Bros. Wonder está em você descobrir as novidades e experimentar o que a Nintendo preparou para surpreendê-lo. Empurrar um cano ou parede, ir para o plano mais ao fundo no cenário e atravessar o chão ou teto serão algumas das possibilidades que mudarão a forma como você visitará muitas fases, mais de uma vez.

Você contará com power-ups que transformarão os personagens, como a Fruta Elefante, além do poder fenomenal das sementes, que alteram a maneira como você progride na fase e consegue mudar a maneira como você joga. Sem spoiler para não estragar qualquer surpresa, a criatividade dos desenvolvedores vai surpreender você a ponto de se pegar com um sorriso no rosto a cada fase.
Dentre as novidades, você terá as novas roupas de broca, para perfurar o cenário, e de bolha, para prender e transformar os inimigos em moedinhas. Também conhecemos os novos inimigos, todos os nomes muito bem localizados para o PT-BR como Puluscos, Tucanatacas, Gulartixas, Atirifoge, Atouropelos, entre outros.

Com dificuldade de uma a cinco estrelas para as fases, Super Mario Bros. Wonder também conta com um sistema de insígnias que acrescentam habilidades para balancear a complexidade das fases. Pulo longo, invisibilidade, velocidade, pulo mais alto e até um lança-cipó, num estilo de hookshot, estarão disponíveis para serem conquistados ao longo do jogo.
Assim como os demais jogos da franquia, não espere por uma dificuldade muito alta ao longo do jogo, muito menos nos chefões, porém o Mundo Especial, que você encontrará ao explorar todas as regiões, existe para testar suas habilidades e fazer você zerar suas vidas num piscar de olhos.

Mantendo o mesmo gameplay que conhecemos há décadas, inovando em como os acontecimentos na fase aparecem de maneira psicodélica, a Nintendo se preocupou ao máximo na direção de arte, elevando o carisma presente em seu jogo e no cuidado com a trilha sonora.
O novo jogo da franquia Super Mario Bros. consegue ser maravilhoso por trazer cor e vida ao jogo. Com muita expressividade em todos os movimentos dos personagens e inimigos, e acompanhando o excelente trabalho com as músicas nas fases e sons desse mundo, inclusive por incluí-las como mecânica no poder das sementes fenomenais, os desenvolvedores conseguiram proporcionar um nível altíssimo de imersão por trazer muita vida ao gameplay.

Super Mario Bros. Wonder é o jogo plataforma que esperávamos há muitos anos, sendo o primeiro em PT-BR e com excelente trabalho de localização, entregando muitas surpresas e esbanjando carisma do início ao fim. Mesmo sendo um dos mais curtos, com apenas oito horas, e pouco difícil (exceto pelo mundo extra), você terá uma jornada maravilhosa por fases que brincam em subverter sua própria fórmula para entregar uma experiência viciante e inesquecível.
Prós
- Muita criatividade em todas as fases
- Novos power-ups e habilidades
- Visual carismático e muito colorido
- Trilha sonora muito bem trabalhada
- Muito conteúdo para desbloquear
Contras
- Este é o Super Mario Bros. mais curto já feito
- Multiplayer online não permite jogar com jogadores que não estejam registrados em sua lista de amigos
Nintendo
Review – Born of Bread
Encarne um protagonista feito de pão e salve o mundo das garras do caos

Já houve uma época em que a internet surtou com um jogo em que controlávamos um pão de forma, então acredito que Born of Bread tem potencial de sobra para se tornar um dos títulos favoritos do ano para os amantes de pães. O indie da WildArts Studio tem fortes inspirações em Paper Mario, tanto no visual quanto no gameplay, mas consegue ser autêntico o suficiente para ganhar nossa simpatia de imediato.
Misturando elementos de aventura com RPG, Born of Bread nos coloca em uma jornada repleta de fantasia, personagens carismáticos e um humor bem leve, daqueles que nos tiram umas risadinhas naturalmente. Não é aquele tipo de jogo que chama a atenção logo de cara, mas quanto mais nos aprofundamos naquele mundinho, mais apaixonante ele se torna.
O pãozinho da profecia
O jogo começa quando um grupo de arqueólogos acaba libertando um mal há muito emprisionado, trazendo de volta à vida diversas criaturas sedentas por caos. Ao mesmo tempo, o padeiro real de um certo reino acidentalmente cria um golem de pão após fazer uma receita mágica, trazendo nosso protagonista Loaf para a história. Após serem derrotados por essas figuras misteriosas, a dupla se vê forçada a partir em uma jornada para salvar seu lar e cumprir uma profecia de milhares de anos.

Apesar das grandes semelhanças com Paper Mario, ainda acho que Born of Bread se assemelha muito mais a Super Mario RPG. A história é repleta de diálogos bobos, mas muito bem-humorados, além de contar com personagens cheios de personalidade. É muito divertido acompanhar as interações entre eles – o que pode até surpreender em determinados momentos, já que o jogo também aborda alguns temas mais adultos nas suas entrelinhas.
O visual é inegavelmente semelhante aos jogos do Mario de papel, trazendo um 2.5D que mistura cenários tridimensionais com personagens 2D. Todos os mapas contam com uma profundidade que nos permite explorar diferentes planos, enquanto seus elementos são 3D. Apenas os seres-vivos desse mundo são “feitos de papel”, o que traz um certo charme para o estilo artístico do jogo.

Jogar Born of Bread é como assistir a uma animação interativa, pois ele tem todos os requisitos necessários para nos cativar rapidamente: cores vivas, elementos desenhados a mão, personagens estereotipados e muita descontração. A trilha musical também não fica atrás, coroando esse conjunto com faixas envolventes e dignas de uma clássica história de jornada do herói.
Tudo no seu tempo
Apesar da franquia Paper Mario também contar com um combate estratégico em turnos, as mecânicas vistas em Born of Bread acabam ficando mais próximas de Super Mario RPG, novamente. As batalhas seguem o padrão clássico dos RPGs de turno, mas com algumas diferenças relevantes que tornam o jogo mais original.
Aqui, todo tipo de ataque ou arma possui um timing diferente. Ao acertarmos esse tempo, o golpe sai mais forte e somos recompensados recuperando alguns pontos de ação. Da mesma forma, é possível acertar um timing para se proteger de um ataque inimigo e coisas do gênero. A diferença é que toda variação de ação ofensiva traz um pequeno minigame diferente, que em sua maioria envolve apertar o botão no momento exato ou macetá-lo até encher uma barrinha de poder.

Essas mudanças na dinâmica dos golpes deixa o combate bem mais envolvente e menos automático. Arrisco até a dizer que essa mecânica é até melhor do que a vista em Super Mario RPG, pois lá o timing consiste mais na base da adivinhação e “tentativa e erro”. Aqui, temos total noção do que é necessário fazer para acertar o tempo, bastando apenas se acostumar aos diferentes minigames e Quick Time Events.
Outra particularidade bem interessante desse combate é a possibilidade de fazer streams das batalhas. Aqui, o jogo simula uma live em que espectadores fictícios começarão a comentar seu desempenho e pedir alguns movimentos específicos. Ao satisfazê-los, podemos ganhar alguns bônus no final do confronto, então acaba sendo uma ideia criativa para tornar as batalhas menos repetitivas e mais instigantes.

As habilidades que desbloqueamos em combate também nos serão úteis durante a exploração, pois existem diversos caminhos e áreas que estarão bloqueados de início. Bebendo um pouco da fonte dos metroidvanias, Born of Bread tem sua parcela de backtracking e incentiva os jogadores a revisitar mapas antigos para encontrar itens que ficaram para trás. Nem sempre é recompensador se preocupar com isso, mas é uma boa desculpa para quem quer fazer sua experiência render ainda mais.
Minha única crítica realmente relevante é que o jogo inevitavelmente pode se tornar enjoativo com o tempo, algo que acontece até com Paper Mario, devido à rotina de diálogos, exploração e combate. A campanha não foge muito disso, mas também não falha em nos divertir do início ao fim – ainda que em menor escala mais perto do final. Born of Bread definitivamente é uma das maiores surpresas do ano e mais um título de destaque em meio a um mar de excelentes indies que foram lançados nos últimos meses.
Nintendo
Review – The King of Fighters XIII: Global Match
A SNK trouxe The King of Fighters XIII: Global Match como uma boa mistura entre arcade e modernidade

Enquanto Mortal Kombat e Street Fighter continuam buscando o futuro, The King of Fighters XIII pega suas experiências passadas com carinho para trazer novas sensações ao público que sente falta de um bom e velho jogo de luta arcade 2D.
Na versão “Global Match”, a SNK trouxe como novidades o rollback netcode, expandiu os recursos vistos no lobby e ainda introduziu o modo espectador. E mesmo que você não curta o ambiente online e nem queira investir na carreira de pro player para disputar a EVO, ainda vale os bons tempos de fliperama que ele inspira de volta.

A evolução em The King of Fighters XIII
Para começar, sendo bem honesto com vocês, há muitos anos que meus dedos não ficavam com calo em um jogo de luta. E foi exatamente isso o que ocorreu enquanto testava o novo The King of Fighters XIII: Global Match. A experiência me fez retornar para antes dos anos 2000, quando esse estilo reinava nos consoles e arcades.
É impossível não querer disputar uma partida com cada pessoa que vai te visitar, assim como não vejo a menor chance de escolher um modo que não seja o 3v3 clássico. Há diversas outras opções, como o Time Attack, Survival e até uma galeria para você poder ver todas as artes e filmes disponíveis. Porém, a alegria só vem quando o oponente é derrubado no chão com muito suor.

O elenco é fantástico, assim como a adaptação do seu gameplay para os consoles mais modernos. Apesar de chegar para o PlayStation 4 e Nintendo Switch, eu testei no PS5 e não tenho nada do que reclamar. Os comandos respondem adequadamente, são muito velozes e recria com exatidão a época onde este tipo de experiência era o que mais importava para uma desenvolvedora.
Não estou reclamando dos capítulos mais recentes da SNK, caros leitores. Só queria deixar claro que The King of Fighters XIII: Global Match é a escolha ideal para quem está buscando um bom jogo arcade e sem um apelo gráfico ultra-realista – priorizando o que temos de melhor nos movimentos dos personagens e no rico elenco.

A luta como você esperava
Eu me aventurei bastante por todos os modos e parece que fui transportado diretamente para a época onde jogava Street Fighter Alpha 3, no meu primeiro PlayStation. A grande diferença é que, além dos recursos inéditos que a nova geração pode proporcionar, também temos um número de lutadores bem maior.
Além dos grupos que podem ser selecionados em The King of Fighters XIII: Global Match, também dá para desbloquear alguns lutadores secretos conforme avança nos outros modos. Sim, você não precisará pagar nem R$1 a mais ou esperar por Passes de Temporada. Está tudo lá, dependendo apenas da sua habilidade.
Ele pode não ser o favorito de todos, como é o caso de KOF ’98, mas consegue reunir todos os aspectos positivos da franquia para trazer um gameplay consistente, gráficos aprimorados, cenários belissimos e até mesmo certos ganchos da história que farão o público desejar finalizar o quanto antes. Caso ele esteja em seu radar, não precisa pensar duas vezes e pode investir sem medo de ser feliz.

Imagine como se Guitar Hero se encontrasse com Overcooked e desse origem ao jogo de ritmo mais caótico que já existiu. Super Crazy Rhythm Castle é exatamente este título e chegou aos consoles no finzinho de 2023 para divertir as festas de fim de ano.
Desenvolvido pela Second Impact Games, o lançamento publicado pela Konami aposta na mistura de gêneros e jogabilidade simples, com muita música e cores, para uma aventura que chega após 10 anos de trabalho.

Sem muito sentido para a história, que acaba divertindo pela loucura, nós embarcamos numa aventura por um castelo musical em que o enlouquecido Rei Ferdinand nos espera, pronto para defender sua coroa e acabar com seu dia. Para deter os planos desse maléfico tirano, manter o ritmo dos nossos personagens e salvar diversos NPCs das garras da crueldade, os jogadores precisarão superar os desafios perversos em desafios ritmicos para vencer o Rei no próprio jogo dele.
Realize combos sem perder o Rhythm
Seja jogando sozinho ou com ajuda dos amigos, você utilizará um elenco de personagens malucos em salas com atividades ainda mais insanas para tentar alcançar até três estrelas em cada partida, para avançar até a derradeira batalha contra o malvado Rei. Por mais maluquice que seja, o trabalho da desenvolvedora britânica esbanja carisma e estilo, com muita cor e cuidado ao trabalhar o som e o visual.

Com mais de 30 faixas para você conhecer e desbloquear, cada música oferece a opção de ser jogada com três ou quatro teclas, de acordo com a dificuldade que você desejar, além de estar dentro de um mundinho próprio. Como assim? Imagine a ambientação criada em Psyconauts, mas para apenas uma sala, com atividades tematizadas e a música para ser jogada.
Isso mesmo! Você pode jogar a música, ao melhor estilo Guitar Hero, ou se preocupar em realizar as atividades e ações que a sala impõe, quase como tentativa de atrapalhar o seu desempenho rítmico. Quando isso acontece na companhia de até outros 03 jogadores, Super Crazy Rhythm Castle é um jogo fácil e divertido, porém contar com um NPC no modo single player tornou-se algo realmente desafiador para conquistar a avaliação máxima de três estrelas.
Caos multitarefa
A diversão neste novo jogo da Konami está além da música e ritmo, pois não sabemos o que vamos encontrar em cada andar do castelo, muito menos no desafio temático proposto. Enfrentar uma berinjela gigante que ataca como DJ, jogar como cachorro para coletar ouro, tentar prever qual tecla apertar num pequeno espaço de tempo, limpar a tela para facilitar o jogo, entre outras atividades que precisarão ser intercaladas, sempre mantendo o ritmo e dando sequência ao combo.

O jogo é relativamente curto, já que você pode ficar rejogando apenas as músicas no Music Lab, porém vai oferecer boas risadas com os absurdos e uma trilha sonora agradável, que consegue mesclar muito bem diversos tipos e gêneros musicais.
Esse detalhe ganha ainda mais destaque pelo trabalho da Konami em misturar os temas de Castlevania e Gradius ao catálogo de músicas disponíveis. No fim, Super Crazy Rhythm Castle ocupa um lugar especial por divertir aquela jogatina despretenciosa, principalmente quando você estiver na companhia dos amigos.