Estamos em meio a algumas boas homenagens à era de ouro dos jogos de plataforma 3D. Com o recente lançamento de Yooka-Laylee e por não estarmos distantes do remaster de Ratchet and Clank, a Right Night Games e a Grip Digital se unem no desenvolvimento de mais um jogo indie que busca trazer aquele sentimento nostálgico do final da década de 90.
Skylar and Plux buscam o que existe de melhor em cada um dos seus antecessores, apostando em novidades que pudessem se destacar e talvez fazer o que muitos nem chegaram perto. Resultado? Um jogo divertido, mas apenas isso. Sem novidades e muito mais curto do que estamos acostumados, um revival desse clássico gênero merece um pouco mais de cuidado. Com potencial desperdiçado, você está prestes a ler uma análise que demorou mais para ser escrita do que o tempo de duração desse jogo.
124 minutos
Esse é o tempo que você levará para chegar ao fim de Skylar and Plux. Não estou entrando no mérito sobre o jogo ser bom comparado ao tempo que ele oferece de jogatina. Afinal, esse é mais um indie que recomendo para quem deseja retornar ao velho tempo dos jogos de plataforma 3D. O grande problema dele é perceber que existiria possibilidades de seguirmos jogando a história da Skylar Lynxe, uma gata muda e guerreira, ao lado de Plux Owlsley, um pombo tagarela.
Você começa em uma estação espacial desconhecida e, por meio de ilustrações animadas e sonorizadas, acaba ganhando controle de Skylar após instalarem um complemento biônico ao seu braço, ao melhor estilo Mega Man. Sem memórias de onde você está e quem você é, sua única opção é fugir do vilanesco robô CRT, obrigando-o a chegar à Clover Island. Após a queda da nave nessa estranha ilha, Plux se junta a você numa jornada para salvar o planeta.
Por meio de diálogos entre o transmissor em seu braço, CRT, Plux e os Lo’a, seres mágicos que habitam as localidades do jogo e que você precisa encontrar para libertar, você começará a entender detalhes da história, quem é o vilão, a verdadeira missão de Skylar e conhecer mais sobre o misterioso Bob e o pombo Plux. Diálogos esses que vão dos mais bizarros aos mais emotivos, quando no final do jogo presenciamos uma lição de moral dada pelos protagonistas. No entanto, o grande problema é quando as falas dos personagens vão da inocência de Klonoa ao sarcasmo e palavrões de Conker’s Bad Fury Day. Pela leveza generalizada que encontramos no jogo, com o visual colorido e repleto de elementos que prezam pelo carisma, as piadas mais pesadas acabam destoando e não combinando com o restante. Sem contar que o humor realmente só funcionou quando conseguiram fazer uma piada com Miley Cyrus e a música Wrecking Ball, mas não pense que você vai chorar de rir enquanto joga.
Três mundos. Três habilidades.
Mesmo contando apenas com três localidades para serem exploradas, já que Clover Island e a Estação Espacial não contam como espaço para o desenrolar da história ou desafios a serem vencidos, você vai conhecer, talvez pela primeira vez, os três mundos mais genéricos e mais bem feitos dos últimos jogos de plataforma que você conhece! Floresta tropical, deserto e uma área industrial high tech; mapas comuns e já conhecidos por todos nós. Porém o grande diferencial está no caminho contínuo (sem volta, o que pode também ser negativo) e que evolui ao longo da exploração.
O visual que compõe a Clover Mountain vai do básico de floresta, através de cavernas e cachoeiras ao topo enevoado que compõem o visual da área; o mesmo acontece com o deserto, que vai de simples dunas e areias do início de Forlorn Desert até o brilhante uso da manipulação de tempo e o visual Maia ao final do segundo desafio. Por fim, CRT’s Citadel é o cenário que apresenta a maior variedade de visual e desafios; mais colorido, mais complexo e que exige mais atenção, sem contar que é o único com algo que podemos chamar de puzzles, mesmo que simples e fáceis demais.
Além do visual, como ponto forte desse indie, a cada uma das localidades da ilha também temos uma habilidade nova: Jetpack, Orbe do Tempo e Manopla Magnética. Tirando o Jetpack, que não tem muita função se comparado aos outros dois, ambos são gratas adições à forma como a jogabilidade evolui e obriga o jogador a se adaptar para sobreviver em cada um dos diferentes pontos de Clover Island. De longe o dispositivo mais interessante, a Orbe do Tempo consegue alterar não só o gameplay como também o visual de todo o cenário; com uma espécie de bullet time com visual estilo rewind de Prince of Persia Warrior Within, Skylar consegue manipular a velocidade dos objetos, inimigos e até mesmo alterar o espaço-tempo dos ambientes.
Quando somados, as três habilidades causam um grande estrago no jogo e transformam qualquer desafio em algo inútil, mesmo que em sua mínima dificuldade por não termos nada realmente desafiador ou modo hard. Basta você desacelerar o tempo para não tomar mais danos de inimigos ou usar a Manopla Magnética para puxá-los e arremessa-los ou segurar qualquer objeto metálico pesado e passar por cima dos minions criados pelo CRT.
Nada é perfeito em Clover Island
Skylar and Plux mesmo sendo um jogo agradável e rápido, acaba pecando em vários pontos. Sua física é estranha, não por conta do mundo ao seu redor, mas sim pela velocidade de movimento de Skylar ser anormal se comparada ao restante dos elementos; basta usar a habilidade de rolar com o Jetpack e você com certeza perceberá algo diferente nos movimentos do personagem. Esse mesmo problema acaba causando também problemas com a câmera, mesmo que já característico desse gênero de jogos, por ser um jogo mais simples e mais parecido com a jogabilidade de Crash Bandicoot, com certeza você vai ser traído pela câmera e morrerá! 2017 e plataforma 3D ainda sofre com problemas de posicionamento da câmera. Que feio…
Por mais que tenhamos três diferentes áreas e habilidades, os inimigos não acompanham essa diversidade. Você encontrará pequenos monitores que andam e atacam com investidas, canhões que cospem mísseis e metralhadoras; não importa onde, seja na floresta, neve, areia ou lava, esses inimigos terão o mesmo ataque e visual. Sem contar que a AI desse jogo não tem nada de “inteligente”! Isso acaba sendo ainda mais grave quando você não tem um chefe por estágio, pois sua missão de encontrar os três fusíveis, que o Lo’a Ancião pede para você recuperar antes que Clover Island seja destruída, se resume apenas ir até o final de cada “fase” do jogo. Temos apenas o último chefe e que com apenas quatro sequência de ataques, a cada esquiva da sequência de ataques lançados por ele, vai te levar aos créditos finais.
Ainda em personagens do jogo, não são apenas os inimigos que podem ser inúteis no decorrer do jogo. Para a minha surpresa, Plux, o coadjuvante da aventura, acaba sendo o mais inútil e sem sentido. Se não fosse pela arma na mão de Skylar para conversar com o pombo, não existiria função para ele a não ser “a voz da consciência” de um gato mudo! Ou seja, a desenvolvedora realmente não pensou em como otimizar a existência de alguém que acompanha você e tem a habilidade de voar, pecando pela simplicidade em algo que reserva muito potencial para extrair muito mais horas de jogo e maneiras de jogar.
Na minha opinião, além dos outros pontos negativos, o grande problema desse jogo é a facilidade. Chega a ser mais fácil que jogos no estilo Kung Fu Panda, para XBox 360, ou os jogos de plataforma da Disney para o PSOne. Sem opção de alterar a dificuldade do jogo, por mais divertido e nostálgico que seja, o seu investimento será feito para 2 horasde jogatina. Agora resta a você, gamer, pesar se vale o investimento por poucas horas de nostalgia ou se numa possível “grande promoção” Skylar and Plux se torne ainda mais interessante.