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Review – Nickelodeon All-Star Brawl 2
O Super Smash Bros. do universo Nickelodeon retorna em uma sequência surpreendente

Os clones de Super Smash Bros. seguem firmes e fortes! O jogo da vez retoma os famosos personagens da Nickelodeon em uma pancadaria desenfreada e muito melhor do que foi visto em seu primeiro título. Lançado originalmente em 2021, Nickelodeon All-Star Brawl não era um título muito interessante e, apesar de entregar um gameplay decente, falhava em diversos aspectos.
Em apenas dois anos, o estúdio Fair Play Labs fez um trabalho notável, que não é tão comum quanto parece. Os devs realmente escutaram a comunidade e trouxeram uma sequência que melhora absolutamente tudo que era falho no primeiro. Nickelodeon All-Star Brawl 2 ainda não é o sucessor absoluto de Smash Bros., mas com certeza entrega uma experiência melhor do que qualquer um de nós poderia esperar.
Novos personagens
Se você passou os últimos 24 anos morando em uma caverna e não sabe o que é Super Smash Bros., vamos a um breve resumo. Assim como este grande clássico da Nintendo, Nickelodeon All-Star Brawl 2 é um jogo de luta em plataforma, onde dois ou mais personagens se enfrentam em uma grande pancadaria generalizada. O objetivo é derrubar os oponentes nos abismos, sempre na base da porrada. Ganha quem lançar os adversários mais vezes.

A primeira mudança notável nesta sequência é o elenco de personagens. All-Star Brawl 2 traz 25 personagens no jogo base, sendo que 14 retornam do primeiro e 11 são novidade. Os novatos incluem alguns rostos icônicos como Jimmy Neutron, Raphael e Donatello (Tartarugas Ninjas), Lula Molusco e até a Vovó Gertie de Hey Arnold! Para alguns, pode parecer algo negativo o fato de terem removido 11 personagens do elenco original, mas acredito que essa seleção ficou com muito mais qualidade.
Um dos maiores problemas do primeiro jogo era que os personagens não conseguiam apresentar grandes particularidades entre si. O elenco renovado consertou essa questão e melhorou consideravelmente todo o leque de movimentos de cada lutador, trazendo golpes repletos de referências aos seus respectivos desenhos e um sistema de combos bem mais satisfatório. Assim como em Smash, cada personagem é único e super interessante de se explorar e aprender a jogar!

Outra novidade aqui foi a adição da barra de slime – afinal, não existe Nickelodeon sem slime. Conforme vamos lutando, uma barrinha de meleca verde vai se enchendo aos poucos, permitindo realizar uma série de ações como atacar com mais potência, melhorar sua defesa e, ao encher por completo, soltar um especial devastador. Isso trouxe um dinamismo completamente novo para as batalhas, abrindo espaço para reviravoltas emocionantes no multiplayer.
Modo História
Além dos novos personagens, a segunda maior novidade de Nickelodeon All-Star Brawl 2 foi a adição do Modo História, que mistura diversos elementos das campanhas vistas em jogos semelhantes para construir algo mais autêntico. Apesar de ter uma historinha boba envolvendo o vilão Vlad Plasmius (da animação Danny Phantom) e o Bob Esponja viajando pelo multiverso, o destaque aqui vai para a forma como construíram essa jornada.

Basicamente, esse modo é um roguelite. Em cada fase enfrentamos uma sequência de três desafios diferentes e um chefe, tudo definido aleatoriamente (com exceção do chefe, que já é pré-definido pela fase). Esses desafios podem ser batalhas tradicionais ou pequenos percursos de plataforma, bem no estilo mais clássico de um jogo de aventura. Eu gostaria de ter curtido mais essa parte, mas achei essas fases mais frustrantes do que divertidas – principalmente porque todo o dano que você leva nelas é carregado para o próximo combate. As mecânicas de pulo funcionam bem nas lutas, mas quando o foco é só nelas, o bicho pega.
A princípio, começamos apenas com o Bob Esponja, mas conforme enfrentamos novos personagens, é possível desbloqueá-los para jogar dentro da história. A parte mais legal disso tudo são os upgrades que podemos liberar em cada um, funcionando como perks. É possível ter um lutador com os mais diversos atributos, desde combos que envenenam o adversário até golpes que recuperam seu HP. Não me lembro de ter jogado nenhum roguelite em um jogo de luta anteriormente, então achei essa ideia bem inovadora e original – ainda que se apegue a outros elementos já vistos nas campanhas da franquia Super Smash Bros.

O restante do pacote é basicamente o mesmo do jogo anterior, mas com um visual mais bonitinho e bem polido. São os mesmos modos, tanto para o singleplayer quanto para o multiplayer – o que não é lá essas coisas, já que o singleplayer do primeiro era bem fraco. Não posso deixar de elogiar o modo online, que está bem liso e tranquilo de jogar, sem nenhum tipo de problema de conexão que atrapalhe nossa performance (algo fundamental em um título do gênero).
Nickelodeon All-Star Brawl 2 não deixa de ser mais do mesmo, mas quando comparado com seu antecessor, ele brilha e muito! É um título para todas as idades e divertido para qualquer um que tenha acompanhado algum desenho do canal durante a infância. Uma coisa eu posso garantir: você nunca poderá jogar com o Bob Esponja em um Super Smash Bros., então essa é a sua chance.
Prós
- Elenco de personagens renovado e mais interessante
- Cada personagem traz um gameplay realmente único
- Modo história é mais interessante do que aparenta
- Mecânicas de slime dinamizam mais os confrontos
Contras
- Tirando a campanha, os outros modos singleplayer não são muito interessantes
- Trechos de plataforma podem ser um pouco frustrantes
- Alguns podem se incomodar pelo fato de terem removido vários personagens do primeiro jogo
Nintendo
Review – Born of Bread
Encarne um protagonista feito de pão e salve o mundo das garras do caos

Já houve uma época em que a internet surtou com um jogo em que controlávamos um pão de forma, então acredito que Born of Bread tem potencial de sobra para se tornar um dos títulos favoritos do ano para os amantes de pães. O indie da WildArts Studio tem fortes inspirações em Paper Mario, tanto no visual quanto no gameplay, mas consegue ser autêntico o suficiente para ganhar nossa simpatia de imediato.
Misturando elementos de aventura com RPG, Born of Bread nos coloca em uma jornada repleta de fantasia, personagens carismáticos e um humor bem leve, daqueles que nos tiram umas risadinhas naturalmente. Não é aquele tipo de jogo que chama a atenção logo de cara, mas quanto mais nos aprofundamos naquele mundinho, mais apaixonante ele se torna.
O pãozinho da profecia
O jogo começa quando um grupo de arqueólogos acaba libertando um mal há muito emprisionado, trazendo de volta à vida diversas criaturas sedentas por caos. Ao mesmo tempo, o padeiro real de um certo reino acidentalmente cria um golem de pão após fazer uma receita mágica, trazendo nosso protagonista Loaf para a história. Após serem derrotados por essas figuras misteriosas, a dupla se vê forçada a partir em uma jornada para salvar seu lar e cumprir uma profecia de milhares de anos.

Apesar das grandes semelhanças com Paper Mario, ainda acho que Born of Bread se assemelha muito mais a Super Mario RPG. A história é repleta de diálogos bobos, mas muito bem-humorados, além de contar com personagens cheios de personalidade. É muito divertido acompanhar as interações entre eles – o que pode até surpreender em determinados momentos, já que o jogo também aborda alguns temas mais adultos nas suas entrelinhas.
O visual é inegavelmente semelhante aos jogos do Mario de papel, trazendo um 2.5D que mistura cenários tridimensionais com personagens 2D. Todos os mapas contam com uma profundidade que nos permite explorar diferentes planos, enquanto seus elementos são 3D. Apenas os seres-vivos desse mundo são “feitos de papel”, o que traz um certo charme para o estilo artístico do jogo.

Jogar Born of Bread é como assistir a uma animação interativa, pois ele tem todos os requisitos necessários para nos cativar rapidamente: cores vivas, elementos desenhados a mão, personagens estereotipados e muita descontração. A trilha musical também não fica atrás, coroando esse conjunto com faixas envolventes e dignas de uma clássica história de jornada do herói.
Tudo no seu tempo
Apesar da franquia Paper Mario também contar com um combate estratégico em turnos, as mecânicas vistas em Born of Bread acabam ficando mais próximas de Super Mario RPG, novamente. As batalhas seguem o padrão clássico dos RPGs de turno, mas com algumas diferenças relevantes que tornam o jogo mais original.
Aqui, todo tipo de ataque ou arma possui um timing diferente. Ao acertarmos esse tempo, o golpe sai mais forte e somos recompensados recuperando alguns pontos de ação. Da mesma forma, é possível acertar um timing para se proteger de um ataque inimigo e coisas do gênero. A diferença é que toda variação de ação ofensiva traz um pequeno minigame diferente, que em sua maioria envolve apertar o botão no momento exato ou macetá-lo até encher uma barrinha de poder.

Essas mudanças na dinâmica dos golpes deixa o combate bem mais envolvente e menos automático. Arrisco até a dizer que essa mecânica é até melhor do que a vista em Super Mario RPG, pois lá o timing consiste mais na base da adivinhação e “tentativa e erro”. Aqui, temos total noção do que é necessário fazer para acertar o tempo, bastando apenas se acostumar aos diferentes minigames e Quick Time Events.
Outra particularidade bem interessante desse combate é a possibilidade de fazer streams das batalhas. Aqui, o jogo simula uma live em que espectadores fictícios começarão a comentar seu desempenho e pedir alguns movimentos específicos. Ao satisfazê-los, podemos ganhar alguns bônus no final do confronto, então acaba sendo uma ideia criativa para tornar as batalhas menos repetitivas e mais instigantes.

As habilidades que desbloqueamos em combate também nos serão úteis durante a exploração, pois existem diversos caminhos e áreas que estarão bloqueados de início. Bebendo um pouco da fonte dos metroidvanias, Born of Bread tem sua parcela de backtracking e incentiva os jogadores a revisitar mapas antigos para encontrar itens que ficaram para trás. Nem sempre é recompensador se preocupar com isso, mas é uma boa desculpa para quem quer fazer sua experiência render ainda mais.
Minha única crítica realmente relevante é que o jogo inevitavelmente pode se tornar enjoativo com o tempo, algo que acontece até com Paper Mario, devido à rotina de diálogos, exploração e combate. A campanha não foge muito disso, mas também não falha em nos divertir do início ao fim – ainda que em menor escala mais perto do final. Born of Bread definitivamente é uma das maiores surpresas do ano e mais um título de destaque em meio a um mar de excelentes indies que foram lançados nos últimos meses.
Nintendo
Review – The King of Fighters XIII: Global Match
A SNK trouxe The King of Fighters XIII: Global Match como uma boa mistura entre arcade e modernidade

Enquanto Mortal Kombat e Street Fighter continuam buscando o futuro, The King of Fighters XIII pega suas experiências passadas com carinho para trazer novas sensações ao público que sente falta de um bom e velho jogo de luta arcade 2D.
Na versão “Global Match”, a SNK trouxe como novidades o rollback netcode, expandiu os recursos vistos no lobby e ainda introduziu o modo espectador. E mesmo que você não curta o ambiente online e nem queira investir na carreira de pro player para disputar a EVO, ainda vale os bons tempos de fliperama que ele inspira de volta.

A evolução em The King of Fighters XIII
Para começar, sendo bem honesto com vocês, há muitos anos que meus dedos não ficavam com calo em um jogo de luta. E foi exatamente isso o que ocorreu enquanto testava o novo The King of Fighters XIII: Global Match. A experiência me fez retornar para antes dos anos 2000, quando esse estilo reinava nos consoles e arcades.
É impossível não querer disputar uma partida com cada pessoa que vai te visitar, assim como não vejo a menor chance de escolher um modo que não seja o 3v3 clássico. Há diversas outras opções, como o Time Attack, Survival e até uma galeria para você poder ver todas as artes e filmes disponíveis. Porém, a alegria só vem quando o oponente é derrubado no chão com muito suor.

O elenco é fantástico, assim como a adaptação do seu gameplay para os consoles mais modernos. Apesar de chegar para o PlayStation 4 e Nintendo Switch, eu testei no PS5 e não tenho nada do que reclamar. Os comandos respondem adequadamente, são muito velozes e recria com exatidão a época onde este tipo de experiência era o que mais importava para uma desenvolvedora.
Não estou reclamando dos capítulos mais recentes da SNK, caros leitores. Só queria deixar claro que The King of Fighters XIII: Global Match é a escolha ideal para quem está buscando um bom jogo arcade e sem um apelo gráfico ultra-realista – priorizando o que temos de melhor nos movimentos dos personagens e no rico elenco.

A luta como você esperava
Eu me aventurei bastante por todos os modos e parece que fui transportado diretamente para a época onde jogava Street Fighter Alpha 3, no meu primeiro PlayStation. A grande diferença é que, além dos recursos inéditos que a nova geração pode proporcionar, também temos um número de lutadores bem maior.
Além dos grupos que podem ser selecionados em The King of Fighters XIII: Global Match, também dá para desbloquear alguns lutadores secretos conforme avança nos outros modos. Sim, você não precisará pagar nem R$1 a mais ou esperar por Passes de Temporada. Está tudo lá, dependendo apenas da sua habilidade.
Ele pode não ser o favorito de todos, como é o caso de KOF ’98, mas consegue reunir todos os aspectos positivos da franquia para trazer um gameplay consistente, gráficos aprimorados, cenários belissimos e até mesmo certos ganchos da história que farão o público desejar finalizar o quanto antes. Caso ele esteja em seu radar, não precisa pensar duas vezes e pode investir sem medo de ser feliz.

Imagine como se Guitar Hero se encontrasse com Overcooked e desse origem ao jogo de ritmo mais caótico que já existiu. Super Crazy Rhythm Castle é exatamente este título e chegou aos consoles no finzinho de 2023 para divertir as festas de fim de ano.
Desenvolvido pela Second Impact Games, o lançamento publicado pela Konami aposta na mistura de gêneros e jogabilidade simples, com muita música e cores, para uma aventura que chega após 10 anos de trabalho.

Sem muito sentido para a história, que acaba divertindo pela loucura, nós embarcamos numa aventura por um castelo musical em que o enlouquecido Rei Ferdinand nos espera, pronto para defender sua coroa e acabar com seu dia. Para deter os planos desse maléfico tirano, manter o ritmo dos nossos personagens e salvar diversos NPCs das garras da crueldade, os jogadores precisarão superar os desafios perversos em desafios ritmicos para vencer o Rei no próprio jogo dele.
Realize combos sem perder o Rhythm
Seja jogando sozinho ou com ajuda dos amigos, você utilizará um elenco de personagens malucos em salas com atividades ainda mais insanas para tentar alcançar até três estrelas em cada partida, para avançar até a derradeira batalha contra o malvado Rei. Por mais maluquice que seja, o trabalho da desenvolvedora britânica esbanja carisma e estilo, com muita cor e cuidado ao trabalhar o som e o visual.

Com mais de 30 faixas para você conhecer e desbloquear, cada música oferece a opção de ser jogada com três ou quatro teclas, de acordo com a dificuldade que você desejar, além de estar dentro de um mundinho próprio. Como assim? Imagine a ambientação criada em Psyconauts, mas para apenas uma sala, com atividades tematizadas e a música para ser jogada.
Isso mesmo! Você pode jogar a música, ao melhor estilo Guitar Hero, ou se preocupar em realizar as atividades e ações que a sala impõe, quase como tentativa de atrapalhar o seu desempenho rítmico. Quando isso acontece na companhia de até outros 03 jogadores, Super Crazy Rhythm Castle é um jogo fácil e divertido, porém contar com um NPC no modo single player tornou-se algo realmente desafiador para conquistar a avaliação máxima de três estrelas.
Caos multitarefa
A diversão neste novo jogo da Konami está além da música e ritmo, pois não sabemos o que vamos encontrar em cada andar do castelo, muito menos no desafio temático proposto. Enfrentar uma berinjela gigante que ataca como DJ, jogar como cachorro para coletar ouro, tentar prever qual tecla apertar num pequeno espaço de tempo, limpar a tela para facilitar o jogo, entre outras atividades que precisarão ser intercaladas, sempre mantendo o ritmo e dando sequência ao combo.

O jogo é relativamente curto, já que você pode ficar rejogando apenas as músicas no Music Lab, porém vai oferecer boas risadas com os absurdos e uma trilha sonora agradável, que consegue mesclar muito bem diversos tipos e gêneros musicais.
Esse detalhe ganha ainda mais destaque pelo trabalho da Konami em misturar os temas de Castlevania e Gradius ao catálogo de músicas disponíveis. No fim, Super Crazy Rhythm Castle ocupa um lugar especial por divertir aquela jogatina despretenciosa, principalmente quando você estiver na companhia dos amigos.