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Sabe aqueles jogos que você não dá nada e chegam não com uma bicuda, mas com os dois pés na porta? Me senti assim com MO: Astray. Nos primeiros minutos estava curioso e sem muita perspectiva. Uma hora depois, eu não conseguia parar. Isso se deve ao ótimo trabalho de desenvolvimento da Archpray Inc. que não merece palmas, mas sim o Tocantins inteiro com seu título no Nintendo Switch.

Antes lançado apenas para computadores, é a vez dele estrear nos híbrido da Big N e, meus amigos, que jogo. Tudo ali parece ter sido pensado com carinho e com um roteiro amarrado, apenas esperando para você descobrir os mistérios que assombram o lugar. Afinal de contas, realmente é lotado de criaturas monstruosas ou os monstros foram quem levaram a situação até onde encontra ali?

Amoeba, só que não de brincar

MO: Astray, basicamente, é um jogo que te faz viajar nas memórias de um lugar completamente destruído. Algo deu errado num super laboratório e agora, você e outras criaturas estão soltas por um extenso ambiente. E sim, você é a simpática amoeba MO. Sua única arma é pular e grudar nas coisas. Com apenas esses dois pontos você vai se desdobrar em mil para passar dos puzzles que encontrará pela frente.

Eu confesso que não estava dando muita importância para ele quando soube disso e vi essa prática nos primeiros minutos de game. Porém, o que você faz com isso que realmente te impacta. Grudar na cabeça dos zumbis e seres humanoides te faz ler suas últimas memórias. Algumas são sem nenhum sentido. Outras, mostram até demais dos horrores que os experimentos do lugar traziam antes de tudo dar errado.

Imagem do review de MO: Astray
Puzzles e desafios o tempo todo, a cada sala.

“Nossa Diego, mas eu vou ter que ficar pulando e lendo a mente de todo mundo?”, não. Em alguns momentos específicos isso será indicado, mas os demais você realizará pela curiosidade. A cada um que passa, mais peças dos quebra-cabeças se formam e você, como um estalo, vai percebendo o que causou aquilo e onde toda essa saga vai te levar.

O legal é que cada cenário é um puzzle diferente para você decifrar e seguir em frente. E cada fase tem vários cenários, sendo sincero nem sei quanto tempo passei nos laboratórios que representam o início de MO: Astray. Na verdade sei sim, umas 2 horas e pouco, porém pareceram uma eternidade. A última vez que um jogo exigiu tanto de mim foi Hollow Knight e, apesar de ter me dado bastante dor de cabeça, foi um dos melhores que já experimentei.

Imagem do review de MO: Astray
Isso porque nem citei os chefões, descobri-los é algo sem igual.

Cada hora exigem pulos em determinados lugares, em certas velocidades, usando o grude na cabeça para controlar os zumbis que caminham lá e até mesmo combinando força com outras gosmas para realizarem as tarefas exigidas. Você terá de usar todo o seu poder de observação e de resolução de problemas, senão cairá no limbo das inúmeras mortes. E não ache que não terá muitas, eu que considero estar jogando de forma boa já passei das 100.

Você até ganha outras habilidades no meio do processo, mas nada que realmente fuja dessa proposta inicial. Também é interessante que, conforme progride e as obtém, um salto na dificuldade será claramente sentido. A melhor parte é ver que usam a criatividade para misturar certas técnicas ou retomar alguma mais simples com outra elaborada em trechos posteriores. Cheguei a rir quando estava tentando algo novo e morrendo de formas absurdas numa parte avançada, aí bastou utilizar algo do começo do jogo e pronto, situação resolvida.

Assim que completa uma fase inteira, são liberadas HQs in-game, que contam algumas coisas que rolaram antes do desastre e trarão ainda mais contexto às suas aventuras. São curtas e encaixam perfeitamente no contexto do título, apesar de serem opcionais valem a pena visualizar. Você também tem à sua disposição um completo monstruário e dados sobre as memórias que visitou para ver com calma mais para frente.

Imagem do review de MO: Astray
Cada fase tem uma HQ revelando algo do seu contexto.

MO: Astray é recomendadíssimo

O que eu mais gostei da experiência em MO: Astray foi o sentimento de solidão. Apesar de ter uma voz te acompanhando, ela aparece apenas em pouquíssimos momentos. Na esmagadora maioria do tempo você está visitando lugares devastados. Metade dos seres desse local estão mortos. A outra metade está tentando te matar. O próprio cenário também não é acolhedor. A expressão de enfrentar o mundo nunca fez tanto sentido quanto por aqui.

Isso, junto ao cenário pixelado e bem trevoso, diga-se de passagem, dão um ar tenebroso para o game. Já joguei vários jogos pós-apocalípticos e nenhum deles eu vi tamanho estrago como nesse. Os inimigos também ajudam a trazer essa sensação, sendo a sua maioria experimentos mal-criados ou criaturas alienígenas que viviam nas proximidades do laboratório espacial. Tudo isso trouxe uma atmosfera única para mim, que podem até surgir games semelhantes, mas a experiência tenho certeza que não será igual.

Imagem do review de MO: Astray
Metade do jogo está morto. A outra, tentando te matar.

Porém, nem tudo são flores por aqui. No início questionei a razão de colocarem um aviso de recomendação para utilização do fone e, apesar de não saber a real razão até agora, encontrei uma facilmente. MO faz barulhos clássicos de gosma, até aí nada de mais. Porém, a voz que acompanha ele solta gemidos constantes que me fizeram sentir uma vergonha absurda de jogar isso em público. Tive de me explicar algumas vezes de que não estava vendo nada pornográfico, inclusive no trabalho. Pode rir, está tudo bem.

Outra coisa que me incomodou muito foi o modo vibratório. Tudo que ele toca ou atinge faz os joy-cons ou o Pro Controller tremerem que nem loucos. Imagina isso a cada cinco segundos e terá uma noção do quanto a função é irritante. Tive de desabilitar ela, do tanto que ficou insuportável, principalmente no modo portátil. Aí, fazendo isso, problema resolvido, certo? Errado. Jogar sem dá a sensação de que falta algo e torna as coisas em algo mais complicado.

Imagem do review de MO: Astray
Mergulhe nas memórias, mas com o volume baixo ou com fone.

Apesar destes problemas, ouso dizer que MO: Astray foi um dos melhores indies que já joguei em 2020. A curiosidade que ele puxa, puzzles desafiadores, inimigos distintos, ambiente desolador e todo o conjunto de memórias trazem uma obra completa e que te levará até os confins do universo para descobrir a coisa mais simples do mundo, a razão de sua existência e sua origem.

Nessa viagem de MO, proposta pela Archpray Inc., cada minuto, morte e cenário que passa te deixam mais próximos de desvendar todo esse mistério. Se você tem um Nintendo Switch e curte jogos do estilo, ele é indispensável. Se ao menos ficou curioso, vale muito a pena dar uma chance e se desafiar para chegar o mais longe possível, morrendo o menos que der pelo caminho.

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