O Nintendo Switch começa sua despedida fechando sua trajetória com chave de ouro e trazendo mais um remake de um título de sucesso do 3DS, com o retorno de Luigi’s Mansion 2 HD.
Desenvolvido pela Next Level Games, a nova edição dessa franquia, que já teve seu terceiro jogo publicado durante essa geração atual, chega num lançamento morno e simplório que entrega apenas o necessário para justificar sua aquisição, mas que talvez tenha perdido algumas oportunidades para se equiparar ao trabalho realizado em Super Mario RPG, Paper Mario: The Thousand-Year Door e, principalmente, Metroid Prime Remastered.
Acho que vi um fantasma
Com seu original lançado em 2013, no longínquo “Ano do Luigi” e que não teve muita expressividade como as atuais comemorações, Luigi’s Mansion 2 HD resgata a jornada do medroso irmão do Mario, recrutado mais uma vez pelo Professor A. Luado para enfrentar o Rei Bu e reunir os pedaços da Lua Negra, enfrentando a ameaça dos fantasmas descontrolados pelo efeito misterioso da pedra mágica.
Equipado com o novo Sugospectro 5000, uma evolução da versão 3000 do primeiro jogo, um Nintendo Duplo Susto (pegou a piadinha com o DS?) e a Estrobolâmpada, responsável por atordoar os espíritos para que você consiga aspirá-los, Luigi seguirá numa progressão muito linear através de seis cenários diferentes, com três a cinco fases cada, para completar sua missão.
Por se tratar exatamente do mesmo conteúdo que vimos no jogo do 3DS, o remake oferece a oportunidade de jogarmos Luigi’s Mansion 2 (ou Dark Moon) numa tela ainda maior, seja no modo portátil ou em sua TV, apreciando toda irreverência do personagem e a criatividade utilizada na construção desse mundinho “aterrorizante”. A falta de um segundo direcional no 3DS foi solucionada com a possibilidade de usarmos a alavanca da direita para mirar com o Sugospectro, sendo utilizada também na resolução dos puzzles para puxar, carregar, sugar e soprar em diversas direções.
Os sensores de movimentos dos Joy-Cons também podem ser utilizados para facilitar a movimentação da direção que Luigi utilizará seu aspirador, além de funcionar durante a visão em primeira pessoa nos momentos em que o protagonista espia através de buracos, passagens, obstáculos e janelas. Mesmo não tendo muito sentido a presença do Nintendo DS, pela falta de uma segunda tela, o dispositivo foi mantido para a comunicação entre você e o Professor A. Luado e funciona como fator nostálgico.
Luigi’s Mansion 2 HD continua sendo divertido e interessante, mesmo com mais de dez anos depois do lançamento original, pela proposta de puzzles ao longo da história. São mais de 15 horas de jogo, com muitas salas para serem descobertas, passagens que precisam ser reveladas e quebra-cabeças que exigem interações com dispositivos ou busca por itens faltantes. Até mesmo o combate acaba se tornando um puzzle, em que inicialmente precisamos atordoar os fantasma com a lanterna para depois aspirarmos, mas que acaba evoluindo ao apresentar inimigos que se protegem dos flashes, possuem capacetes ou até mesmo são imunes.
Essa versão HD faz com que tudo transborde carisma, na maneira como esse mundinho foi pensado e como os cenários fazem parte tanto da história, dialogando com a proposta de termos o Luigi como protagonista por esta aventura. Suas expressões e comportamento ficaram ainda mais vivas e perceptíveis nesta versão, afinal temos uma tela maior, textos menores e melhor organização das informações da HUD. Isso fica evidente no modo Torre dos Sustos, com partidas de até quatro jogadores e todos serem o personagem mais medroso da Nintendo em jogatinas online ou local, enfrentando ondas de inimigos e sobrevivendo ao caos divertidíssimo de partidas casuais repleta de fantasmas para serem aspirados.
Mua-ha-ha-ha! Hello?
Numa época em que a Nintendo se empenha em trazer os jogos com localização para o PT-BR, Luigi’s Mansion 2 HD falha por ainda carregar resquícios do português de portugal em alguns jogos. Não era pedir muito para que esse remake viesse numa linguagem que agradasse os fãs brasileiros, pior ainda é a indisponibilidade de alterar para o inglês sem precisar mudar a configuração do idioma no Nintendo Switch.
O mesmo vale para a configuração do jogo, pensado para acontecer em fases pequenas e que obrigam Luigi retornar ao covil do Professor A. Luado todas as vezes que finaliza uma etapa ou missão, contabilizando os pontos, adicionando os fantasmas ao banco de dados, armazenando os colecionáveis e descarregando todo o dinheiro, que serve para investir em melhorias. Essa estrutura faz sentido num portátil e, por mais que o Switch ofereça essa opção, seu hardware permite também uma progressão menos linear ou sem a necessidade de ficar retornando ao hub principal e que funciona praticamente como um menu, mas sem muitas opções para selecionar.
Mesmo com essa etapa de vai e volta através do laboratório do professor, voltar diversas vezes entre os vários casarões ainda é interessante e divertido para explorar os mistérios, buscar por colecionáveis, conseguir acessar todos os locais e tentar finalizar no menor tempo possível para conquistar as três estrelas. Os controles são fáceis, a movimentação é fluida, o “combate” (se é que podemos chamar assim) é agradável e as animações foram muito bem retrabalhadas pela Next Level Games. Luigi’s Mansion 2 HD também recebeu nova atenção nos modelos 3D e texturas, além ter os efeitos de iluminação repensados conforme o potencial do Switch, mas respeitando e mantendo o charme da direção de arte original.
Esse lançamento da Nintendo é mais um bom remake que vem acompanhado daquele gostinho de nostalgia, mas que também deixa uma leve impressão de ter sido feito às pressas. Competente por ter em seu jogo original uma base sólida, entregando uma história interessante, gameplay divertido e muita irreverência na proposta de ser um caça-fantasmas, Luigi’s Mansion 2 HD merece estar em um console mais atual e disponível para a nova geração de jogadores.
Prós:
🔺 Jogar com Luigi é divertido e carismático
🔺 Remake com bom trabalho visual e adaptação para os Joy-Cons
🔺 O multiplayer continua divertidíssimo
🔺 Fator replay agrada pelos colecionáveis
Contras:
🔻 Faltou investir em melhorias na estruturação do jogo
🔻 Perderam a oportunidade para adicionar uma biblioteca com conteúdo extra
Ficha Técnica:
Lançamento: 27/06/24
Desenvolvedora: Next Level Games
Distribuidora: Nintendo
Plataformas: Switch