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Se passaram cinco anos desde a primeira aventura de Aloy e agora que ela está de volta, em Horizon Forbidden West, tudo foi potencializado para entregar uma experiência definitiva da personagem. Ou seja, aqui temos tudo que os fãs mais queriam ver no game: uma ameaça ainda mais perigosa, um território muito maior e, além disso, traz uma diversidade nas culturas apresentadas que daria inveja em qualquer outro título por aí.

Continuando a sua saga dentro do vasto mundo aberto, a Guerrilla Games se esforçou bastante para entregar uma história profunda e que trouxesse momentos de ação que superassem o que vimos em seu antecessor. E posso ser sincero com vocês? Não apenas conseguiram como se superaram, trazendo um grau de impacto em cada momento do título, seja na trama principal ou em suas sidequests, mostrando que o fim do mundo está apenas a um passo de distância.

Minha única contraindicação é caso você não seja um dos 20 milhões de felizardos que puderam se aventurar em Zero Dawn. Aqui não tem essa historinha de atualizar os jogadores dos eventos anteriores ou dar uma mão aos novatos. O jogo é uma sequência direta e caso não tenha pego o anterior, dê meia-volta e trate de seguir a linha corretamente. E eu não digo isso apenas por quesito da missão principal, mas de diversos outros fatores.

Caminho para o oeste proibido

Ué, quem não jogou o outro não conseguirá curtir Horizon Forbidden West? Até vai, sendo sincero. Porém, é bom você ser um excelente jogador para isso. A partir do momento que você acaba no mapa principal e solto para explorar tudo o que desejar, pode ter certeza que nada ali vai poupar a sua vida ou pegar leve. Alguns são fracos o suficiente para enfrentar sem dores de cabeça, só torça para não estarem em grupo. Aí complica um pouco.

Outros são até chefões e criaturas de alto nível que existiam também no anterior, ali caminhando tranquilamente até sentirem sua presença. E se acredita que não teremos coisas novas, vish, é bom se acostumar com as belas surpresas robóticas que surgem para te matar. O oeste proibido é puro “dedo no cooler e gritaria”, mesmo se você já tiver certa experiência no processo. Imagina chegar lá sem isso. Recomendo se você quer se desafiar, mas se não for a sua intenção seria bom pisar no primeiro título antes para ter uma escalada mais suave.

Inclusive, eu queria deixar aqui registrado o quanto amei os combates e a perspicácia da equipe de desenvolvimento para produzir algo que satisfizesse até quem temia ver mais do mesmo. Com diversas novas habilidades para você desbloquear, pode ter certeza que Aloy estará em perfeita forma para corresponder aos movimentos do controle. Seja no PlayStation 4 ou no PS5, a sua agilidade e diferentes táticas vão casar com o seu estilo, independente de qual seja.

Imagem do review de Horizon Forbidden West
Os combates são muito bons e vão te forçar a achar seu estilo

Pude experimentar Horizon Forbidden West nas duas plataformas e, enquanto em uma foquei no lado guerreira da protagonista, no outro testei realizar melhorias no campo caçadora e a forma de combate dos dois é tão distinta que até parecia que eu estava jogando dois games diferentes no processo. E sabe o que é o pior? Nos dois estava excelente. Mesmo em perigo iminente e com risco de derrota, você terá a perfeita noção se é capaz de vencer ou não cada uma das batalhas e a possibilidade de recuar se possível.

Isso não quer dizer que não perderá em nenhuma batalha, já pode deixar registrado aí que você vai. E muitas, diga-se de passagem. Pelo menos não será por falta de opções que oferecem no gameplay. Além disso, você pode ter diversas armas distintas, desde as clássicas flechas de gelo e ácidas, armadilhas explosivas, até os verdadeiros especiais que foram integrados para mudar as marés do confronto enquanto está na pior.

Conforme ganha pontos a cada nível ou missões específicas, você pode investir em habilidades específicas que desbloqueiam uma especial que pode ser usada no meio das batalhas. Cada um dos seus atributos tem uma, qual deve selecionar com sabedoria para te salvar no lado fraco. Conselho de amigo, se você não consegue recuperar o HP à tempo ou é lamentável no stealth, garanta que elas cubram essa falha para se tornar uma guerreira mais completa.

Imagem do review de Horizon Forbidden West
Aproveite a árvore de habilidades para compensar suas falhas

Já a movimentação de Aloy pode incomodar alguns jogadores durante as partidas de Horizon Forbidden West. Os itens de Viagem Rápida continuam ativos, sendo necessários para usar o recurso. Ou seja, se você não tem nenhum e está longe de alguma cidade ou fogueira, boa sorte. Para facilitar um pouco, a quantidade das fogueiras aumentou e tem diversas espalhadas pelo mapa. Apesar disso, mal posso esperar para ver os mais distraídos passando dor de cabeça com isso.

Falando de coisas que estão pela região, há uma diversidade bem grande de sidequests e de locais para se descobrir enquanto faz sua jornada. E digo mais, entre locais abandonados, resquícios do mundo antigo, bases antigas e até as famosas Forjas, pelo menos não ter o que fazer é uma reclamação da qual ninguém poderá fazer. A parte bacana é que nenhuma delas me soou tão inútil ou desnecessária assim.

Tudo que reservei um tempo para fazer tinha alguma ligação com a história central ou com os personagens que fazem parte dela. Isso significa que ainda que passe 10h seguidas só fazendo isso, você estará aprendendo sobre os elementos deste mundo e em como está influenciando toda a cultura dos heróis e vilões dali. Neste quesito, agradeço à Guerrilla Games por ter ouvido a comunidade e acabado com o famoso “pegue item X e leve para lugar Y” ou “mate X máquinas”. Ninguém merece.

Imagem do review de Horizon Forbidden West
Aqui todas as missões são importantes, sejam paralelas ou principais

Horizon Forbidden West é sobre Aloy

O novo capítulo de Horizon Forbidden West começa seis meses após os eventos finais do combate contra HADES, mostrando que Aloy não teve um minuto sequer de sossego desde então. Partindo de imediato para outra jornada, agora ela segue atrás dos backups de GAIA, com os quais ela pode salvar a humanidade da extinção. Porém, isso a levará ao oeste proibido, uma terra completamente distinta daquilo que ela conhecia.

Como eu falei no início do texto, a trama é ainda mais emocional para Aloy. Isolada em sua própria jornada, ela continua com a ideia de que não tem como ninguém ajudá-la e isso impacta em todos os seus relacionamentos feitos na aventura anterior. Seus amigos não parecem felizes com as atitudes dela e se reflete nas próximas decisões que toma. Afinal de contas, ainda que salve o mundo, adianta fazer o que for necessário e não ter para quem voltar?

No meio destas dúvidas, você se depara com as tribos Tenakth em seu caminho. Diferente dos Carjas, estes priorizam demonstrações de força e coragem, porém não os confunda com bárbaros. Eles possuem uma hierarquia com base nisso, mas há toda uma filosofia que vai te surpreender durante o processo. Acredito que este impacto cultural é um dos pontos mais interessantes da história e traz um amplo sentido para o mapa. Cada lugar é representado de um modo e isso vai te chamar bastante a atenção.

Imagem do review de Horizon Forbidden West
Será que a Salvadora de Meridiana dará conta da nova região?

Se alguns deles te dá medo eu não sei, mas se você considerar que certos rebeldes montam em répteis metálicos com uma serra elétrica no lugar dos dentes, diria que não é para ir lá achando que tudo será uma bela brincadeira. Horizon Forbidden West chegou para ser perigoso e se Aloy e você queriam um pouco de sossego, estão bem longe disso. O bacana é que isso aumenta um pouco o seu senso de alerta, já que não tem lugar fora de abrigos ou cidades no quais pode dizer que está 100% seguro.

E entre as máquinas que vai encontrar, vou te dizer que as inéditas te darão um baita trabalho. Ainda que você seja o mestre do DualShock / DualSense, é bom chegar nas feras com cuidado. Principalmente porque a maioria delas anda em grupo, até mesmo os mais perigosos. Eu mesmo encarei um chefão que, posteriormente, estava passeando normalmente com ainda mais bichos iguais a ele. Achou mesmo que ia meter o louco por lá? Em off: ia sim, tanto que fui e levei uma surra histórica que me obrigou a fugir com menos HP do que noção que tive para entrar nessa.

Acredito que, pelo conteúdo que estão oferecendo nesta aventura, todos terminaremos com uma quantidade grande de tarefas inacabadas dentro do jogo e de inimigos a se encontrar. Isso é excelente para o fator replay, permitindo que conheçamos ainda mais deste universo enquanto aguardamos pelo próximo capítulo da história. Espera aí, você realmente acha que a Aloy vai mesmo ficar só nessa área dos Estados Unidos e não veremos como está o resto do mundo? O tanto de abordagens que dá para se ter nisso e histórias para contar não é possível que imagine que se limitarão apenas a este pedaço.

Imagem do review de Horizon Forbidden West
Aloy não se contentará apenas com os pescoções americanos

Todo espetáculo tem as suas gambiarras

Não preciso dizer nada relacionado aos gráficos de Horizon Forbidden West, correto? Qualquer um que tenha visto ao menos os trailers apresentados até aqui vai compreender que o jogo é um grande espetáculo. E não faz por menos no PlayStation 4, com ambas as plataformas entregando tudo o que você queria de visual e mais um pouco. Tanto o cenário quanto Aloy e seus inimigos, você pode parar e tirar uma foto de cada aspecto e sair algo belíssimo.

E vou além, é muito difícil comparar a sensação de você correr até um penhasco, pular e abrir o seu planador com qualquer outra coisa. Se tem algo mais bonito que isso nos videogames, desconheço. Dá para ficar alguns segundos observando tudo e babando no trabalho que a Guerrilla Games produziu ali. Foram cinco anos de trabalho duro no desenvolvimento muito bem aproveitados, diga-se de passagem. Não pude botar um defeito em todo o visual que observei.

Já em questão do uso das funções do DualSense no PS5, não temos nenhuma novidade em relação do que já vimos em Ratchet & Clank: Rift Apart e até Returnal. O sensor háptico, áudio 3D e gatilhos adaptáveis são excelentes recursos, mas não reinventam a roda. Obviamente que é gostoso de usar e te dá uma profundidade maior, mas fico na dúvida se foi apenas a primeira experiência do estúdio, qual talvez não tenha aproveitado bem ele ou se a função já passou daquela novidade que sentimos no início da geração. Não que isso faça diferença ou afete na nota final dele, porém quis dividir com vocês esse sentimento.

Imagem do review de Horizon Forbidden West
Visualmente maravilhoso, no PS4 e no PS5

E em performance não preciso nem dizer que Horizon Forbidden West vai fazer o seu PlayStation 4 chorar. A diferença no tempo de carregamento e na taxa de quadros será gritante, assim como tarefas simples como usar o mapa ou ver os modelos dos personagens ser algo muito mais lento do que o esperado. A Sony até liberou uma atualização para melhorar este recurso, mas ainda deixa a desejar. Admiro demais o esforço deles portarem o jogo para a plataforma, mas está cada vez mais evidente que o console já está no limite.

Adicional a este comentário, também experimentei certos bugs que nem cheguei perto de ter no PS5. Entre montanhas inteiras ficando invisíveis por alguns segundos até pontes que visualmente estavam ali, mas no gameplay você ainda caía na água como se elas não existissem, algumas coisas incomodam. Tirando isso, a experiência foi bem semelhante nos dois consoles. Apesar das falhas, o PlayStation 4 ainda segura muito bem a barra e a experiência negativa não passou nem um pouco fora destes pontos citados. Se não encontrou ainda um console da nova geração para comprar, pode ir tranquilo, sabendo destas ressalvas.

Minha única reclamação de Horizon Forbidden West é a quantidade absurda de cutscenes e diálogos no início da trama. Após ser solto no tal oeste proibido, tudo isso vai ser menos incômodo. Porém, participando de todas as conversas, fazendo as missões paralelas e explorando o contexto de tudo me levou umas boas horas até chegar lá. Para terem uma ideia, por ter testado nas duas plataformas, em uma fiz isso e com 8h estava na área que dá nome ao título do game. Na outra, qual pulei tudo sem o menor pudor, levei apenas 3h. É uma diferença absurda de tempo de gameplay, vamos combinar.

Imagem do review de Horizon Forbidden West
São cutscenes demais, céus…

Se essas horas não são um problema para você, pode mergulhar na aventura à vontade que isso vai ser um espetáculo à parte. Porém, se este é um recurso limitado por trabalhos, estudos ou qualquer outra obrigação, sinto em dizer que vai demorar bastante até você atingir onde deseja por lá. Você pode dizer que jogos de mundo aberto são assim e é marca do gênero, como Red Dead Redemption 2 também fez desta forma. Ainda assim, foi bastante arrastado tudo isso.

Essas reclamações podem te incomodar um pouco, mas espero que ainda assim dê uma chance para o título. Por tudo que tive o prazer de ver e experimentar, não tenho outra palavra para defini-lo do que “obra-prima”. É uma sequência impressionante do primeiro jogo e que aumenta ainda mais a escala épica que a história vai atingir. Se este ano eles não levarem o prêmio de Jogo do Ano 2022, mal posso esperar por ver quem seria o responsável por tirar o troféu de suas mãos. Porque olhe bem, aqui temos o trabalho definitivo da Guerrilla Games.

Uma coisa é certa: Horizon Forbidden West é uma compra obrigatória para qualquer pessoa que jogou o anterior. Ainda que esteja em busca de um excelente game de mundo aberto e busque por desafios, pode seguir que não vai se arrepender nem um pouco. Posso apostar que ainda passaremos uns bons anos falando dele, assim como fizemos com seu antecessor e mais: ele firma Aloy como uma das maiores heroínas que a marca PlayStation já teve. Se tem o PS4 ou PS5, pode seguir sem medo que é uma bela viagem.