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G.I Joe ou Comandos em Ação, como era conhecido aqui no Brasil, é uma franquia que muitos da minha faixa etária assistiram durante a infância, vendo as forças dos “Verdadeiros Heróis Americanos” frustrando com os planos do Comandante Cobra e sua organização. Agora, os heróis retornam para combater seus antigos inimigos mais uma vez em G.I Joe: Wrath of Cobra.

Seguindo a popularidade de Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge, este novo jogo da franquia é um beat’em up clássico que emula a sensação de jogar um bom e velho arcade. Tentando capitalizar a nostalgia e trazendo os fãs da série de 1982, esta é mais uma iniciativa como temos com Sigma 6 ou o universo criado pela IDW. No entanto, será que essa foi a melhor escolha?

Yo, Joe!

G.I. Joe: Wrath of Cobra abre assim como um dos episódios da antiga série, com o Comandante Cobra anunciando mais um de seus ataques em busca da dominação global. Seu plano? Sequestrar todas as maravilhas do mundo e exigir que a ONU entregue-se numa rendição absoluta em todos os países, consolidando o Mundo sob comando da terrível organização Cobra.

Imagem de review de G.I Joe: Wrath of Cobra

Enquanto isso, em sua base de operação, Duke e seus Joes assistem a transmissão e decidem confrontar as forças do mal. No entanto, eles não imaginam que o verdadeiro plano do Comandante Cobra é utilizar um exército de clones para poder tomar o Mundo e derrotar os G.I. Joe. Para evitar que eles tenham sucesso em sua busca por dominação global, os jogadores enfrentarão um grande elenco de personagens marcantes que fazem parte da franquia.

Viajando por locais conhecidos pelos fãs como, por exemplo, o Castelo Silencioso de Cobra, a base de operações inimigas, e até mesmo a ilha chamada de O Fosso, o jogador revisitará locais icônicos que fizeram parte da animação de 1982 e nas primeiras publicações em HQs da Marvel. Reviver esses locais fazem parte de uma boa ideia, com algumas ressalvas, já que a narrativa de G.I. Joe: Wrath of Cobra tem como base os planos mais fracos da organização, ao contrário do que vemos em outras mídias

G.I. Joe é uma daquelas franquias “oito ou oitenta”, tal qual sua “irmã”, Transformers. No jogo desenvolvido pela Maple Powered Games, temos um plano digno dos episódios mais fracos e pouco interessantes, como quando Cobra tentou enviar uma discoteca ao espaço ou o sequestro de vários cientistas, com pedido de 60 bilhões de dólares como resgate, em que o final acaba com os Joes resgatando todo mundo de uma espécie de “Casa de Diversões” gigantesca.

Imagem de review de G.I Joe: Wrath of Cobra

Antigas rivalidades

G.I. Joe: Wrath of Cobra permite ao jogador escolher entre quatro personagens iniciais: Duke, Scarlett, Snake Eyes e Roadblock. Cada um com seu estilo de combate próprio e diferente. Duke, um personagem mais equilibrado, Scarlet, com mais defesa, Roadblock, com maior poder de ataque, e Snake Eyes, o mais ágil. Além disso, conseguimos desbloquear os personagens Gung Ho e Ripcord.

O jogo oferece controles com comandos simples, tendo um botão para ataques (simples e fortes), outro para defesa e um específico para utilizar habilidades especiais. Ataque aéreo, com Duke, flechas imobilizadoras, para Scarlet, disparo de minigun, em Roadblock, e Timber, o fiel lobo de Snake Eyes como apoio em combate.

Infelizmente o combate de G.I. Joe: Wrath of Cobra é entediante, com pouco variação ou até mesmo deixando de ser satisfatório. Minha expectativa era de um gameplay semelhante ao de Teenage Mutants Ninja Turtles: Shredder’s Revenge, mas temos aqui um sistema de combate que tenta simular Streets of Rage 4 sem oferecer o mesmo peso e impacto gratificante que tivemos com o retorno de Alex Stone. O jogo tenta recriar a sensação e sentimento dos jogos das Tartarugas Ninjas, mas infelizmente erra bastante ao buscar essa referência.

Imagem de review de G.I Joe: Wrath of Cobra

Os inimigos também são repetitivos, afinal a variedade de oponentes e desafios se torna bem escassa após certo tempo. Ao longo do jogo você encontrará as Tropas Cobras, com soldados mais rasos, Cobra Vipers, que são bem semelhantes aos anteriores com mais proteção, Guarda Carmesim e suas habilidades de teleporte, por último a Guarda Python, que são soldados escolhidos a dedo pelo próprio Comandante Cobra.

Pouco veneno, muita cobra

Em certos momentos do jogo é preciso enfrentar as temidas armas da organização e, neste ponto específico, acredito que o jogo tenha deixado uma grande oportunidade passar. A falta de variedade de inimigos é algo que deixa aquela sensação de o jogo estar estagnado, com poucas mudanças no gameplay. Ainda que algumas tropas sejam diferentes e até mesmo encontros com mini bosses, como o tanque H.I.S.S e unidades S.N.A.K.E, G.I. Joe: Wrath of Cobra infelizmente não consegue engajar e divertir como outros jogos do mesmo gênero.

G.I. Joe: Wrath of Cobra conta com doze níveis, cada um com chefes finais diferentes, trazendo os grandes antagonistas do grupo de heróis, como Zartan, Baronesa, Destro e vários outros. Infelizmente uma grande sacada foi deixada de lado, sem trazer os Decepticons ao elenco de vilões. Mesmo que as séries sejam grandes companheiras, pelo fato de estarem sob a mesma empresa (Hasbro) e terem universos compartilhados, talvez questões sobre direitos e propriedade intelectual tenham limitado essa oportunidade.

Imagem de review de G.I Joe: Wrath of Cobra

Afinal, Megatron retorna na “Segunda Geração” com seu design modificado e como companheiro do Comandante Cobra. Seria ainda melhor se os produtores e desenvolvedores utilizassem neste jogo o gancho deixado no final de Transformers: Despertar das Feras para inserir um pouco do que se espera de um possível crossover cinematográfico aguardado pelos fãs. 

Infelizmente o jogo falha no aspecto visual, com cenários simplistas, pouca interação e diversidade. A trilha e elementos sonoros não surpreendem além do esperado, com poucas surpresas. A performance também deixou a desejar, com o jogo travando mais de uma vez, fazendo com que fosse necessário reiniciar e recomeçar tudo novamente.

Ajudem que a Ouroboros engasgou!

G.I. Joe: Wrath of Cobra não é um jogo desafiador, com uma curva de dificuldade muito baixa. O combate acontece com pouca variedade de golpes e combos, com apenas três tipos de ataques e que variam conforme utilizamos um ataque pesado. Também não encontramos muitas oportunidades de ataques de solo em inimigos ou agarrões, este último sendo possível apenas quando estão desmaiados no chão.

Imagem de review de G.I Joe: Wrath of Cobra

Os chefes parecem não ter balanceamento, variando apenas entre super fáceis ou apelões ao extremo, como Major Blud e Dr. Mindbender, ambos muito cômicos e com o último não dando um ataque sequer durante sua luta. Já a Baronesa e Storm Shadow tem ataques básicos que causam danos de pelo menos 40% da sua barra para cada acerto. Essa falta de balanceamento tira bastante o ânimo de certas lutas e torna as outras mais frustrantes do que engajantes. Nem mesmo os modos extras, como Boss Rush, inimigos duplicados e pouca gravidade, conseguem aumentar o fator de replay do jogo.

Este novo capítulo da franquia, agora nos consoles, mostra que infelizmente ela consegue se perder em sua própria proposta. Mesmo com a série mais marcante, sem dúvida alguma, sendo “Real American Heroes”, de 1982, G.I. Joe acabou se tornando icônico pela comédia pastelão de alguns planos da organização Cobra. Muitas vezes parodiada por shows, como Family Guy, Frango Robô e The Venture Bros, com a versão egípcia da organização chamada S.P.H.I.N.X e a O.S.I parodiando os Joes, a franquia acabou perdendo sua força ao longo dos anos.

G.I. Joe: Wrath of Cobra tenta trazer a nostalgia de volta, porém prova que a fórmula já está datada. É hora de G.I. Joe se reinventar e fazer sua transição para uma nova geração, assim como He-Man, da Netflix, Transformers: Prime, e War for Cybertron, conseguiram alcançar. Essa fórmula de sucesso pode ser espelhada para que os acertos venham num próximo game e que suas influências sejam mais assertivas!

35 %


Prós:

🔺 Traz de volta uma franquia pouco explorada
🔺 Design de personagens nostálgico
🔺 Boa utilização do elenco de vilões

Contras:

🔻 Gameplay engessado e que pode sofrer soft-lock
🔻 Trilha sonora, história e cenários pouco marcantes ou interessantes
🔻 Baixo valor de replay e alto valor de custo de desbloqueáveis
🔻 Elenco minúsculos, faltando personagens como Flint e Lady Jae

Ficha Técnica:

Lançamento: 26/09/2024
Desenvolvedora: Maple Powered Games
Distribuidora: Indie.io
Plataformas: PC, PS5, PS4, Switch,Xbox One, Xbox Series
Testado no: PC