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Eu sou apaixonado por Beat ‘em up e procuro jogar todos os games do gênero. Porém não faço a mínima ideia de como Fight’N Rage passou batido pelo meu radar em 2017, quando este jogo chegou ao Steam. Desenvolvido pelo estúdio uruguaio de uma pessoa só, a Seba Games Dev, este é o exemplo perfeito da importância dos indies na evolução de gêneros já consolidados.

Fight’N Rage não reinventa a roda, mas traz consigo um gameplay absurdamente preciso, rápido e fácil de dominar. O game ainda empresta diversas ideias de outras franquias, realizando uma homenagem atrás da outra, sem deixar de brilhar com seu próprio estilo e charme. Vem comigo que a pancadaria aqui é mais do que obrigatória!

Homenagens a perder de vista

É impossível não reparar, logo de cara, nas duas maiores influências do game: os três personagens, Gal, F. Norris e Ricardo, são inspirados respectivamente em Blaze Fielding (Street of Rage), Guy e Mike Haggar (ambos de Final Fight). Mas as influências não param por aí, principalmente entre os inimigos e chefões. Tem um parecido com Joe Higashi (Fatal Fury), outros inspirados no M. Bison e na Poison (Street Fighter), porcos que lembram aqueles do Battletoads, inimigos em motos… Se sua vida estiver no vermelho, basta procurar uma maçã ou aquele frangão suculento. E sim, tem faca, espada, pedaço de cano e outros itens comuns.

Imagem do jogo Fight'N Rage
Quem já jogou Fatal Fury irá reconhecer esta joelhada.

Embora todas essas referências sejam fáceis de notar, tudo no jogo tem seu próprio estilo visual. Há inclusive um filtro pra jogar com aparência de arcade, com tela de tubo e scanlines. Aliás, o pixel art é caprichadíssimo e as animações impressionam a todo momento conforme novos inimigos vão sendo introduzidos na campanha. Digo a mesma coisa para os cenários, todos muito bem planejados e com efeito parallax. E o mais legal: em determinados momentos, você pode seguir por um caminho alternativo.

O gameplay segue a regra básica dos Beat ‘em up, com apenas de três botões: pulo, soco e especial (diferente pra cada lutador). E sim, você pode correr com dois toques para o lado, pular e dar um chute no ar e agarrar. O especial (SP) carrega sozinho e evita que você fique perdendo vida de bobeira, embora isso seja possível com o especial descarregado. O diferencial de Fight’N Rage se apresenta pela liberdade nos combos, a adição do “parry” e a recuperação rápida na queda. Cada personagem possui suas características de gameplay, variando do mais rápido e fraco ao mais lento e forte, como dita a fórmula.

O parry é aquela famosa defesa realizada ao mesmo tempo que um inimigo ataca, para evitar danos. Dá pra fazer com qualquer tipo de golpe dos adversários, bem como usar o especial para fugir deles. O do Ricardo, por exemplo, é aquela famosa girada de braços do Mike Haggar. Já a recuperação na queda faz você ganhar tempo após ser agarrado e arremessado pelo inimigo ou tomar um golpe que resulta na sua queda. Apertando o pulo na hora certa, você dá uma cambalhota no ar e cai em pé, pronto para contra-atacar.

Imagem do jogo Fight'N Rage
Ricardo girando feito doido pra ver se acerta alguém.

Gameplay delicioso

Os combos, embora pouco variados, são rápidos e permitem encaixes prazerosos de fazer. Por exemplo: você pode realizar um combo, jogando o oponente no ar e encaixar outro combo antes dele cair. Junte isso com o golpe especial e o contador de hits vai subir rapidamente. O tempo de resposta é incrível e nunca te deixará na mão, mesmo em cenários com área de combate reduzida – isso rola em alguns trechos das fases, geralmente em transição vertical.

Os inimigos variam entre ninjas, gangue de ratos, gatos que dão choque (oi, Blanka), porcos punks, lobos semelhantes ao Sabrewolf (de Killer Instinct), macacos que lutam kung fu e tigres da lucha libre (referenciando o King, de Tekken), entre outros. Tem até moscas lutadoras na parada! A variedade não é lá muito grande, mas cada um deles possui seus próprios golpes e velocidade. Mesma coisa para os chefões de fase. Nada de reaproveitar o gameplay de um para copiar e colar em outro, o que é excelente para a experiência de combate.

Imagem do jogo Fight'N Rage
Pegar a esfera de SP confere especiais sem limite, com zoom e tudo.

Um detalhe que gostei no gameplay é o que acontece quando você faz um combo extenso em um inimigo cujo a barra de vida já se esgotou: ele explode, voando ossos pra todos os lados. Isso confere maior pontuação, que por sua vez garante vidas extras. Ao final de cada fase sua pontuação rende moedas de ouro que podem ser trocadas por roupas para os personagens, dicas de gameplay e destravar novos modos, como Time Attack, Score Attack, Training e Battle. Neste último, você pode destravar os inimigos como personagens extras para jogar com eles no contra, seja com um amigo ou CPU.

Por falar em CPU, um dos add-ons disponíveis para comprar permite jogar a campanha toda na companhia do computador. A inteligência artificial faz um excelente trabalho, muitas vezes batendo até a sua pontuação ao final da fase. A descrição in-game diz “não muito esperto”, mas é pura modéstia do desenvolvedor. Aliás, é uma ótima forma de conseguir todos os finais do game ao jogar sozinho.

Imagem do jogo Fight'N Rage
Muitos extras para desbloquear com as moedas obtidas.

A duração da campanha é obviamente curta, mas a existência de vários caminhos, finais alternativos e a total diferença de gameplay entre os três personagens o incentivará a terminar várias vezes. Fight’N Rage é uma verdadeira carta de amor ao estilo old-school side-scroller do gênero, feito com muito carinho mesmo. E é certamente um dos melhores Beat’em up que eu já joguei na vida.