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De todas as histórias que poderiam ser adaptadas para um jogo, Um Conto de Natal é uma das que eu menos esperava jogar um dia. O livro de Charles Dickens é um clássico natalino absoluto e inspirou diversas obras do gênero, trazendo lições valiosas sobre ganância, generosidade e é claro: os valores do natal. Agora eu pergunto: como isso pode ser transformado em um jogo?

Ebenezer and the Invisible World está aqui para provar que tudo é possível! Desenvolvido entre uma parceria da californiana Play on Worlds com os brasileiros da Orbit Studio, temos aqui um metroidvania bem competente, trazendo todos os principais elementos presentes no conto de uma forma sem precedentes. Assim como todo natal, ele não é perfeito, mas é inegável que tem um climinha bastante acolhedor.

Londres precisa de você

Ebenezer and the Invisible World dá continuidade à história vista em Um Conto de Natal, tendo novamente Ebenezer Scrooge como seu protagonista. O enredo traz uma visão interessante do conto original, onde o personagem é uma exceção e não uma regra. Isso significa que Scrooge foi um dos poucos que conseguiram sua redenção perante os espíritos natalinos e que a maioria acaba permanecendo perdida dentro de sua própria amargura.

Londres está belíssima neste jogo!

É a partir deste conceito que temos o vilão: Caspar Malthus, um magnata que rejeitou os espíritos do natal e tomou Londres com sua Guarda Privada. Ebenezer é o único humano capaz de enxergar e interagir com espíritos, o que o torna a última esperança da cidade. Os fantasmas do natal, que são representados pelo passado, presente e futuro, retornam aqui como aliados que lhe concederão diversas habilidades.

Temos aqui uma aventura que, de muitas formas, consegue ser familiar. Acho que muito disso se deve à temática, já que estaremos explorando uma Londres Vitoriana com muita neve, em um período tipicamente natalino. A qualidade mais notável do jogo certamente é o seu visual, que foi 100% desenhado a mão. Todos os personagens são muito bem feitos, mas o destaque fica com os cenários, que possuem uma riqueza de detalhes impressionante.

O jogo se passa durante o fim da Primeira Revolução Industrial

É muito fácil se distrair com os diversos elementos que enriquecem o background dos mapas de Ebenezer and the Invisible World. De acordo com os devs, a escolha artística tenta referenciar as animações de natal que marcaram época nas décadas de 1980 e 1990, com destaque para Um Conto de Natal do Mickey – adaptação da história de Dickens com personagens da Disney. Nesse quesito, eles realmente se saíram muito bem!

Porradaria natalina

Sendo um metroidvania, Ebenezer and the Invisible World dispõe de um mapa todo interligado, possibilitando explorar diversas áreas de Londres. Algumas existem na vida real, mas outras foram criadas especificamente para o jogo. A maioria das regiões só ficarão disponíveis conforme liberamos habilidades específicas, o que incentiva o famoso bracktracking do gênero.

A exploração do jogo é divertida e incentiva o uso das diferentes habilidades dos fantasmas de natal, mas a escassez de checkpoints me incomodou um pouco. Esses pontos são muito distantes uns dos outros e o menor dos erros nos força a voltar um bom pedaço.

Cada fantasma possui suas próprias habilidades

Já o combate é interessante, mas acabou se mostrando a parte mais falha do conjunto. O maior diferencial aqui é usar as habilidades dos fantasmas para combar e devastar seus inimigos. A variedade de ataques é boa e cada espírito nos proporciona movimentos diferentes, o que ajuda a dinamizar o gameplay. Contudo, por algum motivo os inimigos não reagem adequadamente aos seus golpes, ou seja: atacá-los com força total não interrompe um ataque ou causa qualquer tipo de reação, no geral.

Em situações específicas, até podemos notar uma pequena reação, como ao destruir os escudos de inimigos grandes, por exemplo. Entretanto, no geral senti falta de alguns movimentos que fariam bastante diferença aqui, como uma esquiva momentânea, bem no estilo de jogos como Batman Arkham. Aqui, é bem comum levar umas porradas pelo simples fato do inimigo não dar a mínima para todos os golpes que está levando naquele momento.

Esse inimigo é 100% Castlevania

O combate ainda é bem funcional e entrega o que promete, mas no final, acredito que poderia ser melhor. O mesmo vale para a trilha musical, que não tem o apelo que deveria. Para este título, as únicas músicas aceitáveis são aquelas bem natalinas e clichês, repletas de sinos com seus famosos “jingle bells”. Esses elementos se fazem presentes aqui, mas de uma forma muito discreta e com um loop que mal chega a completar um minuto.

Ebenezer and the Invisible World é um jogo legal e uma adaptação surpreendente de Um Conto de Natal, mas não chega a ter tanto destaque em meio ao mar de metroidvanias que temos nos dias de hoje. A boa notícia é que está sendo vendido por um preço bem em conta, o que o torna ainda mais convidativo. Aproveite que dezembro já está quase aí e comemore seu natal do jeito certo!

82 %


Prós:

🔺 Adaptação surpreendente de Um Conto de Natal
🔺 Excelente retratação de Londres
🔺 Cenários muito bem detalhados
🔺 Boa variedade de espíritos e habilidades

Contras:

🔻 O combate não é dos melhores
🔻 Escassez de checkpoints incomoda um pouco
🔻 As músicas poderiam ser bem mais natalinas

Ficha Técnica:

Lançamento: 03/11/23
Desenvolvedora: Orbit Studio, Play on Worlds
Distribuidora: Play on Worlds
Plataformas: PS4, PS5, PC, Xbox Series, Xbox One, Switch
Testado no: PS5