Reforçando o revival da era de ouro dos beat ‘em up, que ganharam espaço na década de 90 nos consoles e fliperamas, Double Dragon Gaiden: Rise of the Dragons chega à nova geração seguindo os passos de jogos como, por exemplo, Street of Rage 4 e Teenage Mutant Ninja Turtles, com Shredder’s Revenge e Cowabunga Collection.
Desenvolvido pela Secret Base, a franquia retorna aos consoles depois de cair no esquecimento com os fracos Double Dragon Neon e Double Dragon IV, com uma nova proposta visual, esbanjando carisma e mecânicas que aumentam muito o fator replay, inclusive flertando com o estilo roguelike.
Uma viagem ao passado
Mantendo o padrão da franquia, a história nos leva para uma Nova Iorque futurista pós-apocalíptico, no ano de 199x A.D., no papel do quarteto de protagonistas formado por: os irmãos Billy e Jimmy Lee, o estreante Tio Matin e Marian, deixando de ser a donzela indefesa que conhecíamos.
Nossa missão? Combater as gangues, enfrentando criminosos para derrotar os chefões do crime. Vamos viajar por áreas diferentes e todas muito bem tematizadas conforme as características das gangues, trazendo desafios e inimigos diferentes através de uma fórmula já conhecida: telas repletas de personagens para você descer a porrada, enquanto atravessa de uma a três áreas diferentes, até chegar ao chefão.
Visitaremos um ferro velho dominado pelo culto Triângulo, as linhas de metrô atrás dos Régios, os ex-militares reunidos sob a bandeira dos Killers e o clã que carrega o nome da belíssima Lady Okada. Além dos quatro grupos, com seus respectivos mini-boss e chefões, o final do jogo reserva um personagem secreto também.
Fiquei surpreso como essa nova investida da franquia consegue equilibrar bem a maneira como pensa fora da caixinha, tentando inovar dentro do gênero, trazendo um excelente trabalho com a pixel art e trilha sonora, ao mesmo tempo em que tenta resgatar um gameplay mais rústico.
Enquanto eu jogava Double Dragon Gaiden, o peso da movimentação e golpes eram muito perceptíveis, quase como aquela doce ilusão ao apertar mais forte os botões no SNES para fazer o personagem se mover mais rápido. Se mover, pula e atacar, até mesmo com especiais, parece ser pesado e mais lento, com um hitbox que faz a colisão parecer estranha num primeiro momento.
Beat ‘em up com Roguelike e Tag Team
Essa característica “dura” da jogabilidade acaba sendo proposital pelo fator roguelike do jogo, em que você poderá comprar melhorias para o seu personagem durante a sua run. Melhore o ataque, defesa, velocidade e habilidade especial, para conseguir enfrentar as áreas mais difíceis do jogo, ou apenas economizar uma grana para os desbloqueáveis.
Além do jogo ser pensado no formato de runs, temos o estilão tag team para você escolher dois personagens (em modo solo ou cooperativo) e alternar entre eles ao utilizar o botão L. Essa mecânica encaixou perfeitamente e ajuda na estratégia para completar as missões dentro do jogo, além de poupar o HP dos heróis, pois a barra de energia possui uma “sombra” e que regenera sua vida ao ser colocado no banco para descansar.
Cada fase vai fazer você arrecadar uma boa grana, que pode ser usada para melhorar seu personagem e se preparar para as próximas fases, já que as áreas do jogo podem ser visitadas em qualquer ordem, ao melhor estilo Mega Man. No entanto a cada gangue derrotada, as demais acabam recebendo um reforço e aumentando o nível de dificuldade do jogo.
Para sobreviver ao desafio, que cresce a cada missão completada, você contará com os estilos de combate dos personagens. Billy e Jimmy tem foco em força e agilidade, enquanto Tio Matin é lento e funciona como tanque, reservando para Marian os ataques à distância com sua arma, que na minha opinião são as melhores estratégias.
Além disso todos os personagens possuem movimentos diferenciados ao apertar o botão A e golpes especiais, que são ativados com o X e possuem variações ao usarmos o direcional. Marian, por exemplo, coloca uma mina de proximidade quando apenas apertamos o botão, mas ao segurar para frente ela atacará usando um lança míssel.
Com muitas opções para calibrar a dificuldade do jogo, que também balanceia o quanto você ganhará de dinheiro ou custo para continuar jogando ao morrer, o jogo é rápido de ser zerado. Com todo o dinheiro arrecadado e que sobrar, você poderá convertar em fichas para desbloquear nove personagens que aparecem no jogo. É muita coisa para jogar, desbloquear e aproveitar!
Retorno ao lugar de destaque
Mesmo não sendo um jogo com apelo como os demais beat ‘em up citados anteriormente, Double Dragon Gaiden: Rise of the Dragons é muito competente em tudo o que se propõe, inclusive na maneira como oferece seus diferenciais e consegue se distanciar de outros títulos do gênero.
A Secret Base acertou em cheio ao trabalhar em fórmulas para aumentar o fator replay, pois você precisará realizar algumas várias partidas para conseguir aproveitar esse jogo em sua totalidade, desde as missões em fases (paga ganhar mais dinheiro) às melhorias e desbloqueáveis. Isso inclui também a descoberta sobre como os chefões ganham upgrade conforma a ordem em que você escolhe sua run.
Tudo funciona bem, mesmo com pequenos probleminhas e errinhos de movimentação ao atacar, defender ou esquivar, a criatividade ao trabalhar a temática das áreas, o carisma no design dos personagens e cenários e as músicas chicletes da década de 90 contribuem muito para que este seja um retorno da franquia ao centro das atenções, sem contar o trabalho competente com a localização para o PT-BR.