Concord, a mais nova IP lançada pela Firewalk Studios, chega ao PS5 e PC em mais um esforço da Sony pela busca de um grande sucesso como game as a service. Depois de uma prévia muito morna e sob muitas críticas, finalmente temos o jogo completo para analisar e descobrir se realmente vale o investimento em mais um título desse gênero num mercado saturado.
Com o imenso esforço de criar um mundo completamente novo, se apoiando numa direção de arte que abusa do colorido e na tentativa de explorar o carisma de cada personagem, quase como se tudo isso tivesse saído diretamente de um filme dos Guardiões da Galáxia, da Marvel, Concord consegue agradar.
No entanto, oferecer um jogo pago hoje em dia é praticamente impossível, pois existem diversas opções disponíveis, independente da qualidade, mas que consegue proporcionar uma experiência próxima ao que a Sony trouxe em 2024 e sem custo. Mesmo sem oferecer microtransações e chegar completo em seu lançamento, prometendo atualizações gratuitas no futuro, o conteúdo do jogo não justifica a estratégia comercial adotada pela Sony.
Copia, mas faz diferente
Concord é divertido e possui boas ideias para o seu gameplay. O jogo oferece seis modos de jogo PVP, divididos em três estilos de partida, com mais três opções focadas no single player e para você explorar o estilo de jogabilidade, habilidades dos personagens e cumprir certos desafios para ganhar experiências ou desbloquear cosméticos.
São 12 mapas, que dificilmente apareceram para mim durante a formação das partidas, com 16 personagens, conhecidos como Freegunners, para você escolher. Mesmo com aquele gostinho de Overwatch e com claras referências à movimentação já conhecida pelos fãs de Destiny e Valorant, as partidas fluem e são divertidas por conta da variedade de habilidades. Infelizmente não percebi um bom balanceamento, por falta de regras ou limites na formação das equipes, pois basta um dos times escolher por três personagens DPS e a diversão logo se tornará um pesadelo.
O desafio começa em criar um equilíbrio perfeito ao montar uma equipe competitiva, porém o modo de jogo Pancadaria, com partidas de eliminação e caça ao troféu, fazem com que os jogadores ignorem a estratégia em busca sempre da maior quantidade de kills durante o jogo. Somado ao fato de que o modo Rivalidade, com a opção de extração de carga e ponto de conflito, ambos habilitados somente após o nível quatro de reputação, dificilmente fecha uma partida, com espera de até sete minutos para ser cancelado, só sobra um modo de jogo bem padrão.
Estamos falando do já conhecido controle ou captura de local, que em Concord recebe o nome de Superação, com controle de área e caça ao sinal como modificadores, mas mantendo sempre o mesmo estilo: ficar num determinado espaço para conquistá-lo e pontuar ao manter sob seu domínio. Mesmo com opções de jogo para treinamento, campo de prática e corrida contra o tempo, os desenvolvedores não conseguiram explorar a temática espacial do jogo em modos que pudessem inovar o looping de jogo, fazendo com que tudo tenha uma sensação de repetição ou familiaridade.
Divertido, bonito e raso
Concord me surpreendeu com a sequência de abertura, apresentando personagens numa animação muito bem feita e que aproveita para explorar um pouco sobre essa jornada dos Freegunners e a missão pelo espaço. O problema é que ao chegarmos no jogo propriamente dito, todas as informações sobre esse mundo fica armazenada numa espécie de mapa interativo, chamado Guia Galático, em que você precisa ir até certos ícones para descobrir sobre os personagens e os planetas.
Sem explorar nada mais da personalidade de cada um dos Freegunners durante as partidas, fica a impressão de que a Firewalk Studios não soube como lidar com sua própria construção de mundo. Por mais que Concord aparenta um bom planejamento, com temporadas bem estruturadas e recompensas que dependem do nível do jogador e do personagem, ou seja, obrigando a rotatividade para obter todas as personalizações possíveis.
Apesar de tudo, o gameplay ainda diverte e oferece uma boa variedade de habilidades para você unir ao level design bem feito dos cenários. Por mais que partir para o ataque seja uma das opções mais atrativas, optar por personagens tanques ou de suporte em fases que exploram níveis diferentes acaba sendo gratificante por intercalar a experiência com partidas mais cadenciadas, mesmo que apenas dentro do modo conquista.
Concord tinha tudo para dar certo se não fosse a estratégia comercial e a limitação dos desenvolvedores em cair na mesmice, sem explorar o elenco de personagens e principalmente como artifício para fugir do estilo genérico que possuem. Mesmo com um bom trabalho visual, level design competente e jogabilidade fácil, proporcionando partidas divertidas, a construção da comunidade não vem acontecendo em paralelo ao desinteresse dos jogadores por conta da oferta de outras opções gratuitas. Infelizmente a diversão (ainda) não justifica o investimento, mas quem sabe no futuro.
Prós:
🔺 Gameplay divertido
🔺 Bom trabalho no level design
🔺 Diversidade de habilidades para os personagens
🔺 Jogo completo, sem dependência de microtransações
Contras:
🔻 Falta de novas opções e criatividade nos modos de jogo
🔻 História explorada de maneira desinteressante
🔻 Investimento alto para um jogo com concorrentes gratuitos
🔻 Universo e personagens genéricos
🔻 Mais do mesmo para um hero shooter
🔻 Travamentos por problemas de conexão
🔻 Tempo longo para formação de partida
Ficha Técnica:
Lançamento: 23/08/24
Desenvolvedora: Firewalk Studios
Distribuidora: PlayStation Publishing LLC
Plataformas: PS5, PC
Testado no: PS5