Alguns jogos bons são lançados para celulares e ficam por lá mesmo, deixando jogadores de consoles e PC na vontade. Esse era o caso de Bleak Sword, que agora está disponível para os computadores e Switch com várias melhorias em gráficos, gameplay e modos de jogo. Chamado de Bleak Sword DX, o game é praticamente um soulslike de Atari, como o chamei durante minha experiência.
Então já dá para imaginar que não se trata de um jogo fácil, né? Muito pelo contrário, em sua simplicidade artística, Bleak Sword DX é um jogo bastante desafiador e punitivo, como deve ser um soulslike, embora os desenvolvedores o chame de “hack and slash” e “roguelike de ação”. Eu discordo e vou contar aqui porque ele é um jogo baseado nas fórmulas de jogos da FromSoftware.
Um reino em trevas
A história é simples: houve uma traição no reino do jogo e, com isso, uma maldição tomou conta do lugar, trazendo criaturas abomináveis e mortais. O rei, que tomou o trono através de sua traição, dominado por uma espada amaldiçoada, reinou por dois anos em um reinano de trevas e terror. Você, um jovem guerreiro desconhecido, recebeu uma profecia em sonho revelando que era necessário coletar três pedras mágicas para quebrar a maldição. E assim tudo começa…
Bleak Sword DX acontece em cenários em forma de dioramas, ou seja, pequenos cenários montados como se fossem miniaturas (caso não conheça, busque por “dioramas” no Google e irá se surpreender com as criações), e no papel do guerreiro, você deve passar por 12 cenários diferentes, cada um com 10 fases e um chefe no final. Essa é a receita de bolo do jogo.
Bleak Sword DX tem gameplay refinado
Em posse de uma espada e escudo, o jovem guerreiro consegue atacar, executar ataque pesado e carregado, defender, dar parry e esquivar. Não pense que basta esmagar os botões que você conseguirá abrir seu caminho até o final. Não, o jogo não é um hack and slash e nem um roguelike que costuma ser mais rápido. Por isso, defendo aqui, que Bleak Sword DX é um soulslike com visão que mistura lateral e isométrica.
Os inimigos são muito, mas muito variados. Eu contei quase 50 tipos diferentes no bestiário do jogo, e esse número impressiona por conta do escopo do título. Estamos falando de um game indie, vale lembrar. Eles vão desde animais como morcegos, aranhas e um tipo de cachorro, a cavaleiros pequenos e grandes, até monstros de vários tipos. Cada um exigindo uma estratégia própria para ser derrotado.
É claro que os inimigos mais fracos são derrotados muito facilmente, especialmente no começo do jogo. Mas, conforme avança, a necessidade de ser mais estratégico, medindo a hora certa de atacar e se defender, chega. Portanto, afirmo de novo, esse jogo é um soulslike com gráficos de Atari, o que achei super legal e original.
Tá fácil? Ok, continua achando
A cada término de fase, você recebe experiência e, possivelmente, equipamentos que aumentam a defesa e ataque, ou ainda itens consumíveis que curam ou aumenta um atributo definitivamente (este é mais raro). Mas, vamos às punições. Ao morrer, e você vai (e muito), experiência acumulada e itens/equipamentos são perdidos. Para recuperá-los, é necessário completar a fase na próxima tentativa. Caso contrário, aqueles 99 de XP, faltando um 1 ponto para subir de nível, será definitivamente perdido. Além disso, aquele equipamento raro que dá +2 de ataque e defesa, também não existirá mais.
Preciso dizer que não me senti muito desafiado nas primeiras fases, mas lá na frente, o bicho começou a pegar. Segundo as estatísticas, eu morri 170 vezes, e posso facilmente afirmar que, pelo menos, umas 30 dessas mortes foi somente para o último chefe. Sim, ele é difícil, mas existia um desafio ainda maior: uns raios de uns trovões (sem intenção de trocadilho) na tela. A luta acontece em área aberta e com chuva e os efeitos dos trovões são desnecessariamente longos, deixando você “cego” por um segundo mais ou menos, tempo suficiente para o inimigo eliminá-lo.
É possível ajustar esse efeito, mas o máximo que dá é diminuir o brilho na tela, e mesmo assim, fica um preto (?) no lugar, impedindo a visão do mesmo jeito. Além disso, acho um efeito muito perigoso para quem é sensível, podendo até causar ataques epilépticos (vai saber?). Esse, para mim, é de longe o maior ponto negativo do jogo. Esse efeito aparece em outras poucas fases, mas não incomoda tanto quanto na batalha contra o último chefe.
Bleak Sword DX tem um belo estílo artístico que mistura 3D com arte super pixelada, lembrando os jogos de Atari com palitinhos. Além disso, o jogo tem uma excelente trilha sonora que dá um tom sombrio ao jogo. Eu até cheguei a tirar o tema do menu inicial no violão, de tão legal que achei. A duração do game está atrelada a dificuldade. Em minha experiência, 6 horas foi o suficiente para passar pelas 12 fases e terminar o jogo, e mais um pouco testando os modos de jogo diferentes, que acrescentam no fator replay.
Caso queira ver se está apto ao desafio, Bleak Sword DX conta com uma demo na Steam.