Lançado originalmente em formato episódico à partir de 2015 para iOS e no ano seguinte para Android, Agent A: A Puzzle In Disguise, desenvolvido pela australiana Yak & Co, demorou alguns anos para ser concluído. Mas o capítulo final, junto do lançamento para consoles e PC, finalmente chegou.
Em Agent A, sua missão como um agente secreto – de codinome “A” – é desmantelar uma célula terrorista que está eliminando os agentes da “MIA” (como é conhecida a agência de inteligência da trama). Sua algoz é Ruby La Rouge, uma experiente mercenária com um passado misterioso. Para tal, nossa missão é invadir a residência de La Rouge, descobrir, interceptar e impedir seus planos.
La Rouge
O conceito do jogo tem um quê do clássico Where in the World Is Carmen Sandiego? (conhecido no Brasil como “Em que lugar da Terra está Carmen Sandiego?”), no qual os jogadores tinham de resolver enigmas para chegar até a personagem em questão. Aqui os quebra-cabeças não são sobre história ou geografia, porém são tão instigantes quanto.
Antes mesmo de adentrar a casa de Ruby o jogo já mostra a que veio e nos desafia com um puzzle, ensinando basicamente como se sucederá a mecânica de enigmas aqui presente. Existem dois tipos básicos de puzzles: aqueles em que é necessário buscar por itens, desde chaves até peças para completar algum objetivo, ou aqueles que resolvemos algum enigma presente em alguma superfície, como um painel ou mecanismo.
Estes dois tipos de quebra-cabeças se intercalam e se complementam ao longo do gameplay, incorporando alguns outros tipos de puzzles variados. Como o nome sugere o jogo é repleto deles, assim como The Room e The House of Da Vinci. Porém, diferindo desses dois, aqui podemos explorar toda a mansão da antagonista em busca de pistas, itens e etc.
A quantidade de cenários exploráveis é imensa, passando por diversos cômodos e até salas secretas e armadilhas. Tanto que às vezes é comum se esquecer onde devemos ir a seguir ou mesmo o que é necessário fazer ou buscar. A exploração é um pouco lenta, pois obviamente precisamos passar por todos os cômodos anteriores antes de chegar a um específico. O que por vezes me fez esquecer alguma combinação escondida em outro local, me obrigando a retornar até lá para assim prosseguir. Minha dica é: anote as combinações, caso sua memória seja tão falha quanto a minha.
No geral os quebra-cabeças são bem elaborados, sendo seu ponto forte a variedade. Não iremos ver puzzles repetidos ou com leves alterações na solução, todos sendo inéditos e com sua própria maneira de resolução. Alguns sendo mais desafiantes do que outros, mas que em uma primeira experiência com certeza o fará pensar por algum tempo. Isso é um dos elementos que mais prende o jogador, incentivando a continuar e nos mantendo vidrados e instigados a resolver todos aqueles desafios.
Na versão de Switch é possível jogar tanto usando os controles como também pelo touch screen. Obviamente a jogabilidade via touch flui melhor, pois ele é mais adaptado a esses comandos – devido, muito provavelmente, ao seu desenvolvimento inicial para dispositivos móveis. É mais intuitivo e ágil dessa forma, bastando tocar uma vez para interagir e com um toque duplo para retroceder. Via controle, é necessário arrastar um cursor até o item de interesse para interagir com ele, algo que muitas vezes é mais demorado.
Onde está Ruby La Rouge?
Para aqueles que gostam de uma trama de mistérios e reviravoltas, aqui você irá se deleitar com isso também. A história é interessante e junto aos puzzles fazem uma bela combinação que nos seduz a continuar até chegar ao seu desfecho. Outro ponto divertido que merece destaque são os comentários do Agent A, que vive fazendo piadas e trocadilhos no decorrer da trama e ao interagir com objetos. Tudo bem articulado e funcionando plenamente no sentido de cativar.
O visual não deixa a desejar, com artes feitas a mão pelos criadores. Lembra artes compostas a base de giz de cera, bem acabados e animados para as cutscenes. No gameplay temos composições mais realistas que misturam elementos tridimensionais com cenários bidimensionais.
Já na parte sonora temos uma trilha que remete a produções noir, que transmitem um ar de mistério e se mesclam com arranjos do gênero espionagem, como os clássicos filmes da franquia 007. As músicas são bem compostas e agregam ao conjunto da obra.
Agent A: A Puzzle In Disguise com certeza irá agradar em cheio aqueles que gostam do gênero. E para aqueles que não são tão familiarizados também, pois é uma experiência bastante agradável e estimulante. Até mesmo os iniciantes poderão aproveitar com tranquilidade. Só não pense que capturar Ruby La Rouge será fácil.