Muitos já devem conhecer ou pelo menos ter ouvido falar de The Room, um clássico em plataformas mobile e ganhador de muitos prêmios. Lançado originalmente em 2012 pela Fireproof Games e já contando com três sequências, a franquia de jogos de puzzles é um sucesso, sendo uma das responsáveis pela popularização deste tipo específico de jogos de quebra-cabeça dentro do gênero.
Neste review meu foco não será falar do jogo em si, pois ele é praticamente o mesmo em termos de gameplay, portanto não há nenhuma novidade nesse sentido que mereça destaque. Contudo, irei me concentrar nas diferenças que a versão de Switch apresenta em relação às outras plataformas, assim você poderá tirar suas próprias conclusões se realmente vale a pena adquirir esta.
Enigmas misteriosos
Em The Room, você recebe em sua casa um cofre que contém uma caixa com enigmas misteriosos que irão lhe revelar a verdade sobre tudo aquilo. Este é um dos jogos de puzzle mais puros neste gênero, pois não existem intervenções narrativas, desde o primeiro momento te lançando em um quarto com uma caixa em sua frente e te dizendo “vai filhão!”.
Os quebra-cabeças envolvem muito raciocínio lógico, sendo realmente desafiadores e te fazendo pensar por horas para resolver algo caso não preste atenção aos detalhes. E de fato estes pormenores fazem toda a diferença aqui, pois cada centímetro da caixa pode conter alguma dica para solucionar um puzzle.
A caixa é um gigantesco quebra-cabeça por si só, que é ramificado em pequenos outros puzzles para assim resolvê-lo como um todo. Sempre existirá um ponto de partida, que irá liberar algum item ou dica para que outra parte deste enorme quebra-cabeça possa ser desvendado.
Certos puzzles tiveram mudanças pontuais para adequar sua jogabilidade ao Switch. Alguns mecanismos, que antes deveriam ser acionados simultaneamente, agora podem ser acionados um de cada vez. Estes mecanismos são extremamente detalhados e complexos em sua funcionalidade e promovem uma gratificante sensação ao serem resolvidos.
Em sua versão mobile o jogo já era surpreendente, apresentando gráficos realistas e ricos em detalhes (para a época). No Switch essa sensação retorna, sendo a sua melhora gráfica um dos pontos mais notáveis desta versão. É como se o jogo tivesse sido totalmente refeito. Os detalhes dos objetos são mais nítidos e apresentam um acabamento melhor, as sombras agora existem, a iluminação é bem projetada e o efeito de desfoque nos objetos quando usamos o zoom é fantástico.
Girando e contorcendo
Outra grande diferença é a jogabilidade usando o joy-con com comandos por movimento, que utilizam o recurso de “pointer”, como aqueles lasers vermelhos usados em apresentações. O problema disso é que ele é impreciso demais, sem uma opção de calibragem manual. Ao iniciar o jogo ele executa algum tipo de calibragem, não muito efetiva. É possível configurar a sensibilidade, mas ainda assim é complicado ter precisão para executar algo que exija tal destreza. Para melhorar um pouco, o jogo pede que o jogador fique sentado em frente à TV, porém isso não é tão eficiente quanto deveria.
Mais um ponto controverso desta versão é a impossibilidade de se usar os comandos por movimento fora do modo TV. No modo portátil apenas é possível jogar utilizando o touchscreen, mesmo tirando os joy-cons do console. Talvez isso se justifique pelos comandos precisarem de mais precisão ou calibragem para serem identificados corretamente pelo jogo e pela exigência de uma posição específica para jogar. Mesmo assim isso é um tanto confuso, principalmente se levarmos em consideração outros jogos que facilmente usam essa funcionalidade sem nenhuma complicação (e com mais precisão, diga-se de passagem).
Outro grande problema da versão de Switch é que ela não está disponível em português brasileiro, sendo que a versão mobile é totalmente localizada com legendas e textos em nosso idioma. Isso pode ser um empecilho pois, durante o gameplay, você terá de ler cartas e decifrar enigmas que envolvem interpretação. Isso será bem complicado para aqueles que não dominam a língua inglesa, sem falar que mesmo as dicas poderão não ser úteis pela mesma razão.
Algo que eu realmente esperava era poder receber The Room no Switch em uma coletânea, assim como outros relançamentos na plataforma. Afinal, os jogos já são relativamente antigos. Relançar apenas o primeiro jogo com melhorias gráficas, sem nenhum outro atrativo para potenciais jogadores, não me parece uma boa estratégia. Disponibilizar estes jogos em formato de coletânea poderia motivar quem nunca jogou nenhum ou não jogou todos a comprá-lo, já que desta forma iria ter um pacote completo em mãos. Quem já jogou todos simplesmente poderia tê-los em uma nova plataforma, para aproveitar a nova jogabilidade dos títulos clássicos.
A sensação de que The Room não se justifica em um lançamento solo é predominante. As melhorias gráficas são realmente notáveis, mas não acho que isso por si só seja suficientemente atraente para valer a compra do jogo no Switch. Imagino que a Fireproof Games esteja planejando relançar cada um dos títulos da franquia com essa nova roupagem no console. Teria sido mais interessante relançá-los em um pacote com a trilogia original ou mesmo também incluindo o mais recente Old Sins.