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É evidente que Nightreign foi concebido pensando, primeiramente, na fanbase de Elden Ring. Esta comunidade que, por ser gigantesca e fiel, deu confiança pra FromSoftware arriscar com este inusitado spin-off que mistura roguelike com battle royale. Sem ter tido a experiência do “game base”, é fato que os jogadores ficarão perdidos por um bom tempo até se acostumarem com o gameplay e as novas mecânicas. Mesmo eu, que terminei Elden Ring duas vezes e ainda estou degustando Shadow of the Erdtree como quem não quer que a sobremesa acabe, fiquei perdido nas primeiras partidas online. Em outras palavras, Elden Ring Nightreign não é nada casual e pode assustar quem vier “de fora”. O que não significa que não irá conquistar uma nova legião de fãs.

Participei de 2 dos 5 testes de rede promovidos pela Bandai Namco no PlayStation 5, que começaram na última sexta-feira. Entrei nas sessões da meia-noite (15 e 17/02) e tive uma experiência completamente nova, imersiva e intensa. É um jogo muito mais rápido, que não pune ao cair de grandes alturas, permite escalar determinadas áreas e que simplifica toda a estrutura de Elden Ring, inclusive no loot. Você coleta itens úteis e equipamentos (espada, escudo, cajado, etc.) com níveis que vão até 12, identificados por cores que mudam conforme sua qualidade (como de praxe no gênero battle royale) e que trazem efeitos passivos já aplicados. Tem interface pra administrar suas coisas, claro, mas Nightreign o encoraja a não perder tempo.

Elden Ring Nightreign

Correndo das sombras da noite

Elden Ring Nightreign promove a sobrevivência cooperativa de 3 jogadores, que devem sobreviver a 3 dias de avanços da noite, podendo escolher entre 4 personagens (de um total de 8, no lançamento): Selvagem, Guardião, Duquesa e Reclusa. Ou seja, personagens típicos de soulslike que representam estilos de gameplay. São também personagens com visuais pré-definidos, mudando levemente de aparência com os equipamentos encontrados e equipados. Destoando deles está o Guardião, uma águia com aspecto humanóide e a classe mais defensiva. A grande novidade aqui são as duas habilidades especiais que cada um possui, com carregamento progressivo. Em suma, são habilidades táticas ofensivas e defensivas.

O jogo acontece em um universo paralelo aos eventos de Elden Ring, em um mapa circular chamado Limveld. Uma versão de Limgrave, incluindo os mesmos inimigos que conhecemos dessa região no game base. O jogador começa em frente da mesa redonda, podendo explorar a nova versão do castelo e interagir com um altar de ritos com relíquias e uma arena externa para treinar. Aliás, é a primeira vez que o jogo permite ver o castelo pelo lado de fora, tomado pela natureza.

Elden Ring Nightreign

No altar de ritos o jogador aplica melhorias permanentes para cada personagem, com relíquias que são obtidas a cada expedição como recompensas. Aumento de atributos e redução de recarga das habilidades são alguns exemplos. No jogo completo, isso certamente fará toda a diferença para encarar o desafio crescente. Por fim, o jogador interage com a graça da mesa redonda e seleciona o único desafio disponível, contra o Tricéfalo, e aguarda o pareamento com outros 2 jogadores aleatórios. Ao menos por enquanto não havia como convidar amigos pro co-op, mas imagino que terá essa opção no game final. Assim espero, pois não foi fácil jogar com noobies. Felizmente tive quatro partidas com jogadores experientes, chegando tranquilamente no dia 3.

Como funcionam as expedições

A expedição começa com os 3 heróis caindo em um ponto aleatório de Limveld. O mapa, em si, não traz nada aleatório: você encontrará os mesmos inimigos, chefes, dragões, dungeons e baús de tesouro nos mesmos lugares. Apenas o loot é aleatório. Fica evidente também o reaproveitamento de material original de Elden Ring, mas a velocidade da exploração e verticalidade promove uma experiência bem diferente. Você corre muito mais rápido apertando o L3 (analógico esquerdo), pode subir livremente em áreas com manchas brancas, e também realizar ataques aéreos com facilidade. Em áreas muito altas, você encontra uma energia azul saíndo do chão que permite fazer o “salto espiritual” – replicando a mecânica com o cavalo Torrent.

Elden Ring Nightreign

Quando falo que Nightreign é destinado aos jogadores de Elden Ring, eu não falo à toa: o timing de ataque de cada inimigo, bem como seus pontos fracos, continuam iguais. Saber essas coisas te colocam em uma vantagem imensa comparado aos novos jogadores. Saber quando trocar e aprimorar seu armamento (com pedras de forja) também é super importante, bem como escolher amuletos e outros recursos pra ganhar vantagem em combate. Por exemplo: usei um amuleto que, ao rolar, cria dano de área com raios que caem do céu. Você também encontra pelo mapa áreas que recuperam vida e mana, altares que aumentam a quantidade de frascos, e totens inéditos que concedem status temporários.

Os locais de graça seguem renovando seu PV/PF e servindo como ponto de upgrade de level, sem a necessidade de escolher atributos específicos. Tudo evolui junto, mas de um jeito diferente pra cada personagem. Outro detalhe legal é como você levanta seus amigos caídos. Ao cair, você fica dominado por uma névoa noturna e surge uma barra roxa, dividida em 3 blocos. Ao cair uma vez, esta barra fica 1/3 cheia. Se cair três vezes, fica totalmente cheia. Isso representa a dificuldade para reerguê-lo, sendo necessário golpear essa barreira que se forma ao seu redor. Se alguém morrer, ele volta no local de graça mais próximo e perde 1 level como punição, mas é possível recuperar seu XP no local em que morreu. Aliás, o XP é dividido por igual entre os jogadores. Agora se todos caírem, o trio é derrotado e a expedição é encerrada com loot pra escolher.

Elden Ring Nightreign

Dentre outros detalhes mantidos, temos os cárceres perpétuos sendo necessário achar e usar uma chave para destrancar o boss daquela área. Ao serem derrotados, os chefões dropam um totem que ao interagir te dá 3 opções para escolher uma, seguindo a fórmula do gênero roguelike. Correndo contra a noite, que suga sua vida ao estar fora da área segura, você é direcionado pra área do grande chefão. No dia 1 e 2, eles são aleatórios mas dão opções com recompensas maiores. Ao vencê-los, a noite recua te dando espaço e tempo pra seguir com a exploração. Chegando no dia 3, entrando no abrigo espiritual, você se prepara pro combate com o grande chefão: Gladius, Fera da Noite. Um grande lobo de três cabeças, que em alguns momentos se divide em três lobos menores pra complicar a vida dos heróis. Uma luta difícil e igualmente épica, em um cenário que lembra a arena de Radahn.

O que esperar de Nightreign

Vamos aos fatos, sem firulas: nesta fase de testes, o visual recebeu downgrade. Tá bem mais feio que Elden Ring e, mesmo escolhendo rodar no modo desempenho no PlayStation 5, Nightreign custou a rodar em 60 FPS. A instabilidade foi grande, o tempo todo, ainda que o jogo carregue o mapa por completo – exceto pelas texturas, carregadas conforme a sua área de interação. Avistei rochedos sem texturas e outras bizarrices técnicas, mas nada que atrapalhasse o gameplay e a experiência.

Elden Ring Nightreign

No gameplay, tive problemas com chefões grandes que sumiam e reapareciam em outra área, deixando o combate desnecessariamente mais lento. Um problema que ocorre em Elden Ring até hoje, mas aqui não poderia acontecer por conta da velocidade proposta. E tem também a questão do balanceamento da dificuldade, que não muda se um ou dois dos seus companheiros caírem da partida. Aconteceu comigo duas vezes e foi um inferno sobreviver, além de tirar toda a graça da experiência cooperativa. O jogo não oferece chat por voz, por texto, e não mostra o nome dos jogadores. Nem sequer explica pra quê diabos servem os pontos de trevas acumulados entre as expedições.

Ainda assim, gostei muito da nova proposta e tenho certeza de que fará sucesso com a fanbase. Todas as partidas foram empolgantes (mesmo com equipe ruim), a trilha sonora tá incrível e o gameplay acelerado funcionou bem comigo. Exceto pra escalar as coisas, que ocorre de um jeito estranho, truncado, nada orgânico. Não tô pedindo pra ter parkour, mas a FromSoftware precisa melhorar isso. Fora estes aspectos técnicos, estou bastante otimista. Só tenho minhas dúvidas se este jogo irá emplacar fora da bolha, com jogadores de Fortnite e afins. Mas que é promissor, isso com certeza é.