Jogos de construção existem há pouco mais de três décadas e eram exclusivos de PC. Títulos como Sim City, o mais antigo de todos, lançado em 1989; Civilization de 1991; o aclamado Age of Empires de 1997; e por último, um que me divertiu bastante, RollerCoaster Tycoon, o simulador de construção de parque de diversões lançados em 1999. Alguns destes jogos têm o elemento de sobrevivência envolvido, outros só são gerenciadores de suas próprias construções.
Hoje existem toneladas de jogos do tipo, com diversas propostas diferentes (alguns muito bons), além de temáticas que variam muito. Dice Legacy é um desses jogos. Desenvolvido pela italiana DESTINYbit e distribuído pela Ravenscourt, ele “é um jogo de sobrevivência em um misterioso mundo anelar onde dados constroem cidades”, como descreve sua página na Steam. Acredito que essas informações são suficientes para despertar a sua curiosidade.
Rolando os dados para…
O jogo está em acesso antecipado e tem somente um mapa e um governante para escolher no momento e serão seis de cada na versão final. O trailer acima mostra muito bem como o jogo funciona. Depois de chegar em terra desconhecida, você começa a desbravar e fazer dela, a sua.
O destaque do jogo está no fato de que os cidadãos/aldeões da comunidade que irá construir e gerenciar são dados. A dinâmica com os dados é bastante interessante. Cada lado do dado é uma habilidade que vai desde construir, explorar lugares novos, coletar recursos, estudar para adquirir pontos usados em habilidade (basicamente desenvolvimento tecnológico), atacar inimigos e muitos outros.
Cada dado tem sua vida, que são os pontos de durabilidade. Se um dado chegar a zero, aquele “aldeão” morre. É possível girar os dados para mudar a face com a habilidade desejada e, a cada giro, o dado perde um ponto de durabilidade. Os pontos de vida são restaurados usando a cantina. Selecionando o dado que está prestes a morrer e uma comida, basta colocá-los na cantina e ele sairá recuperado.
Ao colocar um dado em uma tarefa de acordo com a habilidade selecionada, um tempo irá começar. Todas as tarefas exigem um tempo e a demora difere para cada atividade. Quando um dado volta daquela atividade, é necessário jogá-lo (para girar), perdendo, assim, um ponto de durabilidade. Ou seja, a cada nova tarefa cumprida, um ponto de vida se vai.
É possível elevar o nível dos dados para várias classes diferentes conforme você vai construindo estabelecimentos necessários para isso, que mencionarei mais a frente. Os dados iniciais são aldeões. É possível torná-los cidadãos (terão mais intelecto e ganharão pontos de habilidades); soldados, que são usados para proteger a comunidade de eventuais ataques; comerciantes, que farão o dinheiro girar e gerar lucro para sua administração; e dados monges, que são responsáveis por curar ferimentos. Cada classe tem sua própria cor de dado.
Além das classes, é possível fundir dados, tornando dois, um mais forte; elevar a potência de um dado, deixar mais forte uma habilidade específica; entre outros. O jogo tem um ciclo de climas entre verão e inverno. Durante o tempo frio, os dados irão congelar caso saia para uma tarefa longe de aquecimento ou sem habilidades que protejam disso. Os dados soldados começam a trincar caso lutem muito. Tudo isso é reversível com as construções específicas para isso.
Existe a possibilidade de acontecer greves em determinados setores, conforme você avança gerenciando a comunidade. Durante minha jogatina não ficou claro como se resolvem as greves, eu só esperava passar o período até tudo voltar ao normal. Algo que pode iniciar as revoltas, é se todos os seus dados permanecerem como aldeões o tempo todo, sem, digamos, evoluírem socialmente. Aldeões novos são criados ao juntar dois dados nas casas.
… Seguir rumo ao progresso!
Só entender como funciona as dinâmicas com os dados já dá uma noção do diferencial do jogo. As construções são a outra parte importante, afinal, é só através delas que as coisas evoluem. São diversas categorias de construções: essencial; produção; bem-estar; manipulação; militar; economia; e religião. Cada categoria com algumas construções diferentes disponíveis. Citarei as três mais importantes para se iniciar, com as demais sendo necessárias somente quando você consegue avançar dominando territórios.
Em essenciais, teremos casa, como mencionado, que gera novos dados aldeões; as escolas transformam dados aldeões em cidadãos; a cantina restaura os pontos de durabilidade de um dado; e o salão distrital, responsável por expandir o território e melhorar os atributos das construções que estão nos arredores.
Em produção é onde temos o maior número de construções: fazenda de trigo; moinho, que transforma o trigo em comida; cervejaria, que transforma o trigo em cerveja; chalé de herborista, que busca ervas nas redondezas; fazenda de laticínios, que produz comida a partir das ervas; oficina, que produz conhecimento para destravar novas construções; e o fisco, que produz ouro.
As construções de bem-estar são as mais importantes a princípio: a farmácia cura ferimentos ou doenças usando ervas; a taverna cura dado congelado com cerveja; o gerador de vapor impede que dados trabalhando ao redor dele congele; a felicidade de uma classe de dados é aumentada em um parque; e o asilo, que transforma qualquer classe de dados de volta para aldeões.
Cada construção exige o dado com a habilidade de construtor. Dependendo do nível, pode ser necessário de um a três dados. Algumas construções exigem materiais extras para funcionarem, como ouro, pedra ou metal. Além desses três, é possível coletar também ervas, madeira e comida. Todos necessários para um bom funcionamento da comunidade.
Dois perigos que podem acabar com sua administração (se você não o fizer por si mesmo antes) são ataques de saqueadores que vêm só para destruir uma construção, ou lançar veneno nos habitantes, ou ainda, incendiar tudo. Este último é complicado, pois o fogo se alastra por construções próximas. A forma de impedi-los é jogando seus dados de soldados para acabar com os saqueadores antes que eles arruínem as coisas.
O segundo perigo é o inverno. Se você não se preparar bem, construindo os principais estabelecimentos necessários para enfrentar a temporada, é possível que todos os seus dados congelem e terá que esperar pela chegada do verão, isso se os saqueadores não aparecem e acabarem com tudo. Se a pressão for de mais, dá pra pedir arrego (renunciar) e acabar com o jogo.
Em minha experiência com o game, tive que iniciar um novo jogo algumas vezes para pegar as “manhas”. Apesar de ser um jogo de construção e gerenciamento, ele até que faz isso de forma simples. Os desenvolvedores dizem em sua página que “gostam de oferecer uma experiência que seja profunda, ainda que seja fácil de se familiarizar”, e é exatamente o que acontece em Dice Legacy.
Graficamente falando, o jogo é bonito, mesmo que não tenha nada demais para mostrar. O mundo ser anelar é algo bem interessante. Conforme você avança no mapa, percebe que tudo é circular, o que é bem diferente. Algo que incomodou eram alguns “slow downs” conforme eu navegava com câmera para cima e para baixo. Isso acontecia em alguns momentos. Tirando isso, é um jogo leve e muitos PCs estão aptos para rodá-lo, além do Nintendo Switch. O jogo sairá no dia 9 de setembro.