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A Sony Interactive Entertainment revelou oficialmente o seu “PlayStation Project Q”, o console portátil onde você poderá fazer streaming de todos os seus games de PS5 na palma de suas mãos – conectados na mesma rede Wi-Fi. A partir disso, iniciou o bullying e ele está sendo já chamado de “Wii U da Sony” desde a apresentação do dispositivo.

Porém, por mais que nosso antigo console da Nintendo seja uma verdadeira trapalhada comercial e não tenha as mesmas proporções de engajamento em comparação ao Switch – por exemplo – temos de dar os créditos ao que ele merece: o Wii U era essencialmente melhor do que nós veremos na performance do novo portátil da Sony e existem uma série de razões para refletirmos na injustiça: com o antigo, não com o novo.

Para isso, vamos dar uma analisada no que temos em mãos do que foi revelado e os conceitos que levaram um videogame do passado ter um conceito e ideias melhores do que estamos vendo atualmente. Longe de mim defender o Wii U, mas neste aspecto nós temos de admitir que não estamos certos em ridicularizá-lo.

As últimas décadas

Para mergulharmos no âmbito da discussão de PlayStation Project Q Vs. Nintendo Wii U, temos de analisar as últimas décadas de desenvolvimento de hardware. Não em seu poder, mas sim no conceito apresentado por eles e o que tinham em mente antes do lançamento das plataformas citadas.

O top 3 de videogames mais vendidos de toda a história consiste em PlayStation 2, Nintendo DS e – atualmente – Nintendo Switch. Quando o portátil da Big N foi lançado em 2004 e logo se transformou em uma febre, os executivos não se contiveram na vontade de replicar o seu sucesso também nos consoles de mesa.

O Nintendo DS e seu sistema de duas telas era um sucesso estrondoso pelas diversas funções que poderiam ser executadas. Menu, mapa, comandos adicionais e até mesmo troca de personagens podendo ser habilitados na tela de baixo, enquanto a de cima rodava os jogos propriamente falando. Ter um touchscreen era um charme a mais, assim como títulos como The World Ends With You brilharam ao abusar de sua tecnologia.

Ao menos o Nintendo DS e o Wii U tinham funções

Com o Game Cube já lançado e um Wii em produção, restou ao Nintendo Wii U herdar seus aspectos. A segunda tela que era segurada pelo GamePad te assegurava diversas opções distintas dentro dos games. Em Zombi U, por exemplo, funcionava como um guia com o mapa nas suas mãos. Isso sem citarmos as ferramentas de Super Mario Maker, a visão avantajada de Star Fox Zero e até The Wonderful 101 com suas nuances. O PlayStation Project Q, bem, só tem a função de streaming e nada além disso.

Esta segunda tela do GamePad não existia ali apenas para replicar o que estava em seu televisor ou monitor. Ela era uma ferramenta adicional, permitindo que o uso fosse ampliado para várias funções que um título podia tomar vantagem. Vamos de exemplos mais recentes? Sabe o The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, aquele que dei 10 na nota em um de nossos últimos reviews? É um saco ter de pausar ele toda vez para analisar o mapa – quando o Wii U contornaria isso sem ao menos piscar, oferecendo uma função de visualizá-lo em seu GamePad.

A Nintendo estava claramente replicando o conceito visto no Nintendo DS, acreditando que o sucesso do portátil seria automaticamente adotado pelos usuários do console de mesa. Um tiro no pé, talvez. Porém, o coração e as ideias estavam no lugar certo. O Switch chegou e corrigiu bastantes conceitos errados que eles tiveram de hardware, além de ter corrido atrás do suporte da indústria de volta. No entanto, ele não é o demônio que todos o acusam de ser.

A segunda tela era um complemento, não uma réplica

Enquanto isso, no presente…

Aí vimos o PlayStation Project Q, qual parece interessante na teoria, mas é uma verdadeira bomba relógio que a Sony Interactive Entertainment botou em suas próprias mãos. Literalmente, neste caso. O aparelho não funcionar longe do videogame – qual realmente tem semelhanças com o Wii U, porém apenas neste aspecto – e o fato de não ter nenhuma novidade nele é uma desonra ao legado deixado pelos PSP e PSVita.

Considerando que o Wii U tinha sim funções adicionais e que complementavam a experiência do usuário tornam o seu uso superior, é um fato. No entanto, a companhia rival não aprendeu nada com sua rival e não tentou ao menos torná-lo uma ferramenta tão interessante quanto e nem sequer se aproximou do Nintendo Switch em sua ideia. É apenas um espelho de sua tela, o que poderia ser replicado em smartphones como o xCloud – da Microsoft, qual todos amam criticar também.

A Microsoft também acertou a sua ideia

Longe de mim ser defensor de empresa X ou N, com o perdão do trocadilho. No entanto, ao menos ambas apresentaram oportunidades únicas e conceitos que tinham o seu próprio charme, você gostando dele ou não. Se o PlayStation Project Q pudesse agir isoladamente ou te auxiliar em tarefas inéditas dentro do PS5 seria o mínimo para aproximar o seu produto do que já existia no mercado. Porém, nem isso foi feito.

Antes de permanecermos mais neste debate do que deveríamos, vamos botar a mão na consciência e refletir: o Nintendo Wii U, junto ao seu GamePad, são sim uma tragédia. Ainda assim, era um acerto técnico que replicava a visão do Nintendo DS – o segundo videogame mais vendido de toda a história. Uma pena que continham públicos distintos, preços diferentes, apoio incondicional da indústria para um e abandono do outro e vários fatores que contribuíram para o auge do portátil e o fracasso do console de mesa.

Porém, comparar ele com o novo portátil da Sony é desmerecer uma grande sacada que a companhia teve – e apenas não teve uma execução que carregou isso de forma brilhante. O PlayStation 5 e seus usuários mereciam mais do que uma plataforma que não consegue replicar nem o que foi visto no Wii U e nem preciso dizer o quanto isso se distancia do Switch. Então vamos parar de compará-los, já que claramente um ainda pode ser sentido falta por alguém, enquanto o outro já nasceu fadado ao esquecimento.