Como funciona o Nuzlocke em Pokémon?
- Regra 1 – Apenas o primeiro Pokémon de cada local visitado pode ser capturado. Se derrotá-lo em batalha, sua chance se perdeu ali.
- Regra 2 – Se o seu monstro de bolso chegar a 0HP, terá de descartá-lo do seu time.
- Regra 3 – Caso a sua equipe inteira perder o combate, você recomeçará o jogo do zero
Mesmo com a minha derrota completa em Pokémon FireRed, cá estava eu depois de viajar outro continente de frente a mais um desafio da Elite dos 4. Foram oito insígnias e vários companheiros perdidos. Meu monstrinho inicial, Combusken, caiu ainda em Dewford. Linoone não sobreviveu ao ginásio elétrico de Mauville. Flygon foi o último a ser perdido, contra Liza & Tate. Agora só me restavam duas perguntas: quem mais eu poderia perder dentro da Liga e será que eu finalmente me consagraria o Campeão?
Desafio sombrio
Assim que você sobe as escadarias principais da Elite dos 4 de Hoenn, o primeiro adversário de Pokémon Emerald é Sydney, especialista nos monstros do tipo Noturno. Mesmo com bons membros em meu time, decidi começar com Beautifly. Se eu tinha uma certeza em minha vida é que ele seria um dos primeiros que cairia ali e eu permitiria à criatura ao menos a chance de lutar contra isso. Por ser super-efetivo contra a equipe adversária, não tive receio de chegar já com ele ao ataque.
Como o esperado, meu oponente começou a batalha com um Mightyena e mesmo assim o movimento Silver Wind não foi capaz de abatê-lo de primeira. Aí já me subiu um frio na espinha, pois o oponente usou o golpe Crunch. Para a minha sorte, treinei toda a minha equipe o bastante para isso não ter poder para derrubá-lo e apliquei o mesmo golpe e selar sua sobrevivência ali. O segundo monstro foi Absol e eu sabia que ali não adiantaria manter a minha estratégia, me vendo obrigado a lançar o Camerupt em ação.
Convenhamos, ele sozinho era a minha garantia de passar de metade da Elite dos 4 em Pokémon Emerald sem muita preocupação. E, para ser bem sincero, não me decepcionou em nada. Com todo o seu poder ele abateu Absol, Shiftry e Cacturne como se não fossem absolutamente nada. Apenas quando Sydney liberou Crawdaunt que me vi obrigado a trocar para meu Electrode e finalizei o combate em saldo positivo. O primeiro passo foi dado e sem nenhuma queda, qual eu gostaria de manter. Infelizmente, nem tudo é como nós gostaríamos, não é?
A segunda oponente do grand finale era Phoebe, a especialista do tipo Fantasma. Mesmo com Banette em meu time, não era uma segurança completa de devastar a treinadora. Mesmo com Faint Attack e um ATK altíssimo, a garantia deveria ser meu Shadow Ball e o SATK maior. De qualquer forma eu movi ele para começar a batalha e me deparei logo de cara com o Dusclops. Com uma DEF e SDEF absurdas, por pouco não passei por uma queda logo ali.
Meu maior problema é que ela não tem apenas um como seu Pokémon defensor, mas dois. Banette é uma criatura poderosa, mas vi que ali não daria conta sozinha de todo o combate. Assim começou o meu temor, até porque eu estava confiante com o meu time e não queria passar o mesmo apuros que tive no fim do Planalto Indigo contra Blue e seu Alakazam a tiracolo. Contra o Campeão eu precisaria do time completo e só de pensar em perder algum membro já me deixava apreensivo.
Com a pressão começando a aparecer e a preocupação de perder algum dos meus monstros, fiz o mesmo que o combate anterior e alternei para não ter dor de cabeça. Camerupt veio ao resgate novamente, eliminando os dois Banettes de Phoebe e o Exploud finalizando o combate contra o Sableye. Você pode julgar o quanto for preciso, mas com os movimentos Earthquake e Blizzard eu me garanti. Cheguei na metade da Elite dos 4 pelo menos.
O adeus dos Pokémon dragões
Da mesma forma que encarei Sydney no início dos combates finais, fui para cima de Glacia em Pokémon Emerald. Sua especialidade era as criaturas do tipo Gelo e eu estava mais do que preparado para enfrentá-los. Naquela época ainda não havia muita variedade e a maioria ou eram puros ou misturavam com o tipo Água. Electrode e Camerupt foram concebidos para detonar isso.
Aí você vai olhar e pensar “hmmmm, mas o Camerupt também é do tipo Terra”, que significa que haveria uma fraqueza inerente aos movimentos congelados e deixaria tudo neutro em batalha. Porém, é o mínimo que eu precisava com um monstro tão versátil quanto ele. Principalmente quanto se tem Eruption ao seu lado, não é? Foi com essa mentalidade que eu fui…
…E eu não poderia estar mais certeiro. O exército de Pokémon foca de Glacia nem deu para o cheiro, com os Sealeo e Walrein não aguentando os golpes elétricos de Electrode. Por mais que a evolução final tenha resistido inicialmente, ela não deu trabalho. Já os dois Glalie encararam o inferno vulcânico de meu camelo, sem chance alguma de sobrevivência e me permitindo a passagem para o último membro da Elite dos 4 com o time intacto.
Apesar da confiança, eu sabia muito bem o que ia encarar com Drake no último estágio. Assim como Lance em FireRed, ele me aguardava com seus poderosos dragões contra mim. Ou seja, ali vinha o Salamence, meu maior temor e a razão pela qual eu senti falta de Flygon em minha equipe. Porém, não tinha nada a temer com Gyarados e Exploud com movimentos do tipo Gelo, certo?
Fui seguro com minha serpente marinha logo de cara e veio Shelgon. Como é uma forma mediana da grande ameaça, o Pokémon não representou problema algum e foi um confronto tranquilo ali. Porém, contrariando minhas expectativas, Drake liberou a forma final do dragão logo em seguida e preferi seguir com meu Exploud e seu Blizzard. Aí meu nervosismo foi a mil, com a sobrevivência ao ataque e uso de Full Restore, além de ter um Dragon Dance engatilhado contra mim.
O que ele não contava é que o uso do item me daria, praticamente, um turno extra. Eu só não poderia errar o golpe, algo que acontece com uma facilidade gigantesca. Para a minha sorte, Exploud mostrou um desempenho excepcional e acertou Salamence duas vezes, derrubando o titã. Minha maior ameaça estava caída. Altaria foi derrotado logo em seguida contra Electrode e o Flygon teve de encarar meu Exploud também e não deu conta. Obviamente o último seria outro Shelgon e a batalha estaria decidida. Grande engano, caros leitores. Ali veio Kingdra.
Obviamente que já tinha enfrentado o Pokémon anteriormente, no ginásio de Sootopolis, mas foi um dos combates mais complexos que tive dentro da versão Emerald. Ali eu vi mais de um monstro meu correr risco de cair e, com toda a certeza, o que via em minha frente era mais poderoso que aquele. Para garantir que ao menos eu não tomaria movimentos super-efetivos, joguei Gyarados.
Capturei ele ainda Magikarp, na cidade de Dewford, no início do jogo e logo após conseguir minha primeira vara de pescar. Uma aposta segura para qualquer jogador que ouse iniciar o Desafio Nuzlocke, já que sua evolução é capaz de varrer times inteiros. Era só não colocar na frente de nenhuma criatura elétrica que estaria garantido. Ele me acompanhou por 90% do jogo e obviamente não me desapontaria contra o dragão marinho, mesmo não tendo uma vantagem muito ampla.
Entre essas memórias e o que acontecia em minha frente em Pokémon Emerald foi um filme. Kingdra usou o movimento Body Slam e derrubou a minha serpente como se ela não fosse nada. O primeiro do meu time que caiu na Elite dos 4, justamente o que me garantiria um respiro nessas etapas finais. Banette teve de sair e forçar a vitória sobre Drake, porém o preço desta batalha foi altíssimo em minha equipe. Mesmo com acesso à sala do grande Campeão, os passos foram com pesar no adeus ao Gyarados. Um peso que me afetaria, infelizmente.
VS Wallace
Chegando ao salão principal do Campeão, Wallace me parabeniza por ter chegado até ali. Porém, não era de sua vontade abdicar do seu posto sem uma batalha, então só me restava o conflito final do jogo. Apesar de eu não ter sucesso em minha última run e da queda de um dos meus principais monstros, botei Electrode logo de cara por já saber a especialidade do meu adversário: Água.
Obviamente o Pokémon esférico e meu Beautifly foram mantidos na equipe para esta situação e não tinha qualquer razão para temer. Certo? Ele iniciou o combate com Wailord, qual resistiu ao primeiro Thunderbolt de minha criatura, mas que caiu logo em seguida. Eu perdi um pouco de HP, pensei em trocá-lo, mas o próximo seria o Gyarados próprio do rival. Com certeza o meu seria rápido o bastante e continuei, finalizando com ele com outro raio sem o menor pudor.
Wallace resolveu mudar a maré da batalha e liberou Whiscash, qual Beautifly abateu com facilidade utilizando o seu Giga Drain. Quem diria que a borboleta iria tão longe, não é? Para um monstro que capturei nas rotas iniciais e fraquíssimo, abater as criaturas do Campeão era algo surreal. Em seguida, na troca de monstros, ele trouxe o seu Milotic, o principal de seu time. Obviamente retornei para o Electrode para continuar o rumo de sucesso que seguia.
Mesmo com um Thunderbolt, Electrode não tirou nem metade do HP do Pokémon adversário. Milotic estava munido com Surf, o que foi uma grande ameaça se eu considerar que a vida do meu não é tão vasta e sua SDEF não é aquelas coisas. Porém, nem mesmo a serpente adversária me impediu de avançar, sendo derrubada com uma sequência de três golpes seguidos do meu movimento elétrico mais poderoso.
Um Tentacruel veio em seguida, ameaçando finalizar com o meu Electrode com seus golpes venenosos, mas que não foram o suficiente para se manter em combate. Por fim, Wallace liberou o Ludicolo, qual precisei invocar novamente o Beautifly. Era o meu monstrinho mais antigo e seria com ele que eu terminaria essa batalha final. Um Silver Wind foi o suficiente para derrubá-lo, justamente por possuir o tipo Planta e ser fraco contra insetos no geral. Eu venci.
Pessoalmente falando, registrado ou não, este é o primeiro Nuzlocke que eu tinha encerrado. Com um time equilibrado, apesar da má sorte e erros no caminho. Finalizado com o Beautifly, um Pokémon frequentemente deixado de lado no início da aventura. Com apenas uma queda no time, que Gyarados descanse em paz. Eu era o novo campeão de Hoenn.
Isso indicava o fim da jornada iniciada em Pokémon FireRed e a todos que perdi no caminho para me tornar o melhor treinador. Foi um time inteiro em Kanto e grande parte do meu em Hoenn. Poochyena, Combusken, Makuhita, Linoone, Flygon e Gyarados lutaram bravamente para permitir que eu chegasse ali. Inúmeros combates e, finalmente, uma grande vitória.
Red, a partir dali, iria para casa e descansaria. Se consagrar o grande Campeão era um feito inédito, para ele e para mim, garantindo que ele não passasse novamente por estes desafios, certo? Errado, caros leitores. O mundo Pokémon é gigantesco e eu só encontrei 386 dos mais de 900 que existem por aí. Dois continentes dos oito conhecidos. A mochila estava pronta para o próximo passo, uma nova aventura que virá em breve. Reservo duas palavras para os mais ansiosos: “Sinnoh confirmed”.
Nos vemos por aí!