Dos muitos sentimentos experimentados no fim do ano passado, um dos principais foi aquela tentação de embarcar na nova geração logo de cara, assegurando que a próxima leva de títulos chegasse com aquele cheirinho de coisa nova e que futuros games lá no horizonte distante fossem, ora, jogáveis. Fora, é claro, pela chance de jogar Cyberpunk 2077 em condições decentes, ficando entre pegar um PS5 ou um Xbox Series S.
Escolhi a segunda opção por uma série de motivos, obviamente a primeira sendo o valor um pouco mais “acessível” da máquina. Além disso, possuindo uma assinatura do Xbox Game Pass Ultimate e cada vez mais me habituando à variedade de títulos oferecidos no serviço, o Xbox Series S é um aparelho que garante um fluxo de games saudável sem ter que torrar no mínimo 350 reais em jogos individuais.
Lidando com o armazenamento limitado do aparelho, algo que nem foi tão desafiador assim já que não sou muito de acumular games instalados no hard drive (ou melhor, SSD agora que estamos em outra geração), fui aproveitando um leque satisfatório de jogos no fim de ano com um upgrade até que bem razoável de performance, muitos atingindo a desejada marca dos 60 quadros por segundo.
Porém, no fim das contas, não enxerguei muito à frente e agora me deparo com uma situação preocupante: a atual e futura seca de games de 2021. Não é segredo que a pandemia alterou o ritmo de produção dos joguinhos, mas talvez não fosse tão aparente assim a todos que, se 2020 já revelou alguns reflexos desta crise nos jogos, 2021 exibiria ainda mais sintomas de uma indústria impactada.
Além disso, com acordos de exclusividade aqui e acolá, com alguns títulos que chegarão apenas DOIS ANOS depois na plataforma da Microsoft (e acredite, no futuro veremos o caso inverso também), a seca será agravada para uma série de gamers que optaram pela opção mais econômica do pedaço (ou, no caso, nem fizeram o pulo para a próxima geração).
Será uma questão de paciência até vermos o resultado das múltiplas aquisições feitas pela empresa. Ainda assim, exclusivos são apenas uma pequena porcentagem dos games que chegam ao público, e mesmo com a lineup impressionante anunciada pela Sony, é só uma questão de tempo até vermos também os reflexos dessa pandemia em sua agenda e seu catálogo.
Para todos nós, 2021 também será muito provavelmente marcado por uma série de novos adiamentos multiplataforma, encabeçados agora por Hogwarts Legacy, o aguardado RPG no universo de Harry Potter, que será apenas lançado no ano de 2022. Talvez esse ainda seja o caso de alguns games third party e até first party que vimos anunciados nas conferências do ano passado, muitos deles sequer datados.
Não apenas os jogos estão sendo adiados, como também os upgrades para a próxima geração são empurrados junto, como é o caso de Cyberpunk 2077. Chegando apenas na segunda metade de 2021, a versão next-gen do título da CD Projekt Red pode não chegar cedo o suficiente para redimi-lo aos olhos de muitos jogadores, embora os três novos consoles, incluindo o Xbox Series S, entreguem um resultado por ora satisfatório.
E aí temos a leva de títulos apenas anunciados, muitos dos quais levarão anos para chegar às plataformas. Indiana Jones da Bethesda e produzido pela Machine Games? Uma grande promessa, mas que provavelmente só veremos acontecer lá pelos meados da década. O mesmo vale para os títulos de Star Wars, alguns já anunciados e outros apenas na fase dos rumores. Pode sentar e esperar, ou melhor, jogar o que tem pra hoje.
Então se você adquiriu um novo console esperando novidades logo de cara e está se sentindo feito de bobo, não está sozinho. Resta agora aproveitar games como Cyberpunk 2077, Assassin’s Creed Valhalla ou Immortals Fenyx Rising ao máximo enquanto se espera o restante da boiada chegar às prateleiras digitais e as aquisições bilionárias mostrarem ao que vieram.
Falando em Immortals Fenyx Rising, vamos aos jogos que têm me mantido ocupado nestas últimas duas semanas. O RPG de aventura da Ubisoft pode ter copiado a fórmula de Breath of the Wild, mas é aquela coisa: se for copiar, que copie do melhor. O tom leve da história e o sarcasmo das personagens também torna a jogatina mais prazerosa do que o esperado, dando à caça por ícones um tom diferenciado. Fora que o título roda a suaves 60 quadros no Xbox Series S.
Também iniciei The Dark Pictures: Man of Medan junto de minha namorada e posso dizer que a coisa mais assustadora do título da Supermassive Games é sua lentidão para apresentar algum conflito ou tipo de tensão na história. Pelo menos está disponível via Game Pass, de onde tenho tirado alguns exemplares curiosos para futuros textos, e pode ser jogado em multiplayer, seja online ou passando o controle localmente, como foi o meu caso.
Ou seja, têm sido tempos extremamente lentos para jogar coisa nova, então fica aqui o alerta para aqueles que cogitam embarcar nessa nova geração: tenham paciência de sobra. Aos restantes, deixo o conselho para que aproveitem suas máquinas last gen com carinho e atenção. Se elas conseguiram carregar o serviço até aqui, com certeza devem ainda ter o que oferecer no próximo ano ou dois. Isto é, se o caso de Cyberpunk continuar sendo uma exceção à regra.