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O ano é 2005 e estreava Batman Begins nos cinemas. Como um extremo choque, era a primeira vez que víamos super-heróis de uma forma mais séria e menos extraordinária. Christopher Nolan trouxe Bruce Wayne de uma forma realista, não apenas mostrando o seu lado heroico, mas também dando destaque à pessoa sem sua máscara. Isso ditou o mercado de filmes do gênero a partir dali e fez o mercado ver o quanto a proposta era viável, gerando até o Universo Cinematográfico Marvel em seguida.

Porém, não foi apenas o cinema que se beneficiou dessa proposta. Jogos de super-heróis, até ali, não tinham tanto atrativo por serem meras adaptações dos filmes que saíam ou um apanhado de ideias genéricas inclusas num gênero. O máximo que escapava disso era Marvel Ultimate Alliance e eram necessárias uma nova fórmula para renovar e atrair um público que já estava cansado da mesmice. Isso seguiu até a Rocksteady apresentar um novo projeto, levando o homem-morcego para uma aventura mais simples, porém não menos densa.

Batman e a Origem da Justiça

Batman Arkham Asylum lançou em 2009 e trazia a mesma proposta da contraparte cinematográfica, apesar da diferença de ambientação e roteiro. Nela não havia lutas animadas, humor escrachado ou aquelas cenas constrangedoras que forçam a barra. Bruce Wayne estava preso com os seus maiores inimigos e era obrigado a tratar a situação como tal. Com suas habilidades de detetive e contando com sua inteligência, seu plano era não permitir que o Coringa escapasse. Além disso, os combates respeitavam seu limite físico, mesmo com sua agilidade superior. Sabendo que alguns socos eram capazes de derrubá-lo, tornava a brutalidade e violência em algo natural ali.

Apesar do palhaço do crime ser o vilão do título, você enfrentava muitos outros inimigos durante sua jornada dentro da prisão-hospício. Killer Croc, Arlequina, Hera Venenosa, Bane, Espantalho e vários outros apareciam para impedir o sucesso de sua missão e você era obrigado a confrontá-los em seu próprio território. Mesmo ambientado no mesmo universo das HQs, qualidade da qual não fugiu em nenhum momento, estava claro o seu distanciamento dos demais e assumindo uma posição mais dura. Afinal de contas, tudo que ele tem é sua inteligência, dinheiro e habilidades em combate ao contrário de um corpo à prova de balas ou anéis galácticos de energia.

Artigo do Batman e os Games

Arkham Asylum trazia um jogo de gato e rato com o Coringa.

Não deu outra, o jogo saído para PlayStation 3, Xbox 360 e PCs foi um sucesso. Tanto que, além das milhões de unidades vendidas, rendeu duas sequências, um prequel e até mesmo remasterizações para a atual geração de consoles. Batman Arkham City e Batman Arkham Knight não fizeram por menos, demonstrando que a desenvolvedora soube trabalhar de forma magnífica a saga e até hoje há rumores de que existe um novo game da série a caminho. Arkham VR também teve a proeza de trazer o primeiro game de heróis em realidade virtual, fazendo você se tornar o homem-morcego de vez. A partir disso, ninguém diria que existiam limites para a DC Comics nos games.

O que Batman Begins fez para a indústria do cinema, Batman Arkham Asylum produziu o mesmo efeito no mercado de games. Ainda que a Marvel tenha tentado manter suas adaptações de filmes com X-Men Origins: Wolverine, Thor: God of Thunder e Captain America: Super Soldier, elas claramente não obtiveram o mesmo sucesso que o jogo da DC. Na verdade nem passaram perto. Deadpool foi um caso a parte, porém era uma vitória em 2013 enquanto a editora-rival já estava colecionando prêmios. Batendo a estaca no caixão, uma parceria com a Netherealm Studios trouxe Injustice, que coloca a Liga da Justiça para cair na mão.

Injustice trazia muita pancadaria ao mundo dos heróis.

Com a mesma mecânica de Mortal Kombat, um enredo que trazia mais seriedade e contando com uma HQ especial para ambientar as pessoas nos eventos que rolavam durante o salto temporal do jogo, Injustice não só conquistou o mercado de jogos de luta como é uma das principais franquias da Netherealm junto à MK. Ouso dizer que nessa geração é até esperado com ansiedade novos lançamentos para ver quais novidades trouxeram nos dois títulos que temos atualmente.

Porém, existem dois tipos de rivais. Aqueles que apenas batem de frente e os que veem no acerto do outro uma oportunidade para brilhar. Após uma última tentativa de produzir uma adaptação com The Amazing Spider-Man e falhar, a Marvel tirou o cavalo dela da chuva. Enquanto a DC seguia para o final de sua franquia Arkham e para um segundo Injustice, a campeã dos cinemas com seus grandiosos filmes não conseguia emplacar tantos jogos.

Esse era uma mera adaptação das aventuras do teioso.

Até mesmo a Sony, através da Sucker Punch, conseguiu emplacar uma franquia mais densa de pessoas que possuem poderes com inFAMOUS. Com três jogos e dois standalones, apesar de seus altos e baixos, é bem querida pelos fãs e soube surfar muito bem na onda do hype que a sociedade estava nutrindo com esse boom do gênero. Só faltava a Casa das Ideias conseguir emplacar algo para chamar atenção neste nicho também.

O despertar da Marvel

Ainda que fazendo sucesso no mercado mobile, ainda faltava trazer algo para os jogadores hardcore. A Marvel até mesmo conseguiu emplacar personagens exclusivos dos jogos para smartphones nos quadrinhos, como o caso de Luna Snow e Sharon Rogers, a filha do Capitão América. Porém, nada que realmente tivesse chamado a atenção do seu público para a divisão de jogos eletrônicos da empresa.

Sharon Rogers foi dos games aos quadrinhos.

Isso sem citar o fiasco imenso que foi Marvel VS Capcom Infinite. Tentando recriar o que vemos nos filmes no game de luta, gerou ainda mais ódio e reações negativas. A razão? Pela editora ainda não ter os direitos cinematográficos para utilizar os X-Men e o Quarteto Fantástico na época, um grande boicote tinha sido iniciado e trouxeram apenas os heróis que tinham sua contraparte nas telonas para o jogo. Ninguém curtiu a ideia e a Capcom até tentou emplacar ele, mas vendo que era sem sucesso tirou ele de vista.

Isso tudo mudou em 2016, quando a Insomniac Games, responsável por Ratchet & Clank, anunciou Marvel’s Spider-Man. Semelhante aos jogos de mundo aberto do teioso, que já existiam no PS2 e tentaram recriar no PS3, a história prometia um enredo mais sério e fazendo exatamente o que Batman Arkham Asylum reproduziu em sua época. Peter Parker era um herói adulto, vivido uma grande parte de suas aventuras e tendo de dividir o traje com sua vida pessoal.

Marvel’s Spider-Man lançou em 2018 e deu outra cara à editora.

Lançado em 2018, nem devo explicar as inúmeras razões de por quê ele foi um sucesso, certo? Não seria ousadia dizer que ele conseguiu trazer a Marvel de volta aos holofotes e criou esperança em vários fãs de vermos outros jogos parecidos. Com uma sequência confirmada ao PlayStation 5 e vários produtos multimídia sendo desenvolvidos em separado, criando até a linha Gamerverse nas HQs, o Homem-Aranha conquistou o coração dos fãs e dos gamers no PS4.

Emplacando outro gol exclusivo em sequência, o Nintendo Switch também recebeu Marvel Ultimate Alliance 3 trazendo tudo que fazia sucesso nos filmes, quadrinhos e desenhos. O Aranhaverso, Guardiões da Galáxia, Vingadores, X-Men e até os Defensores ganharam seu devido destaque e, apesar do visual cartunesco, também foi um excelente título que garantiu vários pacotes de DLC e conteúdo adicional gratuito posteriormente. Podendo jogar com até quatro pessoas e um imenso hall de personagens, era o que faltava para dizer que tinham voltado com tudo.

Com mais de 40 heróis, Marvel Ultimate Alliance 3 foi um sucesso.

E fechando a tríade dos últimos games, tivemos nessa semana o lançamento de Marvel’s Iron Man VR, que também trazia a primeira aventura completa em realidade virtual da editora. Enfrentando a Ghost, o Homem de Ferro teria sua vida revirada e teria de usar suas habilidades na armadura para vencer essa ameaça. O nome da vilã não é estranho, já que ela participou nos cinemas do filme do Homem-Formiga e a Vespa.

Obviamente, isso nos faz chegar em Marvel’s Avengers. O futuro jogo dos heróis mais poderosos da Terra ainda nem saiu, porém promete seguir a mesma ideia que os demais. Num enredo pesadíssimo, o Capitão América é morto num cerco que os vilões prepararam aos Vingadores, onde parte de São Francisco também foi destruída. Após a separação do grupo e cada um vivendo fora de seu uniforme, uma inumana chamada Kamala Khan surge na porta do Hulk para mostrar que descobriu que tudo aquilo foi um golpe.

Batman e o legado dos games

Kamala Khan é o rosto jovem no jogo dos Vingadores.

A partir desse ponto, ela e Bruce Banner partem numa jornada para reunir os demais heróis e salvarem a humanidade das garras da I.M.A. – Ideias Mecânicas Avançadas e seu grande chefe, M.O.D.O.K. Esse será o primeiro título de super-heróis que a Square Enix produzirá em toda sua história, através da Crystal Dynamics, e há muita expectativa de que ele traga uma versão completamente distinta do que já vimos desde que o primeiro filme do Homem de Ferro surgiu.

Guerra sem Fim

Vale notar que não citei nenhum jogo da linha LEGO, porém essa trouxe várias aventuras para a criançada brincar e se divertir. Com uma trilogia de LEGO Batman, LEGO DC Super Villains, dois jogos da série LEGO Marvel Super Heroes e um LEGO Vingadores, isso sem falar de LEGO Os Incríveis, eles estão mais do que habituados a trazer todo esse repertório para o público infantil.

Batman e o legado nos games

LEGO Batman fez um imenso sucesso, virando uma trilogia.

Apesar de mais nada ter sido anunciado, a Warner Games não ficou tão para trás quanto todos imaginam. Mesmo sem um título novo há três anos, desde Injustice 2, tudo indica que existem alguns games sendo criados para trazer ainda mais heróis da DC. Há rumores de um game da Liga da Justiça, Esquadrão Suicida, um novo lançamento do Batman trazendo um confronto entre ele e a Corte das Corujas e, mesmo sem anúncios, a própria Netherealm já declarou que está trabalhando num novo Mortal Kombat e Injustice para as próximas gerações.

A empresa realizará uma apresentação na Summer Game Fest 2020 trazendo seus futuros títulos, onde com certeza um deles será revelado. Ou quem sabe algo que não estava nem sendo abrangido nos rumores? O universo dos heróis é gigantesco e muitos deles ainda não receberam seu devido destaque nesse nicho. Vamos colocar, por exemplo, que Superman, Mulher-Maravilha e até o Arqueiro Verde mereciam um título e não brilharam ainda.

Batman e o legado nos games

Superman merecia um jogo melhor, não concordam?

Porém não espere que a Marvel fique para trás nisso. Com um alto investimento em Marvel’s Avengers e conteúdos gratuitos já sendo divulgados antes do lançamento, foi prometido suporte ao game por dois anos inteiros de material inédito chegando. Além do Spider-Man: Miles Morales, porém, não há mais nenhum outro jogo da empresa que tenha sido anunciado recentemente.

O grande boom dos games de super-heróis já está entre nós e conforme as ideias vão melhorando, pode ter certeza que veremos mais deles nos nossos consoles e portáteis. Começando em Batman Arkham Asylum, tudo que foi criado até aqui e o que virá além trará um material ainda mais rico e trazendo histórias que honrem o material original na próxima geração. Com ela já iniciando com tudo trazendo Miles Morales no PS5, talvez os próximos passos sejam ainda mais promissores do que aqueles que o ajudaram a chegar até aqui.