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Quando percebi que teria que fazer análises dos jogos em VR para o Gamerview, fiquei feliz e extremamente preocupado ao mesmo tempo. Como analisar, mensurar e discutir um jogo que envolve uma tecnologia tão inovadora, separando o jogo da tecnologia? Parece confuso, não? Infelizmente a tecnologia ainda cria algumas amarras, então tentarei ao máximo separar para vocês o que é bom/ruim tanto no ponto de vista do jogo quanto no VR em si.

Aqueles que nunca experimentaram óculos de realidade virtual, experimentem. Pessoalmente, acredito que a tecnologia faça parte do futuro dos games, não da forma atual, mas com certeza estará presente com força lá na frente. Por ser uma tecnologia inovadora, as equipes de design ainda estão aprendendo a projetar para ela e isso é refletido na maioria dos jogos e, adivinhem, Batman Arkham VR não foge à regra.

O jogo é curto. Muito curto. Poderia muito bem ter sido uma DLC, um Stand-Alone mais barato. Não acredito que ser lançado como “jogo de caixinha” dê a credibilidade correta ao jogo. A experiência dura em torno de 1 hora com os mais apressados e, no máximo, 2 horas para aqueles que curtem explorar. Repararam que eu citei “a experiência” e não “o jogo”? Essa é a impressão que tive com Batman. É muito mais uma experiência que fugiu dos parques da Disney para o seu PS4 do que um jogo propriamente dito.

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Batman Arkham VR dá o seu start na clássica cena da morte dos pais de Bruce Wayne e, ali, você já sente o grande poder da magia do VR. Na cena, você é apenas uma criança e vê os adultos de baixo pra cima, pessoas gigantes, trazendo a lembrança de quando éramos crianças e no intervalo citávamos os mais velhos como “os grandes”. A imersão é fantástica desde o início. Logo após essa abertura, você salta para o tempo atual na mansão Wayne e ali começa a entender como funcionará toda a mecânica do jogo.

É pura exploração. Segurando os controles PS Move, você aperta teclas de piano, segura objetos, tudo como se fossem suas mãos e com extrema facilidade, sem bugs que atrapalhem a experiência, deixando tudo bem mais agradável. Ao descer à Batcaverna, você tem o prazer de se vestir como o homem morcego, peça por peça. O seu cérebro dá até uma pausa quando você olha no espelho e, BANG!, você é o Batman! Confesso que fiquei pelo menos um minuto fazendo dancinhas e gestos, afinal, não é sempre que podemos encarnar um dos nossos heróis favoritos. A fidelidade de movimentos é muito legal, você literalmente coloca as armas em sua cintura e puxa os batarangs (aqueles boomerangs em formato de morcego) do seu clássico cinto de utilidades.

O jogo se resume a realizar ações sequenciais que funcionam como quebra-cabeças para você, e não para sua personagem, se é que me entende. Por exemplo: realizar exames de sangue e consultar os computadores da batcaverna. Nas batalhas, você também irá se deparar com esse estilo de jogabilidade, usando sensores para mirar e travar nos bandidos ou jogando os Batarangs – pois, de fato, você está de pés atados. Aliás, toda a movimentação do jogo se dá pela pistola de gancho que você carrega no cinto, te teletransportando para o próximo local a explorar.

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Falha de design do game? Não. Para ter a imersão na pele do morcegão, somente usando os controles PS Move (que não possui os analógicos), logo não temos como andar livremente. Apesar desse desfalque da tecnologia – a Sony já devia ter atualizado o PS Move no mesmo esquema dos controles do Oculus – o jogo contorna essa falta de movimentação com uma quantidade admirável de coisas ao seu redor (literalmente) para que você possa interagir com as mãos.

A história é breve, o que a deixou rasa e com a função de apenas te guiar. Mas com a ajuda da imersão, ela consegue te levar ao climax, com direito à um final surpreendente. Como a trama é praticamente a base e a graça de toda a experiência, vou deixar essa análise sem spoilers. Deveria ser mais longa? Com certeza, mas se botarmos lado a lado com o que as empresas tem entregado para o VR, está dentro do “padrão” que, com a chegada de Resident Evil 7, espero que seja quebrado e a indústria permita jogos com uma experiência prolongada – eliminando de vez essa estigma do VR só ter jogos curtos.

Finalizando, Batman Arkham VR traz uma ótima experiência em realidade virtual, uma das melhores que já testei, e é com certeza uma adição válida para o seu catálogo. É um jogo que deixa claro as limitações atuais da tecnologia e como a indústria tem que se preparar para evoluir e dribá-las. Mesmo quem não é fã do Homem Morcego irá curtir esta experiência bem produzida e única. Já os fãs, não podem perder este game por nada.

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