A chegada de Ys X: Nordics ao Ocidente um ano depois do lançamento japonês marca um importante movimento para a série ao propor ideias para o gameplay. Desenvolvido pela Nihon Falcom e lançado pela NIS America, o novo episódio da franquia carrega algumas boas novidades para tentar alcançar um público mais atual, além de explorar um estilo de história que foge um pouco do padrão para quem acompanha os demais capítulos da saga de Adol Christin.
Deixando a fantasia medieval de lado e apostando na mitologia celta para o décimo episódio (que não significa ser o jogo de número dez, afinal temos mais de 20 títulos lançados), diversas mecânicas foram implementadas para justificar essa localização histórica e cultural. No entanto, será que essa nova experiência ao misturar exploração, combate dinâmico e narrativa cativante, com as novidades de Nordics, serão o suficiente para ir além do sucesso alcançado com os ótimos Lacrimosa of DANA e Monstrum Nox?
O belo e a fera
Situado entre Ys II: Ancient Ys Vanished e Ys: Memories of Celceta, Ys X: Nordics se passa nas águas geladas do Mar de Obelia, em que Adol Christin, o protagonista, acaba encontrando se envolvendo em disputas entre piratas e bárbaros, com muitas inspirações nos vikings, conhecendo uma nova civilização cheia de mistérios e ameaças sobrenaturais. Na trama, Adol acaba conhecendo Karja Balta, uma espécie de princesa viking pirata dos Norman, e ambos logo são forçados a trabalharem juntos por conta da ligação entre eles através das algemas de mana, uma espécie de vínculo espiritual. Sem escolhas, a dupla acaba reunindo forças para enfrentar os Griegr, criaturas malignas e imortais que ameaçam destruir o mundo.
Com esse plot principal estabelecido, tudo em Nordics surge como um refresco para a série, tendo as inspirações nórdicas e marítimas em sua base para explorar toda mitologia, lendas antigas e batalhas épicas, em terra e no oceano. Mesmo com uma história simples e bem direta ao ponto, a construção narrativa é muito bem feita e interessante pela maneira em como explora a dupla de heróis, relevando os mistérios do passado em torno da mitologia e a presença de mana nesse mundo.
E você não leu errado! Ys X: Nordics é, sem dúvida, um avanço no que diz respeito à jogabilidade, exatamente por trazer a substituição da sua party pelo sistema chamado Cross Action, que permite alternar entre Adol e Karja, ou usá-los simultaneamente em um ataque combinado. Com quatro habilidades mapeadas pelo controle, os jogadores ganharam um nível de estratégia maior pelo incentivo à combinação de golpes em tempo real, ao mesmo tempo em que mantém o combate acelerado e poderes especiais.
Como se não bastasse, a exploração ganhou um espaço que vai além das terras, com ilhas para você explorar através do golfo de Obelia. A sensação de liberdade é contagiante, permitindo ao jogador explorar ilhas e cavernas inóspitas à procura de tesouros e segredos. No entanto, os controles parecem um pouco desajeitados para o seu navio, além de ser lento e repetitivo após algum tempo, mesmo com os adventos das batalhas navais pelo caminho. O ponto positivo fica por conta da evolução do navio Sandras, que envolve o desbloqueio de melhorias e a aquisição de tripulação ao salvarmos os aldeões de Carnac.
Outra conexão com a história envolvendo a presença de mana também é muito bem explorada ao longo do jogo, pois Adol e Karja utilizarão suas “habilidades mágicas” para se balançarem, agarrarem e deslizarem por entre as masmorras, resolver pequenos quebra-cabeças, destruindo obstáculos ou criando plataformas, para otimizar a exploração. Essa mecânica contribui para que as dungeons e ilhas se tornem menos repetitivas e mais atrativas ao serem visitadas, integrando a grande quantidade de atividades disponíveis ao longo do jogo.
O poder da mana
Além da boa construção narrativa e como a história evolui, Ys X: Nordics consegue oferecer muito conteúdo além das missões principais e navegação. São diversas missões secundárias, tarefas e pedidos paralelos, ilhas e dungeons opcionais, missões de libertação, em que você precisa eliminar as forças inimigas, caça ao tesouro e, claro, um joguinho de pescaria. São mais de 30 horas divididos em 10 capítulos para você descobrir mais sobre o passado de Karja, qual sua ligação com a mana, os mistérios ao redor de Rollo Norgungand, a influência dos três males (Arrogância, Nihilidade e Luxúria), o que realmente são os Griegers, e como Adol conseguirá se desfazer dessa conexão com Karja.
Uma das evoluções alcançadas pela Nihon Falcom para este lançamento está no visual do jogo. Depois do salto que vimos em The Legend of Heroes: Trails through Daybreak, Ys X: Nordics consegue ir além pelo cuidado com a construção de mundo e os detalhes para retratar uma mitologia visualmente rica. Mesmo com o Nintendo Switch sofrendo um pouco para rodar o jogo, que talvez seja ainda mais espetacular no PS5, esse novo capítulo da franquia Ys mantém o mesmo nível em como trabalha seus personagens e consegue ir além no carisma, até mesmo para o “vilão”.
A trilha sonora acompanha o excelente trabalho, com elementos típicos do que ouviríamos no norte europeu e com instrumentos que talvez sejam familiares para quem acompanha essa cultura. As músicas acompanham muito bem o ritmo dos combates e as descobertas durante o avançar da história, com alguns temas mais calmos, enquanto as músicas de batalha trazem aquela carga de adrenalina esperada. Infelizmente a dublagem ainda é limitada e com poucos diálogos dublados, o que poderia trazer mais imersão em uma narrativa tão rica.
A resposta para a pergunta do começo desse review é: sim, Ys X: Nordics consegue ser melhor que os últimos dois aclamados jogos e uma excelente adição à série. Com uma história interessante, um sistema de combate renovado, que mantém o estilo tradicional da franquia, e cenários deslumbrantes, o jogo cumpre a promessa de levar Adol a um novo patamar em sua jornada épica. A Nihon Falcom acertou ao integrar a navegação marítima e o modo Cross Action, mesmo que esses elementos possam ter pontos a melhorar. Se você busca um RPG de ação com combates rápidos e uma aventura que mistura mitologia e exploração de uma maneira original, Ys X: Nordics certamente vale sua atenção.
Prós:
🔺 História interessante e com muitas influências nórdicas
🔺 Sistema de dupla deixa o combate ainda mais ágil
🔺 Diversas possibilidades para o uso do Cross Action
🔺 A navegação foi uma boa adição à série
🔺 O uso da mana é bem utilizado para a exploração
🔺 Visual e trilha sonora continuam como pontos altos
Contras:
🔻 Navegar pode ser repetitivo depois de algum tempo
🔻 Muitas tarefas não são recompensadoras
🔻 O Switch sofre com a taxa de quadros
Ficha Técnica:
Lançamento: 25/10/24
Desenvolvedora: Nihon Falcom
Distribuidora: NIS America
Plataformas: PC, PS5 e Switch
Testado no: Switch