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Nas ruas iluminadas por neon de Hong Kong, uma unidade de elite coloca pavor no coração de malfeitores. Conhecida como Zombie Unit, esta unidade formada por perigosos criminosos de guerra realiza as missões mais perigosas da força policial de Hong Kong e são os protagonistas de Wanted: Dead.

Inicialmente não sabia o que pensar de Wanted: Dead e sua proposta, porém depois de ler a cartilha sob a qual se vende, admito que era o tipo de jogo que eu estava a meses procurando jogar! No entanto, mesmo que esta frase seja algo revigorante de se ler, há alguns pontos a serem elucidados.

Codinome: Morto Vivo

Wanted: Dead abre com nossa protagonista, Hannah Stone, antiga tenente da força militar suiça. Presa por crimes de violência militar, extorsão, assassinato e crimes de natureza não ortodoxa, ela é uma hábil assassina com armas de fogo e katanas. A personagem também é a líder da Zombie Unit, sendo atualmente a agente número um da polícia de Hong Kong.

Wanted: Dead
Difícil? Pode acreditar!

Neste futuro distópico, os países perderam sua força e poder para as grandes corporações e Dauer Synthetic é a maior entre elas. Com isso, Hannah e seu esquadrão agem abaixo das asas do grande conglomerado, mas tudo isso está prestes a mudar.

A época é uma mistura de cromo e músculos, com grande parte da mão de obra do mundo vindo de androides sintéticos e em outros casos, humanos com implantes artificias. Este é o caso de Hannah, que após perder um de seus braços, recebeu uma prótese mecânica que cai como uma luva em combate.

Com o interesse do público caindo em relação aos androides sintéticos, as ações da Dauer começam a despencar, o que faz com que outros conglomerados comecem a surgir em busca de maior controle. Um deles é a empresa Engel Security, um monopólio militar imenso!

Wanted: Dead
Sem testemunhas…

Fios e artérias

Durante uma de suas missões, a unidade de Hannah, que é composta por Cortez, Doc e Herzog acaba indo de encontro contra um levante de androides. Liderados pelo senciente August, a Zombie Unit acaba com os insurgentes, mas o oponente escapa e deixa para trás sua parceira, uma androide chamada October.

Após interroga-la, Hannah acaba descobrindo verdades difíceis de se aceitar e em partes, começa a duvidar até mesmo de si mesma. Se era quem realmente acreditava ser, se o que faz é correto e para piorar ainda mais, Hannah começa a ter episódios onde se lembra de uma jovem garota. No entanto com um corpo diferente do seu, mas, com sua mesma voz.

Com o chefe de policia Richter Spade pronto para acabar com a Zombie Unit e seu capitão sendo seu ultimo bastião de segurança dentro do sistema, Hannah se vê cercada por inimigos de todos os lados. Como capitã e guardiã de alguém que a espera em um orfanato, ela irá contra tudo e todos que a querem morta.

Wanted: Dead
Adquirindo os prêmios das máquinas, é possível se descobrir mais dos personagens

Wanted: Dead é confuso, excitante e misterioso. Pegamos a história já a poucos dias de seu ápice e vemos a semana caótica pela qual a Zombie Unit passa, muito descobrimos durante a história, alguns fatos jamais saberemos e muita coisa se esconde por trás do final verdadeiro do jogo, desbloqueado após finaliza-lo em seu modo mais difícil.

Cortando, alvejando e destruindo

Como é de se esperar Hannah Stone é uma guerreira completa, versada em combates a longa e curta distância, levando consigo um fuzil, um revólver e sua fiel katana. O sistema de combate inicialmente da preferência ao uso do fuzil, com o jogo sendo um third-person shooter.

Usando o seu fuzil e armas derrubadas por inimigos, Hannah pode facilmente derrotar inimigos a longa distância usando também granadas, metralhadoras, lança granadas e escopetas. Se acostume com a falta de munição para dar conta das constantes hordas de inimigos que nos atacam de todos os lados, muitas vezes vindo até por trás do jogador.

Wanted: Dead
O passado da Zombie Unit é cheio de tragédias

Quando a munição acaba, resta partir para o combate mano a mano e aqui é onde o jogo brilha. Usando apenas um botão para ataques, Hannah usa combos básicos com a katana, porém, ela também pode usar sua pistola para intercalar ataques e causar variações de combos, por isso sempre use e abuse das misturas de ataques.

A pistola também serve para aparar ataques mais fortes dos inimigos, o que abre uma brecha na defesa deles. Ao atacar seus inimigos sem parar, em determinado ponto, caso fiquem com uma cor mais opaca, você pode finaliza-los com animações incríveis e com a habilidade certa na árvore de habilidades, pode finalizar vários inimigos de uma só vez.

Sem sabedoria, não há ganho

Para cada inimigo derrotado, uma certa quantidade de pontos de habilidade é ganha. Esses pontos podem ser trocados por novas habilidades, como finalizações seguidas automáticas, maior força de ataque, ataques carregados, capacidade de aparar com a espada melhor e várias outras.

Wanted: Dead
Hora de lavar o salão com o sangue de mal-feitores

Essas habilidades tornam Hannah mais apta de enfrentar inimigos cada vez mais resilientes, principalmente chefes, sub-chefes e os mais difíceis de todos, os ninjas. Estes ninjas inimigos são uma “praga” e, caso o jogador não consiga usar o aparamento de golpes de maneira satisfatória, pode acreditar que vai ser presa fácil para estes inimigos.

Os mais resilientes são capaz até mesmo de levar de dois a três ataques de adrenalina de Hannah, este que normalmente pode deixar a grande parte dos inimigos já em estado de execução. Mas nada é mais satisfatório do que mata-los, ainda mais na dificuldade máxima, onde cada execução de um destes é motivo de festa!

As armas de fogo de Hannah estão sempre recebendo upgrades gratuitos de sua companheira Gunsmith e podem ser acessados via drone que serve de checkpoint pelas fases do jogo. Eu prefiri focar em poder de parada e perfuração de armadura, para poder derrotar mais rapidamente os inimigos, afinal precisão não é necessária, caso eles já estejam mortos.

Wanted: Dead
O karaokê é divertido, mas infelizmente há apenas uma música

Visual de ouro

Wanted: Dead é desafiante e divertido, mas, o que realmente me salta os olhos nele é seu visual. Legal por ser legal apenas, me relembrando jogos underground como Gungrave na era do Playstation 2, Deadly Premonition e Killer is Dead, onde tudo é válido e interessante, ou seja videogame com cara de videogame.

Como em Rumble Fish 2, Wanted: Dead apresenta também o que eu chamo de “Sofistivapor”, com seus menus “tecnológicos” e uma ideia do que seria o futuro tecnológico que nos aguarda, sempre com muita sofisticação. Além do jogo flutuar sempre cutscenes em 3D e algumas em estilo de anime, com essa última sempre mostrando a jovem humana que aparenta ser Hannah.

O jogo todo tem essa energia de anime/jogo one-shot, onde ou fará muito sucesso ou será esquecido, citando exemplos como Hellsing, Trigun, Cowboy Bebop, Samurai Champloo, entre outros. A trilha sonora não fica atrás também contando com excelentes faixas próprias e a até mesmo a excelente versão de Maniac de Carpenter Brunt.

Wanted: Dead
Por um instante achei que fosse a Mistral de Metal Gear Rising: Revengeance

Para desestressar de toda essa matança, Wanted: Dead apresenta vários minigames, como uma competição de comer macarrão com Herzog, maquinas de garra e karaokê. Admito que achei bem estranho o fato do layout de gameplay do karaokê ser bem semelhante ao de Yakuza, com até os mesmos efeitos sonoros, mas, caso seu gosto seja outro, também há um jogo semelhante a Gradius chamado Space Runway.

Retrogosto amargo

Agora chegamos na parte não tão divertida do jogo. Primeiramente deve-se saber que a afirmação usada na divulgação do game está correta, realmente a equipe responsável por Wanted: Dead também trabalhou em Ninja Gaiden e Dead or Alive, jogos conhecidos por seus combates viscerais, fluidos e velozes.

Partindo deste mesmo ponto, temos a direção do jogo sendo feita por Hiroaki Matsui, que foi diretor de arte de Devil’s Third, ao lado de Tomonobu Itagaki, um dos grandes fiascos do Wii U. Jogo abismal que contava com constantes quedas de FPS e uma narrativa convoluta.

Wanted: Dead
Brutalidade nunca é demais

E a narrativa convoluta é algo que Wanted: Dead herdou de seu distante antepassado. Eu gostei da construção de mundo, do design e estilo dos personagens, porém, o passing da narrativa é bem confuso muitas vezes e trancar o final secreto atrás das maiores dificuldades é uma faca de dois gumes muitas vezes.

Afinal de contas Wanted: Dead não é longo, nem mesmo muito difícil, porém a última fase do jogo é uma via crúcis! Com ondas e mais ondas de inimigos vindo incessantemente, além de ninjas saindo até do bueiro e com a dificuldade no máximo, eu me senti jogando uma versão mais lenta de Ninja Gaiden Black, sem os pulos, combos e armas diferentes.

Um ode ao passado

Com isso volto a minha abertura de texto. Wanted: Dead não é um jogo quadrado, pesado, onde nada funciona e os frames vivem caindo, longe disso. O jogo é suave e fluido, divertido e estiloso, mas, o que dificulta muito o aproveitamento completo é a questão da dificuldade e suas curvas.

Wanted: Dead
Fique no chão, que é seu lugar

Não é um cuecão normal a subida abrupta de dificuldade, mas sim, um cuecão feito com um guindaste industrial enquanto se usa uma cueca de ferro! Desafiador, praticamente insano e torturante, dando aulas para soulslike do que é dificuldade hardcore da sexta e sétima geração.

Então não enfrente Wanted: Dead como um jogo redondinho e lisinho, mas, também não o veja como algo quadrado e travado, veja ele como, um hot dog de quinta feira. Você poderia estar comendo melhor? Claro, mas, o sabor e nostalgia que o “dogão” te trazem reconfortam sua memória e alma, o que para mim é melhor que qualquer 10/10.