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Desenvolvido pela 3DClouds.it e distribuído pela Soedesco, Xenon Racer tem, em tese, tudo que o faria um ótimo título de corrida, principalmente para quem curte arcade. Carros futuristas e velozes, pistas repletas de hologramas coloridos (incluindo o próprio retrovisor) e detalhes nos cenários utópicos, ênfase em drifts e curvas, além de modos multiplayer. Em tese.

Apesar de bastante atrativo na superfície, especialmente após trailers que esbanjavam uma beleza gráfica e vendiam bem a proposta futurista do game, Xenon Racer vai se mostrando, logo em seus primeiros momentos, como um título muito mais limitado do que aparenta, seja pelos controles duros ou pela exploração genérica de suas possibilidades.

Velozes e desbalanceados

O game da 3DClouds.it tem seu início com um pequeno tutorial que introduz o jogador às mecânicas mais básicas e essenciais: além de acelerar, frear e conduzir, são enfatizadas as derrapagens (drift) e o impulso de motor (turbo). Mais do que tudo, os usos de drift e turbo são o que define o desempenho do jogador entre a vitória e a derrota.

Imagem do jogo Xenon Racer
Acertar as curvas exige prática e paciência.

Acha que pegou a manha dessas duas coisas pelo tutorial? Achou errado. Assim que se disputa a primeira corrida, seja pelas ruas de Tóquio ou Boston, o jogador deve tomar um susto com a dificuldade, ou melhor, desbalanceamento das primeiras horas quanto ao desempenho seu e dos competidores controlados pela IA, todos com nomes engraçados de tão genéricos.

Há, em especial, uma quantidade constrangedora do infame rubber-banding, ou seja, mesmo quando se está muito à frente dos outros corredores, estes parecem sempre ser catapultados para a sua posição em um determinado momento. Quando te ultrapassam, então, alcançá-los está próximo de impossível com o primeiro carro que lhe é oferecido, bonito mas limitado em atributos.

Outro detalhe amargo que logo se destaca são os controles bastante duros e sem as nuances necessárias. Não só conduzir o carro para um lado ou outro se mostra como uma ação lenta em tela, como as curvas em drift seguem a regra do oito ou oitenta. Não há muitos pontos intermediários entre dar uma curva completamente suave e dar de cara na parede – nesse começo, é uma coisa ou outra. O processo de aprendizado cansa, mas passa.

Sr. Stark, você está em casa?

Apesar dos carros desbloqueados em seguida oferecerem uma variedade de escolhas e implicarem algumas melhorias de jogabilidade, a estrutura do jogo é falha por conta desse início quadrado e limitado. Isso se torna ainda mais enfurecedor quando, logo de cara, são colocadas em nossa frente duas corridas de desempenho com checkpoints, nas quais devemos ser velozes e, se não, devemos tentar com outro veículo. O problema? Só temos um nesse momento.

Ainda assim, não é impossível superar esse obstáculo inicial e nem os controles travados, pouco responsivos. Mesmo quando há apenas um veículo na garagem, pode-se trocar uma série de peças que melhoram alguns atributos em detrimento de outros, o que for melhor para a corrida em questão, e tentar os circuitos de novo e de novo até conseguir.

Jogando seguro

Mas se Xenon Racer parece abrir caminho para uma experiência que recompensará a experimentação e a customização constante, não chega a ser bem assim. Quando são destravados novos carros mas as corridas ainda se limitam a apenas duas classes de carro, normal e desempenho, há máquinas que são claramente melhores do que outras, independente de suas peças a la carte, diluindo a dificuldade de uma vez só.

No momento que estou, destravei uma dezena dentro de dezoito veículos, mas fiz bom uso mesmo de apenas três deles. Experimentando os diversos carros de acordo com o formato das pistas, vi que jogar seguro com um único ótimo carro vale muito mais a pena do que testar outros novos, o que é desde já algo prejudicial ao fator de replay do jogo. As carrocerias são bonitas, ao menos, assim como as animações durante as corridas.

Imagem do jogo Xenon Racer
No futuro, Tóquio será uma cidade de brinquedo.

Graficamente, Xenon Racer pode ser quase descrito como o “pequeno jogo que pode”, mas “o pequeno jogo que quis” seria uma expressão mais apropriada. Na versão para PS4, a iluminação e as texturas são satisfatórias, mas ao custo de uma performance mais equilibrada. O jogo parece oscilar na taxa de quadros com frequência, mais especificamente na frequência dos frames, gerando um efeito de engasgada constante cansativo aos olhos. Não é terrível, mas não faz jus ao padrão almejado por jogos de corrida.

Um aspecto que certamente ajuda é a direção de arte, que vai por uma estética futurista mais limpa, com alguns pequenos toques de cyberpunk. As diferentes locações, que ainda incluem Canadá, Emirados Árabes, Shanghai e França, conseguem entreter pelas vistas que oferecem, seja com prédios enormes, aeronaves gigantes e o mar no horizonte, todos com um certo fotorrealismo – só podiam ser mais nítidos em resolução e variados em circuitos.

O investimento de um jogador em Xenon Racer acaba dependendo, ao fim, do interesse que tem títulos arcade e disposição em encarar suas limitações técnicas e de conteúdo. Pessoalmente, ao meu ver, não é um pacote ruim, apenas muito genérico. Isso seria aliviado por uma jogabilidade mais fluida, o que não é o caso. Por fim, em seu custo atual e com títulos como Horizon Chase Turbo, Trackmania e Wipeout Omega Collection por aí, Xenon Racer empalidece.

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