O passado está definitivamente de volta, mais uma vez pelas mãos da Dotemu que resolveu trazer Windjammers 2 para a nova geração de consoles. Com um vácuo de 28 anos entre o jogo original e esta sequência, dá para entender o receio de muitos da fórmula estar datada ou que o tempo não fez bem ao clássico gameplay. Porém, estou aqui para afirmar que nada disso é verdade e o título está maravilhoso.
Enquanto o original foi jogado por poucos neste lado do planeta, seja nos fliperamas ou no Neo Geo, este abre ainda mais as opções e chega para quase todas as plataformas existentes. Assim, quebra-se a primeira barreira que é a de aparelhos. A segunda, que é a mesmice, esquece também. Aqui não tem só frisbee voando para lá e para cá, com o retorno dos minigames para animar o povo novamente.
Mesmo com a adição de novos personagens na série também, você pode ficar despreocupado que os originais também existem e algumas vezes rendem até um easter-egg no fim de cada um dos arcos do modo Arcade. Se jogou o antigo, renderá boas surpresas. Caso não, apesar de algumas pontas serem confusas, não afetará em nada a sua experiência. Quanto a isso podem ficar despreocupados.
O futuro do frisbee está aqui
Windjammers 2 está para o original como Street Fighter 2 foi para o primeiro. Este é um título que marcará a franquia e a história dos games de frisbee. E a comparação não fica apenas em relação à magnitude, também em estrutura semelhante com cada jogador vindo de um país específico e todos disputando um grande torneio para ver quem será o melhor do mundo. Cada oponente fica em uma arena específica e você viajará entre elas conforme avança por lá.
Em questão de gameplay, nada foi alterado do que conhecemos também. Algumas fases possuem obstáculos, mas a proposta ainda é fazer 15 pontos ou mais antes do seu oponente para ganhar um round. Vence aquele que ganhar dois primeiro, em partidas de melhor de três. Você pode bater o objeto na parede para gerar confusão no ângulo, ganhar efeito de formas distintas ou meter um baita de um especial que haja defesa para proteger de levar os pontos.
A parte mais bacana é ver que cada personagem disponível tem seus próprios movimentos, o que torna as coisas ainda mais dinâmicas do que se espera. Você pode treinar e se esforçar para se defender de algum em particular, mas assim que muda de oponente a coisa vai por um caminho extremamente contrário ao anterior. Isso incentiva bastante a você jogar com e contra todos eles, para gravar e saber onde defender no seu momento de sufoco.
Já os minigames que foram trazidos de volta garantem um aumento considerável de pontuação em Windjammers 2. Quando elas atingem certos níveis, você ganha mais uma chance de enfrentar seus adversários antes do game over. A partir disso temos o retorno do cãozinho na praia, correndo e pulando dos obstáculos para pegar o frisbee jogado e a entrada da máquina de treino. Ela começará desafiando bastante os jogadores, mas depois que você grava a sequência de lançamentos não fica tão complexo assim.
Admito que, apesar da simplicidade da proposta e realmente não ter onde errar nas mecânicas, o título me afetou muito positivamente desde que iniciei os testes. As cores, personagens carismáticos, os estágios criativos e tudo mais te passam uma sensação incrível de que está vendo um jogo arcade do passado como devia ser em nosso presente. É algo que eu não tinha esperança alguma e se tornou um pequeno vício em minha rotina. Desde que o recebi, não há tempo livre que eu não tire ao menos algumas partidas para me divertir.
Já que citei os estágios acima, tem um em particular que eu me apaixonei e tenho de falar sobre aqui. O Cassino é caótico e divertido simultaneamente, te oferecendo uma incerteza absurda se você vencerá ou não. Ao invés de receber pontos baseado no ângulo da arena, cada frisbee tem seu ponto definido por sua cor. De 1 ponto até 9, há momentos onde você lança aquele especial sinistro para ganhar apenas 1 ou 2 pontos, para na sequência um descuido seu te causar 9 na fuça. Essa falta de segurança pode ser vantajosa ou não, dependendo apenas do jogador e de longe é uma das minhas favoritas.
O Brasil quebrou minhas pernas em Windjammers 2
Outra questão importante é a estratégia do título. Eu comecei com o personagem brasileiro, obviamente e isso me fez levar uma derrota de lavada. Especializado em velocidade, sua força é a menor do grupo de competidores e isso foi completamente aproveitado pela concorrência. Porém, Steve Miller, da Inglaterra, se mostrou uma escolha mais equilibrada e certa para me alçar à vitória. Terá de render umas partidas com todos estes atletas para encontrar seu estilo.
Vale a pena comentar também que Windjammers 2 é extremamente difícil e você se verá questionando suas habilidades no videogame. Sem ver os tutoriais e pulando o modo easy, no normal eu até venci uma ou outra, mas era algo absurdo para quem não tinha uma grande experiência no gameplay. Tive de voltar ao básico e treinar para poder jogar, o que afirmo com imensa vergonha, mas se fez necessário. Sem isso não teria conseguido conquistar o campeonato das demais categorias.
Apesar disto, não considero uma grande falha se levarmos em conta que os fliperamas eram feitos na mesma proposta: oponentes incrivelmente fortes para que você perca as partidas e gaste mais dinheiro nas famosas fichas. Se pensarmos desta forma, ele está fiel ao primeiro e isso é excelente aos saudosistas. Caso nunca tenha jogado e queira começar só agora, engole esse orgulho e vai nos tutoriais e no modo easy. Te garanto que evitará uma dor de cabeça e uma crise existencial.
De qualquer modo, dê uma chance ao jogo e sinta aquela mesma impressão que Street Fighter 2 causou no passado. Se isso será uma nova revolução nos jogos arcade ou não, só nos resta ao tempo dizer. Porém, com Streets of Rage 4, Windjammers 2 e a futura sequência de Teenage Mutant Ninja Turtles, me parece que os bons tempos estão voltando. E isso é excelente para uma indústria que hoje se importa apenas com gráficos e lançamentos constantes.