Jogos de estratégia em tempo real eram febre no passado, seja no clássico WarCraft da Blizzard, nos campos de batalha de Age of Empires/Mithology ou no futuro distópico de Command and Conquer. A adrenalina de fazer o esforço máximo para desenvolver sua tribo ou nação na frente dos oponentes era intensa, pois nunca sabíamos quando as tropas inimigas surgiriam das colinas ou prados. Warparty, jogo da Warcave e Crazy Monkey Studios, traz a mesma sensação de volta, com uma pequena grande novidade: dinossauros!
A presença de três tribos guiadas por artefatos místicos, a construção de bases, a busca de recursos e a criação de exércitos para combates titânicos entre as feras jurássicas são os pontos altos do jogo. Com um visual bonito e agradável, Warparty é uma experiência que os fãs do gênero irão se ver jogando por horas.
500 dinos de potência
Warparty traz a história de um mundo onde uma avançada civilização sucumbiu à própria ganância, utilizando um poder antigo chamado de “Go’N Power”. A tribo prosperou por um longo período, aprendendo a controlar as relíquias mágicas e criando vida e dinossauros com elas. Porém, em pouco tempo, a divisão entre a tribo chegou, com a visão polarizada sobre o real propósito do Go’N Power. Anos depois da ruína da tribo, novos povos descobrem os poderes mágicos das relíquias e as poderosas criaturas jurássicas perambulam livremente. A guerra é inevitável uma vez mais e apenas os verdadeiros senhores da magia irão sobreviver.
O jogo nos apresenta a três tribos diferentes que o jogador pode controlar, sendo elas: Wildlanders, guiados pela guerreira Mika; Sage, liderada pelo sábio Vithara, que pode converter dinossauros em tropas e espíritos da natureza; e os Necromas, liderados por Char, o necromante. As raças podem ser comparadas aos humanos, night elfs e undeads respectivamente em Warcraft III: Reign of Chaos.
Cada tribo possui a sua própria história de como adquiriu sua relíquia e como se envolveu com as outras tribos. Mika encontra a sua espada em um dos altares e resolve guiar seu povo para fora da região congelada onde habitam. O guerreiro Char encontra sua marreta em um templo, e permite que o mesmo invoque e controle mortos-vivos. Já o sábio Vithara, encontra seu cajado em um altar, permitindo que o mesmo controle qualquer dinossauro e os converta em espíritos de luz na árvore da vida.
Como já é de se esperar, os jogadores devem utilizar o ambiente para poder evoluir suas bases, produzindo alimento por meio de fazendas, caça de dinossauro, ou cultivando plantações naturais e também coletando cristais, que servem como a moeda de troca do jogo para comprar melhorias, tropas e construções. Tanto os Wildlanders quanto os Necromas necessitam criar trabalhadores para levantar prédios e realizar as coletas, porém a tribo Sage possui apenas Vithara e os dinossauros que ele controla. Uma vez que tenha se ganhado controle das criaturas, o jogador pode guiá-las até a Árvore da Vida.
O gameplay não difere tanto dos outros jogos do gênero, porém aqui temos algumas pequenas diferenças. Sempre que o acampamento do jogador avança de nível, é possível escolher um novo talento para o herói com que se está jogando. Essas habilidades podem mudar o rumo do jogo se o jogador tiver uma estratégia bem montada. Também existe uma pontuação de “fé”. Nos mapas existem santuários de Go’N Power, os quais o jogador pode capturar. Enquanto controlar um destes, o jogador receberá frequentemente uma pontuação de poder, que pode ser gasto na roda de habilidades do painel central. Cada tribo possui sua própria roda, por isso é sempre bom examinar qual facção representa e executa melhor sua estratégia de jogo.
Um dos problemas que tive é a criação de tropas. Sempre que vamos produzir novas tropas, podemos deixar programados apenas cinco unidades. Isso torna o jogo um tanto quanto cansativo, pois precisamos sempre voltar ao prédio para poder estar treinando mais guerreiros, dinossauros e tropas de suporte. Uma vez que tenha montado seu exército preparado, é possível separar ele por esquadrões. Para isso basta selecionar as unidades que deseja comandar separadamente e clicar nas rochas do painel central, isso irá criar um atalho que selecionará automaticamente aquelas tropas quando se clicar sobre ela, ao menos deixando o jogador livre para fazer um ataque de duas frentes de maneira mais rápida e fácil.
Eu nasci há dez mil anos atrás
Agora vamos partir para o que realmente interessa: como funciona o combate em Warparty. Como é de se esperar em jogos de estratégia em tempo real, a I.A. é bem imprevisível, independente de qual seja o lado que o jogador escolher e a dificuldade, e estará sempre testando o jogador, lançando ataques contínuos e dando pouco tempo para que o jogador possa criar uma defesa sólida.
A inteligência artificial estará sempre minando a defesa do jogador com ataques surpresa, ataque a pontos de controle do mapa e aos santuários de Go ‘n’ Power. Portanto, em Warparty, sempre temos de estar atentos ao mapa e ao jogo em si, caso crie uma base ampla demais, porém com pouca proteção, pode acreditar que em pouco tempo os inimigos irão achar uma brecha pela qual entrar e destruir rapidamente suas tropas e edifícios.
Acredito de que entre todas as três tribos, os mais difíceis para o começo do jogo sejam os Wildlanders, pelo fato de não possuírem nenhuma vantagem logo de começo. Os Necromas estão sempre ganhando zumbis, e mesmo que não possam construir ou elevar construções, ainda assim são unidades de ataque, então já é uma vantagem. Enquanto isso, os Sages não precisam criar tropas de trabalho, já que Vithara pode domar dinossauros selvagens e converter os mesmos em unidades de trabalho.
Mas na hora do combate, podemos ver que os Wildlanders são bem mais resistentes, aguentando por mais tempo as batalhas e se mostrando uma tropa de ataque mais organizada e resistente nas batalhas definitivas. Um jogador acostumado com o sistema e gênero de estratégia em tempo real não terá problema algum em dividir sua tropa e enviar um ataque devastador à base inimiga. Infelizmente, ainda não pude testar o sistema online, mas acredito que a existência de um placar irá atrair os mais diversos jogadores.
Claro que o jogo também possui seus problemas, como a falta de comandos de teclado, por exemplo. São poucos os atalhos que possuímos para poder controlar as tropas em campo de batalha, o que acaba direcionando toda a ação para o mouse. Isso pode acabar causando muitos problemas, pois um pequeno “misclick” pode fazer com que o jogador acabe tirando a seleção de tropa e esses pequenos segundos de atraso podem decidir a batalha. A falta de uma trilha sonora que acompanhe os momentos do jogo também resultam na falta de empolgação, diferente de games como Civilizations e Starcraft por exemplo.
O jogo também é bem curto, e as histórias e seu modo de seleção lembram bastante do modo de escolha de Warcraft III: The Frozen Throne, onde podemos ver o herói da tribo escolhida, uma pequena introdução a quem são, de ode vieram e para onde vão. As histórias são contadas por meio de cutscenes onde descobrimos a motivação dos personagens, como, por exemplo, que Mika deseja levar seu povo para uma terra pacifica e frutífera, Char e sua ambição de dominar toda a vida existente e que Vithara acredita que tudo deve retornar a natureza e que os humanos já interferiram demais no ecossistema.
No fim, Warparty é uma boa porta de entrada no gênero mas bem desafiador, prestando homenagem aos grandes clássicos sem perder sua própria essência e personalidade. Traz uma narrativa interessante sobre as três tribos e desfechos diferentes, dependendo do lado que escolhermos. No modo singleplayer, é surpreendentemente divertido ficar à espreita no aguardo do próximo ataque inimigo. Porém, infelizmente, a falta de atalhos de teclado, a lentidão para criação de tropas e as “vantagens” iniciais que desigualam bastante as três tribos pode acabar afastando alguns jogadores do pacote.