Jogos de corrida retrô são muito charmosos, convenhamos. Victory Heat Rally é o lançamento mais recente nessa pegada nostálgica, com gameplay mais casual. É legal demais ver indies resgatando memórias de games como Top Gear e OutRun, naturalmente trazendo suas próprias características e ideias. Alguns partem pro 2D tradicional em pixel art, como Slipstream, e outros já preferem mesclar ou enveredar total pro visual 3D, como Hotshot Racing e a franquia brasileira Horizon Chase.
O game da Skydevilpalm surgiu de uma campanha bem sucedida no Kickstarter, lançada em 2020. Seu principal apelo estava na estética, que se baseia na tecnologia Super Scaler da SEGA para trazer um visual que simula distâncias manipulando sprites, incluindo movimentos de camadas em paralax. Mas, de 2020 pra cá, essa estética foi mudando bastante. Victory Heat Rally ainda possui o aspecto prometido de Super Scaler, mas com menos impacto.
Derrapar para vencer
O game oferece um gameplay bem tradicional, porém focado no drift: você segura o botão R2 para derrapar em curva e soltar no tempo certo. Victory Heat Rally empresta a ideia de Mario Kart de drift carregado, em que o tempo de derrapagem muda a cor do fogo no pneu, indicando o poder do turbo que conseguirá ao sair do drift. Isso dá uma boa vantagem contra os outros competidores, então é importante dominar cada pista.
Victory Heat Rally traz um modo de campeonato com história, o Arcade GP, o Versus e o Time Attack. Modos esperados e auto-explicativos para um jogo do gênero. O problema é que o campeonato faz um péssimo serviço de introdução, com diálogos entediantes e jogando os tutoriais por você, antes de permitir que você assuma o volante. E nem precisava disso, pois você entende o gameplay em minutos. Todo o evento da VHRC é moroso demais, te fazendo querer pular tudo para apenas correr. E não, não dá pra pular ou acelerar os diálogos.
Pelo menos a primeira hora de jogatina é bem divertida, com uma boa variedade de pistas, personagens e seus respectivos carros para destravar e customizar. Porém não demora para você notar que a dificuldade é muito baixa, do começo ao fim do modo história e também nos outros modos. Outra falha de Victory Heat Rally está no design de pistas, que permite atravessar objetos e prédios sem qualquer colisão. Quando o jogo entende que seu carro está onde não devia, ele explode e você volta pro circuito.
O Arcade GP segue outra fórmula de Mario Kart, de eventos com 4 pistas cada. Mas ao invés de somar pontuação por posições em cada pista para definir o ganhador ao final, o jogo pede para que você coloque suas iniciais no recorde de cada pista. Pra quê isso? Se antigamente eu já não tinha saco e colocava AAA em tudo, com este game não foi diferente.
Falta de personalidade
É uma pena, mas Victory Heat Rally não possui nenhuma característica impactante. Confesso que gostava bem mais da proposta visual original, de 2020, do que essa da entrega final. Além do modo história fraco, as personagens também não ajudam, todas bem genéricas. A própria customização do carro é bem simplória, permitindo trocar apenas a suspensão, tipo de pneu e a pintura. Mas a dificuldade é tão baixa que não importa se você está com o carro tunado ou basicão.
O jogo também faz uma estranha escolha de tradução parcial, só com alguns textos da interface traduzidos em Português do Brasil, além dos diálogos. O restante segue em inglês e dane-se. A ausência de funcionalidades modernas, de uma trilha sonora empolgante e de polimento das pistas acabou por tirar minha vontade de continuar jogando. Pode ser que Victory Heat Rally agrade os jogadores mais casuais, mas comigo não colou.
Prós:
🔺 O visual não é 100% Super Scaler, mas é bonito
🔺 Drift fácil de fazer, com níveis de turbo carregado
Contras:
🔻História e personagens genéricos
🔻Pistas com problemas de colisão
🔻Customização mínima e sem apelo
🔻Tradução parcial em PT-BR
🔻Enjoa rápido
Ficha Técnica:
Lançamento: 03/10/24
Desenvolvedora: Skydevilpalm
Distribuidora: Playtonic Friends
Plataformas: PC, Switch
Testado no: PC