A Sony continua a aumentar sua presença entre os PCs. Depois do badalado Marvel’s Spider-Man Remastered, agora Uncharted: Legacy of Thieves Collection, composto por Uncharted 4: A Thief’s End e Uncharted: The Lost Legacy, chegam aos computadores.
A coletânea de jogos da Naughty Dog havia saído, a princípio, para PS5 em janeiro deste ano. No PC, Uncharted: Legacy of Thieves Collection está custando R$ 199,90 tanto na Steam quanto na Epic Games Store. Apesar de conter dois títulos, Uncharted: The Lost Legacy é um game consideravelmente menor que Uncharted 4, sendo mais uma expansão standalone.
A última aventura de Nathan Drake, o “Indiana Jones” e “Lara Croft” da Sony, já é uma aventura consolidada, que muitos conhecem e já experimentaram nos consoles PlayStation atuais. Afinal, Uncharted 4 foi lançado há 6 anos atrás, em 2016. Para os PC gamers que estão totalmente por fora da franquia, e do último título, vamos dar uma olhada na trama primeiro.
De volta às origens
Nathan Drake foi, por muitos anos, um saqueador (nome bonito para ladrão) de riquezas históricas pelo mundo. Porém ele resolve se aposentar, parar com essa vida bandida. Casado, trabalhando normalmente, Nathan é surpreendido por uma visita que ele definitivamente não esperava e se encontra numa situação que o leva a voltar à vida antiga, mesmo que relutante.
Antes mesmo de chegar nesse momento, Uncharted 4 já apresenta diferentes ambientações e épocas da vida do protagonista, tudo muito cinemático e com uma qualidade que faz games de hoje ficarem com inveja, tamanho é o capricho da Naughty Dog. A partir do retorno de Drake ao mundo dos saques de relíquias antigas, o jogo o coloca em muitas situações diferentes e ambientes variados com qualidade gráfica excelente.
Em termos de gameplay, Uncharted 4: A Thief’s End apresenta ao jogador muita exploração, mesmo que o game seja linear (mas com muitos cantos a serem explorados), tiroteios (vários, e esse fator é aborrecedor, definitivamente o elemento que menos me agrada por conta da Inteligência Artificial “apelona”), resolução de diferentes puzzles, saltos humanamente impossíveis e muitas, mas muitas cutscenes lindíssimas cheias de detalhes.
E como Uncharted roda no PC?
Vamos falar sobre o que o PC gamer mais quer saber em um jogo nessa plataforma: o desempenho. A Sony continua seguindo o rigor em entregar ports bem otimizados aos computadores, e não é diferente com Uncharted: Legacy of Thieves Collection, com algumas ressalvas. O hardware que a Naughty Dog e Iron Galaxy, estúdio responsável pelo port, recomenda não é muito exigente. Você pode conferir no blog do PlayStation.
Minha máquina é equipada com uma placa de vídeo NVIDIA GeForce RTX 2060 (6GB), CPU AMD Ryzen 5 2600X, 16GB de memória e SSD. Com essa configuração, pude rodar Uncharted 4 em 1080p a 60 FPS com gráficos configurados no ultra. Isso é só para demonstrar como o jogo se saiu, mas não recomendo jogar qualquer título AAA no ultra, já que a demanda por processamento extra não vale a qualidade a mais que o jogo entrega.
Alguns engasgos, as famosas quedas repentinas de frames, acontecem de vez em quando. Algumas cenas são bem pesadas, derrubando o desempenho para um pouco abaixo dos 60 FPS, mas isso é o de menos. Não precisei ficar recorrendo a recursos como AMD FSR e NVIDIA DLSS, que o jogo dispõe, para conseguir um fôlego extra de desempenho em minha configuração, já que o game roda a 60 FPS na maioria do tempo.
Otimizado, mas com problemas chatos
Infelizmente, enfrentei problemas piores. O game crashou bastante, surgindo uma caixa para relatarmos o erro aos desenvolvedores. Vi bastante artefatos gráficos, como sombras bugadas nos personagens, texturas coloridas e brilhantes que não tinham nada a ver com o restante do cenário. Loadings demorados, com constantes carregamentos de shaders (não só em tela de loading, mas também durante o gameplay), travando o jogo e apresentando uma porcentagem de carregamento que temos que esperar.
Algumas cenas apresentam lentidão, mesmo que o game esteja rodando em 60 FPS. Já em Uncharted: The Lost Legacy, presenciei mais quedas de frames, principalmente da parte inicial da cidade, me forçando a usar o DLSS para empurrar mais FPS. Logo que cheguei na região aberta, isso não foi mais problema.
Além de tudo isso, os jogos apresentam os mesmos problemas de áudio que já existiam na versão de PS4. As vozes dos personagens, em momentos de gameplay, são muito baixas, e mesmo configurando o volume não é suficiente para equilibrar isso (pelo menos não acontece nas cutscenes). Porém se você quiser jogar em PT-BR, pode ligar a legenda para entender o que eles estão falando enquanto joga, já que esse problema fica ainda pior com as vozes em português brasileiro. É uma pena isso nunca ter sido corrigido.
É inegável que Uncharted 4 seja um grande jogo (junto com Lost Legacy, que é mais do mesmo), mas esses problemas técnicos tiram o brilho do game. Vale lembrar que a versão que joguei é uma build de antes do lançamento, então sem dúvida as atualizações virão para corrigir o game, assim como aconteceu com Marvel’s Spider-Man Remastered e outros jogos da Sony.
Outro quesito que a Naughty Dog e Sony vacilaram foi em não implementar efeitos via ray tracing, seja sombras ou reflexos, ou ainda os dois juntos, já que esse é um game muito cinemático e essa tecnologia o deixaria ainda mais bonito.
Tendo em mente todos esses problemas, que não dá para saber se é uma loteria ou se é um comportamento padrão em qualquer configuração, Uncharted: Legacy of Thieves Collection é uma experiência obrigatória, especialmente se você está cansado das inúmeras propostas de jogos em mundo aberto que inundam o mercado de games.