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Desde o momento que fomos agraciados com Dante em Devil May Cry, ainda no PlayStation 2, uma onda enorme de heróis genéricos se formou no gênero hack ‘n slash e podemos afirmar que apesar de alguns terem conquistado um espaço no coração dos fãs, outros ficaram no esquecimento. Ultra Age será um que, dado um tempo, entrará para o seleto grupo daqueles que serão cultuados.

Temos tudo o que um protagonista precisa para isso por aqui. Estilo, armas gigantes, toneladas de combos e melhorias para seus equipamentos, monstros e inimigos para enfrentar de todos os gostos e o principal: personalidade. Age é um rapaz que tem apenas poucos dias de vida, usando eles ao máximo para encontrar a fonte da eternidade e impedir a sua própria morte. Um desafio e tanto, diga-se de passagem.

Enquanto tenta encontrar uma nave para sair daquele planeta, ele terá de aprender que mesmo esta quantidade pífia de vida terá de ser aproveitada ao extremo e enfrentando diversas criaturas e máquinas. Para lhe ajudar, Helvis, um carismático e misterioso robô que guia o personagem em sua jornada e serve de alívio cômico nos momentos mais inoportunos.

Imagem do review de Ultra Age
Age e Helvis nem podem pegar uma carona para seguir sua aventura.

Entre a Ação e a Razão

Ultra Age chegou com tudo e prometendo cortar tudo que você encontra em seu caminho, mas não é bem assim que acontece. Se você não tiver ao menos um pouco de estratégia, não serão os seus inimigos que estarão deitados no chão nos primeiros segundos de combate. Em sua maioria, há apenas dois tipos de oponentes: robôs e criaturas biológicas. Há lâminas para cada um dos gêneros, o que te limita um pouco durante o combate e nas coisas que consegue realizar.

Vamos ser sinceros com vocês, aqui e ali até tem um humano para enfrentar, mas a maioria do tempo só aparecerá variantes do que citei acima. Para driblar a repetição, existem vários formatos e modelos para eles, porém visualmente tudo te deixará entediado. Tigres pequenos, tigres maiores, robô com broca na mão, robôs grandes, robôs grandes com marretas, nada que fuja muito disso. Às vezes aparece um deles com raio laser ou felinos cuspindo energia, mas nada que seja muito distinto.

Isso tira a graça do game? Nem um pouco. Age se move de forma extremamente fluída, atacando, mudando de lâmina, usando um cabo para puxá-los para perto e usando suas técnicas especiais. Por exemplo, se a espada que está usando está prestes a se quebrar, você pode apertar o gatilho para desferir um golpe especial que estraçalha qualquer um junto com a arma. Caso a energia dos alvos também chegue ao fim, apertando o botão de ação acaba liberando um golpe que mata aquele ser instantaneamente numa cutscene incrível.

Imagem do review de Ultra Age
Se mexer com o protagonista o bicho pega.

Se falando assim pode te deixar confuso, precisa ver enquanto joga Ultra Age. São vários inimigos, cada um fazendo algo diferente, com ataques vindo de todos os lados e resta ao jogador ter agilidade para avacalhar com eles antes de cair e recomeçar o trecho. Podia colocar a culpa na câmera nas derrotas que tive, mas realmente é tanta coisa rolando que seria impossível ela captar tudo com precisão. Resultado: eu que lute, se você jogar também estará no mesmo barco.

Mesmo que a história não cative tanto, quanto mais jogar, mais sentirá vontade de voltar para aquele universo. Construir bons atributos na árvore de habilidades, encontrar itens secretos no cenário, enfrentar novas hordas para ganhar pontos e fortificar suas armas, tudo em seu gameplay soa interessante e traz aquele sentimento nostálgico que apenas Dante teve ao cativar milhões no mundo todo em sua época.

Vou reforçar o fato de que me apaixonei pela experiência, qual inicialmente achei que seria extremamente genérica e no fim de mostrou um grande acerto por parte da Next Stage Inc. e da Visual DART Co., Ltd. Ainda que graficamente não seja aquele primor e a história não atinja tanto assim o público, com o poder de Age nas mãos você compreenderá as razões pelas quais ele se mostra bastante competente e que ainda ouvirá falar muito do personagem no futuro.

Imagem do review de Ultra Age
Graficamente não é aquela beleza, mas o jogo é competente.

Não tão Ultra Age

Se por um lado eu elogio os primores de Ultra Age, por outro não podemos ignorar suas falhas e problemas que vão incomodar parte do público. Enquanto eu jogava em meu Nintendo Switch, ele deu uma tela preta e fechou o jogo por duas vezes. Uma no modo portátil, outra enquanto estava na dock. É triste que mesmo após o seu lançamento não tenhamos uma atualização que impeça isso.

Além disso, apesar de considerarmos que ele é um título indie, sofre do mesmo mal que muitos games que chegam à plataforma híbrida. Enquanto na tela portátil esta falha está mais passível de ser imperceptível, enquanto jogamos na televisão aquela esticada da imagem é impossível de ser ignorada. O cenário, personagem, menus, tudo fica mais esquisito e faltou uma atenção nessa parte.

Neste ponto você pode até reclamar comigo, “mas Diego, quase todos os jogos que saem para o Switch são assim”. Concordo plenamente. Mesmo assim, temos vários que não são e não podemos continuar engolindo a mesma falta de qualidade em todos pela mesma razão. A plataforma tem vários problemas, mas quais as desenvolvedoras podiam ter se precavido para não atingirem o público de forma impactante.

Imagem do review de Ultra Age
Os diálogos são fracos, dando destaque maior ao gameplay.

Os diálogos de Ultra Age, na maioria do tempo, são genéricos e extremamente previsíveis. Assim que eles abrem a boca, você já sabe exatamente qual será a reação de cada um dos personagens na tela. Helvis fará uma piadinha, Age reclamará sobre algo e por aí vai. Apesar da reclamação, a dublagem foi bem-executada e tanto as vozes americanas quanto em japonês estão boas.

Não me entendam errado, eu continuo afirmando que minha experiência com o título foi bem positiva. Uns chefões perigosos aqui, umas batalhas contra hordas ali, exploração competente e áreas bem distintas me convenceram de que eu acabaria finalizando a sua história. Porém, ainda assim muita gente se sentirá incomodada com as falhas no geral e podem até acabar desistindo.

Ainda que não se encaixe na definição “ame ou odeie”, teremos vários jogadores de Ultra Age divididos pela qualidade da experiência que será definida para cada um. Enquanto que, para mim, o jogo foi excelente, já vi muita gente reclamando dos visuais e dos problemas que citei acima. Por serem coisas que não é uma ou duas atualizações que resolvam, caberá ao público dar uma olhada antes de adquirir para não acabar se sentindo frustrado no fim das contas.

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