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Quem nunca quis ser o ditador de uma nação caribenha?… Só eu? Bem, é esse desejo extremamente específico que Tropico 6 realiza. Distribuído pela Kalipso, o jogo é uma grande brincadeira com o passado – e até com o presente – negro da América Latina.

Mas não se engane achando que o jogo se leva a sério. Você pode ser um ditador cruel e sanguinário, mas nada te impede de se divertir roubando monumentos de outros países para adornar sua ilha paradisíaca. Tudo isso ao som de uma dançante e quente trilha sonora.

Viva La Revolucion!

Uma das coisas que notei logo que comecei a jogar foi o fato de Tropico 6 ter uma história. Não digo uma história altamente complexa como de um RPG, mas uma pequena narrativa que te move no meio das construções. Eu costumava jogar muito esse tipo de jogo quando era mais novo… há muito tempo. Nessa época, jogos que envolviam estratégia não tinham grandes histórias, em sua maioria. No máximo um motivo frouxo para mandar os peões construírem alguma coisa.

Em Tropico 6 você começa comandando uma colônia de uma nação europeia – que claramente não é a Inglaterra. Seu objetivo é preparar o terreno para a independência enquanto lida com um nobre pomposo, que é seu superior. Nessa hercúlea tarefa você é ajudado pelo sempre prestativo Penultimo – seu mais fiel ajudante na difícil tarefa de administrar Tropico.

O arquipélago de Tropico. Tão bonito e tão complicado…

Para tomar conta da ilha, o jogador tem a disposição um número brutal de ferramentas de controle, assim como uma quase infinita gama de variáveis. Quer contratar mais mineiros? Você pode mandar chamar imigrantes, mas vai pagar caro por isso. Precisa firmar um acordo comercial? Prepare-se para navegar por uma tela cheia de itens que podem ser exportados e importados, e isso as vezes confunde.

Não que o jogo não explique o que deve ser feito – ele até faz isso -, mas as coisas mais importantes acabam sempre sendo deixadas para trás em Tropico 6. Isso faz o jogador se confundir muitas vezes e até perder uma partida em alguns casos. Por exemplo, quando o jogo pede para se estabelecer rotas comerciais, a tela que nos é apresentada é um amontoado de nomes de produtos de importação e exportação. Não é dito em nenhum momento como se faz a maldita rota comercial. Então, você é obrigado a ir na sorte até conseguir fazer a coisa acontecer pra valer.

O mesmo pode ser dito de quase tudo no jogo. A complexidade, que em jogos do gênero é bem vinda, acaba sendo mais um desafio para o jogador navegar. E tentar a sorte pra ver se alguma mecânica vai funcionar sem ser avisado antes sobre ela não é divertido.

Só os personagens já valem o jogo.

Mas, apesar de ser um bem confuso em alguns momentos, o que brilha em Tropico 6 são seus personagens. Primeiro – piada intencional –  pelo onipresente Penultimo. Ele está lá, sempre pronto para ajudar seu Presidente a gerenciar sua nação. Em muitos momentos, é até capaz de tomar um tiro por seu amado chefe. Tanta dedicação é comovente!

Ainda temos a obrigatória revolucionária. Sempre a favor do povo, sempre em busca da libertação das pessoas. Exceto aos fins de semana… Só achei engraçado o quanto uma revolucionária exige tanto que se construa igrejas. Vai ver ela é uma guerrilheira religiosa, vai saber.

Por fim, um problema que precisa ser falado sobre Tropico 6. Seu multiplayer. Não que seja ruim ou qualquer coisa assim. Acontece que nem deu para saber se era ou não bom pois o jogo não conectava. Além de ter poucas pessoas jogando, as salas onde você entrava sempre te jogavam pra fora antes que qualquer coisa pudesse começar.

Infelizmente, você verá essa tela muitas vezes.

E isso é um defeito muito grande num modo onde você vai querer provar para os outros que é o melhor presidente por aí. Talvez isso mude nas próximas semanas. Mas, no momento, as partidas multiplayer são praticamente inexistentes. Pelo menos para mim, é claro.

Hasta la Victoria Siempre!

Você conseguiu manejar os sistemas de Tropico 6 e comandar sua pequena nação com mão de ferro. Conseguiu até mesmo a tão sonhada independência! Parabéns! Agora vai ter de lidar com potências estrangeiras, ávidas pelos recursos de sua ilha, além de ter que se posicionar cuidadosamente durante as grandes guerras do século XX.

Não se engane, é bem complicado. Ao mesmo tempo, é gratificante ver que as rotas comerciais que você criou a tanto custo agora trazem riqueza para sua ilha, ou mesmo ver como sua nação foi montada, edifício por edifício – uma sensação comum em jogos do gênero, como Sim City, claramente potencializada pela trilha sonora cheia de swing caribenho. Passei boa parte do meu tempo apenas ouvindo as músicas do que simplesmente jogando, virou um vício!

Uma nação em construção.

Então, talvez você pense, este jogo é pra mim? Se você gosta de gerenciar uma montanha de variáveis, construir coisas e principalmente ouvir uma música caribenha de primeira, Tropico 6 é seu jogo. Se você não é acostumado com essas coisas, não se assuste. Trópico estará sempre lá, aguardando as ordens de seu presidente… e o Penultimo também, não podemos esquecer dele, coitado.