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No início de The Tiny Bang Story, a vida no planeta Tiny era simples e pacata, fácil de se viver. A grama do vizinho era tão verde quanto a do outro vizinho, os pomares repletos de frutas eram a diversão de todos e os riachos azuis se confundiam com o tom visto no céu. Repleto de paisagens bonitas e moradores carismáticos, tudo andava bem… até que, num belo dia, um meteoro atinge a civilização e bagunça tudo, deixando rastros de confusão e pouco entendimento do que fazer para que a paz retorne.

Eis então que surgimos. E a partir desse surgimento, a missão de reconstrução parte da resolução de puzzles espalhados pelas horas de jogatina em The Tiny Bang Story, carismático puzzle game – hidden objects game – point and click game da Colibri Games, desenvolvedora russa que, em 2011, lançou o título para computadores e tablets. Com seu relativo sucesso, chamou a atenção da Nintendo, que aceitou um port para o Nintendo Switch.

Sem explicações ou mesmo falas, The Tiny Bang Story te convida a participar do universo colorido e recheado de características únicas, com ambientes que muitas vezes lembram Machinarium ou Questionaut. A partir de duas boas referências assim, será que o jogo é tão bem feito e marcante quanto, ou lidei com um jogo esquecível e sem o efeito replay?

Seja bem-vindo

Logo de cara, caio de paraquedas em tudo aquilo que será encontrado ao longo de The Tiny Bang Story. São quebra-cabeças de alguns tipos, como os de mudar e encaixar as peças, outros de acertar sequências de cores/luzes, alguns outros de lógica e outros bem mais simples.

Imagem do jogo The Tiny Bang Story
Este é o mundo de Tiny e ele precisa muito de ajuda.

Ao resolvê-los, uma nova etapa tem início, onde a missão é descobrir objetos escondidos ao longo dos cenários. A partir da resolução deles, portas ou passagens que levam ao puzzle final são liberadas. Puzzles finais, inclusive, muitas vezes são os maiores desafios da fase, enquanto que em outros casos, não. A curva de dificuldade é meio desbalanceada, tendendo mais para um desafio simples. Bom, este é o grande resumo do game, faltando apenas citar as peças do quebra-cabeças escondidas por todos os lados e fundamentais para a reconstrução de Tiny. Sem encontrar todos, não tem choro nem vela, e a fase não é concluída.

Dando um ar único, no meio disso tudo são encontrados personagens, casas, paisagens e cenários extremamente bem desenhados e pensados. Entregando um ar de qualidade, o conjunto disso tudo soa bem e libera uma caracterização bem bonita. Infelizmente, como será possível ver abaixo, não como um todo.

Os primeiros momentos em The Tiny Bang Story são divertidos e realmente prenderam minha atenção. Contudo, após alguns bons minutos ou, mais precisamente, depois de passar da primeira fase, começam alguns perceptíveis problemas.

Imagem do jogo The Tiny Bang Story
Puzzles apresentam apenas um nível razoável de dificuldade.

A dificuldade oferecida não é das maiores e a diversidade de puzzles é bem pequena. Como já escrito acima, são limitadas e resumidas. Se um é resolvido, o caminho das pedras no outro será mais fácil já que na maioria das vezes possuem semelhanças. Exceções existem, claro, mas como são exceções, não ocorrem aos montes. Cito como exemplos a homenagem a River Raid (chatinha) e o desafio dos canos, no Level 2. Tal desafio possui algumas cópias sim, só que sem o mesmo efeito encontrado na primeira vez.

Situações como essas acabam decepcionando e tornam The Tiny Bang Story curto e com potencial para se tornar enjoativo rapidamente. O sentimento é: dava para ter feito mais com o pouco apresentado. O pouco é bem bacana… só que é pouco. Saca?

Repetição musical

Se eu começasse a escrever que a direção musical é ruim, vocês poderiam me apedrejar. Ao longo das cinco fases, os efeitos musicais, em conjunto das músicas, são bem elaborados e causam um sentimento, mais uma vez, único. As relaxantes trilhas andam em conjunto com o cuidado no desenho dos cenários. Combinam, e combinam bem.

Imagem do jogo The TIny Bang Story
Gráficos caprichados e música boa até animam: por tempo limitado.

Entretanto, o looping musical é bem curto e com o passar do tempo acabei memorizando os próximos trechos duma forma que, em alguns momentos, passei a resolver os puzzles silenciosos (entenda-se os que não precisam de som) enquanto ouvia um podcast. Músicas relaxantes realmente nos ofertam e nos entretem por pouco tempo, isso é um fato. O caso aqui é que lidamos com um produto repetitivo. Como são passados relativos minutos tentando solucionar problemas, uma mudança musical seria bem vinda. Em uma visão ampla, é um ponto negativo, infelizmente.

The Tiny Bang Story teve versões para computadores e tablets. Com a aceitação da BIG N, a Colibri Games trabalharia em um port para um console híbrido. Ou seja, que conta com as duas funções: pelos joys-cons ou utilizando a tela sensível ao toque, é possível finalizar o título sem qualquer dor de cabeça.

Joguei sob as duas tecnologias e afirmo que o resultado é satisfatório. Vez ou outra, quando um objeto é muito pequeno, o touch screen do Nintendo Switch exige uma precisão quase que de 100%. Nada que atrapalhe ou estresse, caminha-se bem por aqui. Na questão gráfica, seja jogando na televisão ou na telinha, nada muda e eles te cativam. Não há queda de frames ou travamentos, tudo roda liso e de forma eficaz.

Imagem do jogo The Tiny Band Story
Puzzles e figuras escondidas podem ser enxergados aos montes aqui.

O mundo está salvo, com ressalvas

Se você é daqueles jogadores hardcore que amam puzzles demorados e que fritam sua cabeça, The Tiny Bang Story não fará parte da sua biblioteca. Encontrei aqui um jogo para toda a família. Ele encanta pela simplicidade, mas chateia por ser casual até demais. Eficiente naquilo que se propõe, mas pecando em quesitos técnicos importantes.

A falta de história e a falta de ‘lutar por algo’ também podem afastar aqueles que curtem um enredo elaborado, marcante e cativante. A ideia por trás da obra é jogar e ponto. Por todos os motivos escritos, admito ter dificuldades em sugerir The Tiny Bang Story para qualquer um.

O título, para mim, fica limitado aos grandes amantes dos puzzle games ou os que buscam uma experiência mais casual, para momentos rápidos (em três horas e pouco se conclui). Colibri Games: me diverti, só que falta o algo a mais, amigos.

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