Qual o limiar entre uma verdadeira obra de arte e uma produzida por algoritmos dentro de uma máquina, podemos considerar que uma obra de arte criada a partir do zero por um algoritmo, realmente arte? The Talos Principle 2 traz de volta essa incrível narrativa que ilumina uma vez mais a ideia de que por sermos bancos de dados orgânicos, somos tão diferentes assim de bancos de dados eletrônicos ou digitais?
Menos teológico, mais filosófico e não menos interessante, The Talos Principle 2 expande sua ideologia dividindo toda uma civilização de robôs desta vez entre aqueles que acreditam na vontade original de sua criadora, ou na liberdade do ser. Partindo dos questionamentos de Elohim, para as correntes de Prometeu.
A chama que aquece, pode inflamar
The Talos Principle 2 abre com o jogador controlando um androide em um cenário similar aos do primeiro jogo, sendo mais uma vez guiado por Elohim. Ao terminar a bateria de testes, acordamos para um novo mundo, em nosso novo corpo e talvez o último corpo a ser criado, nosso nome é 1K e toda a população deste novo mundo aguardava por nosso nascimento.
Em meio a polvorosa recepção pelo nosso nascimento, durante o discurso do prefeito de Nova Jerusalém – Cidade principal e onde vivemos -, uma figura criada a partir de dados surge nos céus. Tal como o titã Prometeu, tanto em situação quanto aparência, está imagem acorrentada por Pandora nos diz que uma chama foi acesa e que aqueles corajosos para responder ao chamado devem seguir rumo a uma ilha próxima.
Este é o primeiro passo para a jornada de 1K, considerado um membro estimado da sociedade antes mesmo de nascer e visto como uma espécie de messias. Muitos dos outros androides esperavam pelo nascimento do protagonista para que ele pudesse guia-los, uma vez que a fundadora Athena, os instruiu para que a produção de novos corpos fosse interrompida assim que chegassem a mil androides.
Resta ao jogador agora decidir qual caminho irá tomar, se irá seguir as diretrizes impostas pela fundadora, se irá usar a chama da Prometeu para se libertar ideologicamente como quando subimos a torre no primeiro jogo. Uma história que vem sido debatida desde a antiga Grécia, o quão humano uma máquina pode ser e o que realmente nos define como humanos.
Inteligência e sabedoria, dois aspectos distintos
Como seu predecessor e o jogo que os inspiraram The Talos Principle 2 continua sendo um jogo extremamente voltado para puzzles. Assim que chegamos a ilha citada por Prometeu, encontramos uma mega estrutura piramidal e uma espécie de transporte por indução, que nos permite acessar diferentes partes da ilha.
Estas diferentes áreas possuem desafios que nos permitem acessar terminais de energia que energizarão a mega estrutura. Cada área conta com oito desafios principais, que irão desde manipulação de ondas de luz, até buracos de minhoca, que nos dão peças para criar uma ponte até a torre, além de dois desafios alternativos, que quando completados abrem parte de um portão dourado secreto.
Além disto há vários segredos espalhados por estas áreas, como obeliscos misteriosos e enigmáticos, além de terminais e laboratórios secretos que nos mostram mais sobre a fundadora e seus companheiros na criação desta espécie de androides. Alguns segredos são guardados por entidades mitológicas como esfinges, indagando sobre a filosofia do como Milton no primeiro jogo.
The Talos Principle 2 ainda nos permite conhecer mais sobre os androides que nos acompanham, a cidade de Nova Jerusalém, os androides que nela vivem e suas motivações, as vezes por meio de sessão de comentários em uma espécie de rede social do jogo. Uma visão mais abrangente e ambiciosa do que a do primeiro game.
Cogito, ergo sum
The Talos Principle 2 pega tudo o que o primeiro jogo fez, replica e amplia de maneira magistral! O único “problema” que tive com o jogo foram os pop-in de certos elementos do cenário, mas nada que pudesse impedir o aproveitamento desta incrível e marcante aventura, que mais uma vez nos faz parar e refletir no que é realmente “ser humano” e o que difere uma máquina de metal, de uma máquina orgânica.
Prós:
🔺 Extremamente inquisitivo e reflexivo
🔺 Puzzles diversos e divertidos
🔺 Ambientação e imersão excelentes
🔺 Desafiador, mas não injusto
Contras:
🔻 Alguns pop-ins pelo mapa
Ficha Técnica:
Lançamento: 02/11/23
Desenvolvedora: Croteam
Distribuidora: Devolver Digital
Plataformas: PS4, PS5, PC, Xbox Series, Xbox One
Testado no: PC