Quando falamos de jogos puzzle, tudo que esperamos é um bom desafio. Neste quesito The Talos Principle não deve em nada. O jogo desenvolvido pela Croteam e Devolver Digital é uma obra que trará isso à tona das formas mais diversas possíveis.
Começando pela história do game, o mistério já se faz presente. O criador, Elohim, te garante vida eterna se você conseguir resolver todos os desafios que levarão até uma gigantesca torre. No caminho, várias questões filosóficas que misturam o divino com tecnologia são apresentados. Afinal de contas, você sabe o que te torna humano? Completando o cenário, o personagem principal é um robô e ele lhe ajudará a chegarem juntos a essa resposta.
Desafios entre divindade e tecnologia
Os puzzles são gradativos conforme seu aprendizado, o que é um dos maiores pontos positivos do jogo. Mesmo não tendo jogado algo do gênero, você não se perderia facilmente. Tudo é uma questão de analisar o padrão do ambiente e do equipamento que tem em mãos. Cada item também possui funções diferentes, desde abrir portais e paralisar máquinas até lhe jogar por cima das paredes e, usá-los sabiamente, garante seu progresso.
São três galpões com sete portas e diversos desafios em cada uma. Desbloqueando eles, você tem acesso à gigantesca torre onde realmente será colocado à prova com alguns andares de dor e sofrimento, digo, uma experiência que forçará seus neurônios ao máximo. Tudo isso rola em primeira pessoa, para que tenha a visão limitada do protagonista robótico e só passará para a próxima fase se conseguir enxergar a resolução através de seus olhos.
Cada galpão te apresenta itens novos e uma filosofia distinta. Enquanto o primeiro lembra bastante o Jardim do Éden, sendo guiado por Elohim, o segundo te coloca em dúvida sobre sua fé nele com uma figura antagonista, seguindo de vários dilemas morais. Estações de PC, códigos QR, hologramas e arquivos de áudio espalhados pelos mapas complementam suas questões, dando-lhe mais opções do que respostas.
Tropeços filosóficos
Enquanto o conceito do jogo é muito bem executado, o fato dele abrir tanto material filosófico e questionamentos não se encaixa plenamente no proposto. Apesar da narrativa ser interessante, você se perguntará inúmeras vezes a razão do que está fazendo para liberar caminho à vida eterna. Algumas estações dão um vislumbre do que aquilo se trata, sem delongas. Outras, te apresentam elementos de filosofia e reflexão. Unir ambos não forma um sentido no fim das contas.
Apesar disso, um conceito que achei muito bem trabalhado são puzzles sem resolução. Isso mesmo, tem desafios impossíveis de serem completos. Elohim e o jogo te mostram toda a filosofia do que é ser um humano, isso inclui falhas e limitações. Quando me deparei com isso, após um tempo preso no desafio, me deu um grande significado. Mas não é para ficar preguiçoso, a esmagadora maioria tem e às vezes você fica preso por não ter analisado uma certa elevação do ambiente ou uma mecânica do que compõe a fase.
Os padrões gráficos do jogo também são satisfatórios. The Talos Principle é bonito e muito bem trabalhado visualmente. O processamento, pelo contrário, deixa a desejar. Quando têm muitas ações em tela ou muitas coisas agindo ao mesmo tempo, não é estranho ocorrer travadas rápidas e quedas de movimento. Isso frustra em certos momentos e pode lhe custar todo desafio se exigir uma ação rápida. A versão de Xbox One X tem suporte para 4k e, mesmo que você tenha o modelo comum ou o S, ele já é melhorado do que foi lançado para PC em 2014.
Além do game, existe uma expansão inclusa chamada Road to Gehenna, que te coloca no papel de Uriel, um dos mensageiros de Elohim. Tudo que presenciou no game principal é colocado em outro nível no material, trazendo desafios ainda maiores e mais problemas para resolver. Aconselho a jogá-lo apenas se não tiver encontrado tantos problemas no primeiro. Caso contrário, terá grandes dores de cabeça.
No geral, o jogo agrada e traz tudo o que você mais espera num puzzle, sendo bem desafiador. Com isso, forma um dos grandes do gênero nessa geração, com qualidade e também amigável a quem é novo na área. Apenas a narrativa que se torna turva no decorrer da gameplay, mas nada que afete muito a experiência central que ele propõe. Para quem procura algo descompromissado para passar o tempo e exercitar a mente, é um ótimo passatempo.