Review – The Plucky Squire

Uau! Que jogo divertido! Só em ler isso, você já deve ter pensado que a nota de The Plucky Squire, carinhosamente traduzido como O Escudeiro Valente, é um 10. E, sim, é um 10. O empenho e amor colocado nesse projeto pelos desenvolvedores do novo estúdio All Possible Futures é algo que a indústria precisa presenciar mais, principalmente em um momento em que gráficos com ray tracing e taxa de quadros acima de 60 FPS é o que mais se comenta, além da frustração da necessidade de uso de upscalers para deixar a experiência viável no PC.

O game publicado pela Devolver Digital – que é conhecida por abraçar ótimas ideias – é simples no visual, mas extremamente complexo no que diz respeito a mecânicas e criatividade em como elas funcionam, além da forma como contar história, tudo é muito bem executado. Não entenda que os desenvolvedores estão inventando a roda aqui, porque eles não estão, mas a execução é impecável. Olha esse trailer de lançamento, que criativo!

Um conto que aquece o coração

A história de The Plucky Squire é igual a contos infantis, ou desenhos para crianças, mas com mensagens fortes no meio. Pontinho, o protagonista, é um herói valente e responsável pelo livro no qual o jogo se passa. Ou seja, ele é o responsável por criar e fazer acontecer as aventuras narradas no livro. E falar em narração, ela é feita por Mauro Ramos, voz de Shrek, Pumba do Rei Leão e Sully do Monstros S.A.

Ele narra os acontecimentos e é a única voz falada do jogo e preciso dizer, que acerto por parte da Devolver Digital! A participação do Mauro eleva muito a experiência narrativa em geral, aliado ao grande carisma dos personagens que têm suas falas através de textos, com uma legenda em PT-BR excelente, além da linguagem corporal.

Toda a trama pode até parecer bobinha, mas O Escudeiro Valente tem uma mensagem importante no meio disso tudo. Ele estimula a leitura, fala da importância dela no papel de formação de uma criança até se tornar um adulto profissional, e fala ainda sobre crises existenciais. São detalhes que você pega se prestar atenção. Ah, não tem como não prestar atenção em um jogo tão charmoso como esse.

O menino herói é acompanhado de Batera, Violeta e outros, alguns deles até participam do gameplay e contam com participações únicas em alguns momentos, que são muito divertidos. Todos os personagens são bastante carismáticos e têm falas divertidas.

The Plucky Squire tem gameplay muito criativo

Toda essa história é vivida em uma aventura bastante criativa. O gameplay de The Plucky Squire é muito divertido, muito variado e que não deixa o jogador enjoado por repetição. O jogo alterna entre aventuras em duas dimensões, todas dentro do livro e em outros trechos que explico logo mais, além dos ambientes em 3D. Nas duas realidades, Pontinho anda, pula, ataca com diferentes habilidades, rola para desviar e carrega objetos.

Dentro do livro, o jogo oferece diferentes ambientes e o mesmo acontece quando o game se torna 3D. Quando ele está no mundo “real”, aquele fora do livro, tudo se passa na mesa do quarto de um garoto. Mas em cada fase, tudo é reorganizado, mudando a aparência, os desafios, os inimigos e literalmente todo o resto, nunca é o mesmo, a não ser por alguns objetos comuns, já que essas fases são feitas de livros, objetos de escola como caderno, tesoura, lápis e por aí vai.

Nesse mundo em 3D, Pontinho também transita por trechos em duas dimensões. Esses momentos acontecem em folhas de papel desenhadas com os cenários pelos quais o herói passa. Isso deixa o gameplay bastante dinâmico. Eu falei algumas vezes sobre a aventura dentro do livro e fora dele. Bem, isso acontece porque o menino tem esse poder que o permite transitar pelos mundos, o único nesse universo capaz de fazer isso.

O jogo também conta com diferentes mini games. Seja com o Pontinho, Batera ou Violeta, cada um tem seu próprio mini game e eles são bem divertidos e nostálgicos. Eles são, de certa formas, homenagens a Punch Out, Tetris e Guitar Hero ou outro jogo rítmico como Dance Dance Revolution e Parappa the Rapper.

Pontinho conta com diferentes habilidades. É possível, por exemplo, sair do livro e usar um carimbo que para qualquer coisa dentro dele. Ao retornar para o mundo 2D, aquela coisa atingida estará congelada. É possível também virar as páginas do livro quando se está fora dele como parte de uma mecânica específica. Existe uma outra que você precisa mudar as palavras das frases espalhadas pelo livro, mudando bastante o cenário. Fala sério, isso é muito criativo!

Arte e trilha sonora muito originais

O estilo visual de Plucky Squire foi um grande acerto. Eu confesso que voltei à minha infância, jogando os games dos anos 1990, assistindo os desenhos daquela época e lendo livros de aventuras de heróis épicos com bastante ilustrações. O destaque fica para os momentos 2D, onde existe muito charme. Mas até mesmo as partes em 3D são muito bem feitas, mantendo as características vistas dentro do livro e qualidade gráfica suficiente para retratar o mundo real do jogo.

Aliado a isso, está uma trilha sonora impecável. Ela embala os momentos de aventura empolgantes, as partes mais tenebrosas, os momentos bobinhos e engraçados, as batalhas contra chefes, momentos tristes e de reflexão, tudo muito acertadamente.

Eu sou um grande entusiasta de soulslike e tenho dito que a DLC de Elden Ring e Black Myth: Wukong são os meus jogos favoritos de 2024. Todos eles arrancaram de mim um grande entusiasmo e empolgação por conta das aventuras épicas, mas foi The Plucky Squire que realmente arrancou sorrisos de alegria que as aventuras tenebrosas dos jogos citados não conseguiram.

Eu precisava de uma aventura assim. Muito obrigado, All Possible Futures e Devolver Digital. Você, jogador, não perca esse jogo. Agora fica a torcida para que venda muito para que possamos ter mais aventuras desses desenvolvedores tão criativos, e ganhe diferentes premiações, porque eles merecem.