Há quase uma década atrás, um dos games mais impactantes da indústria, vencedor de mais de 200 prêmios, chegava ao PlayStation 3. The Last of Us fez história, afirmar isso hoje em dia é “chover no molhado”. O gigantesco sucesso rendeu uma continuação que foi mais bem-sucedida ainda em 2020, que levou a um remake do primeiro título depois. The Last of Us Part I chegou ao PS5 em setembro de 2022 e há duas semanas ao PC.
Obviamente estamos falando da nova versão para computadores aqui e, depois de cerca de 14 dias, não é novidade dizer que não tenho algo de bom para falar do aclamado título da Naughty Dog devido o estado em que chegou ao Steam e Epic Games Store. Lançado no dia 28 de março, The Last of Us Part I já é considerado um dos piores ports de PC da história da plataforma.
Costumo começar um review comentando sobre a história, se ela é interessante ou não, e acho que posso facilmente pular essa parte, especialmente agora que a IP foi ainda mais difundida depois da série da HBO, tornando essa história conhecida até por quem nunca jogou The Last of Us. Sim, é uma das melhores histórias dos games, mas muitos PC gamers ainda nem puderam aproveitar com gosto, já que mesmo depois de duas semanas, o jogo se encontra num estado bem complicado.
Problemas em cima de problemas
Eu analisei outros ports da Sony para o PC por aqui, e algo que sempre elogiei é a adaptação dos controles para o mouse e teclado, sempre muito bem feito (com destaque para Returnal). Porém nem isso a Naughty Dog conseguiu com The Last of Us Part I no PC. O jogo já recebeu três atualizações e nenhum deles corrigiu problemas com o mouse, mais especificamente na movimentação da câmera, algo que também é reclamação de incontáveis jogadores. Essa correção foi adiada e ainda não tem prazo para ser lançada até a publicação desse review.
Esse é só um dos diversos problemas de otimização do jogo no PC. Para começar, ao ser lançado, o game exigia uma hora para compilar shaders previamente em um processador de seis núcleos e 12 threads. Até mesmo um i9-12900KS levava cerca de 40 minutos (estamos falando de um CPU high-end!). Com as atualizações, esse tempo diminuiu em cerca de 20 minutos para mim. Mas, claro, não vou ficar desinstalando e instalando o jogo para ver se esse processo foi otimizado.
Depois desse processo, vem o loading inicial depois de selecionar “Novo Jogo” e, pasmem, o carregamento levou pelo menos três minutos aqui com The Last of Us Part I instalado em um SSD (agora leva metade do tempo, o que ainda é um absurdo). Ao abrir o jogo, o verdadeiro terror começava. Monitorando o hardware, via que o título conseguia consumir 100% de todo meu hardware, até mesmo CPU, mostrando clara falta de otimização. Com isso, quedas constantes de frames, praticamente impossível de manter em 60 FPS, não importa a qualidade gráfica. Nem recursos como NVIDIA DLSS e AMD FSR surtiam efeito.
Atualizações ainda não consertaram o jogo
O game recebeu duas pequenas atualizações de 36 MB que não mudaram nada (a não ser pelo tempo de loading) e um grande patch de 15 GB no dia 4 de abril. Aqui preciso abrir um parêntese: eu estava esperando por uma correção significativa para continuar jogando e também dar uma chance a Naughty Dog, mas a situação não mudou muito de figura, portanto o review está sendo publicado com o jogo ainda em um estado bem complicado. Pelo menos, diferente de incontáveis relatos pela internet, The Last of Us Part I não crashou em meu PC, nem mesmo os bugs bizarros aconteceram por aqui.
Mas, por outro lado, tive diversos problemas visuais: texturas que não carregavam, tornando o jogo bem feio, reflexos que não eram aplicados em água, deixando a cena sem vida, áudio atrasando em cutscene, meu PC travando por completo, e desempenho muito inconstante. Não faz sentido continuar jogando assim, bem como não faz sentido atrasar o review esperando atualizações que nem sabemos se irão sanar os diversos problemas.
Caso você, leitor, não saiba, o port de The Last of Us Part I para PC está sob os cuidados do estúdio Iron Galaxy, que sempre é lembrado pelo desastroso port de Batman Arkham Knight em 2015, que chegou em um estado tão deplorável, que a Warner Bros. Games teve que retirar o game das lojas por um período, retornando depois em um estado melhor. Porém o estúdio também é responsável pelo port de Uncharted para PC, que foi bem.
Apesar de ser um port desastroso, o game tem um dos menus de opções gráficas mais ricos que já vi, com diversas possibilidades de configurações visuais, sendo possível configurar de uma forma que, teoricamente, ajustaria o jogo para diversas configurações de PC diferentes. Porém esse não é bem o caso, pelo menos não ainda.
Particularmente foi uma grande frustração pegar The Last of Us Part I nesse estado, já que nunca tinha jogado o game em um PlayStation e sempre tive vontade de ter essa experiência. A nota abaixo é ainda em respeito ao legado da criação de Neil Druckmann e a Naughty Dog, e o decréscimo é por conta da total falta de respeito com os PC gamers ao entregar um jogo assim.