O mercado de games vai receber muitos jogos de terror promissores nos próximos meses. Desde o estreante The Callisto Protocol até o retorno de grandes franquias como Resident Evil, Dead Space e Silent Hill. The Chant, no entanto, anda longe dos holofotes, mas é o primeiro a chegar neste mês de novembro, abrindo a rodada entre os títulos do gênero.
The Chant, do estúdio Brass Token, conta uma história bem humana e que muitos podem se identificar. O jogo se passa em uma ilha que serve como um retiro espiritual, de uma seita oculta, e todos que estão lá tem fantasmas do passado e vão até o lugar em busca da cura, principalmente, de suas emoções. Mas, como é de se imaginar, tudo acaba dando errado.
Onde é que eu tô?
Você é Jess, uma moça da cidade grande, que acaba aceitando o convite da amiga Kim para passar um tempo nesse retiro para tentar tratar um trauma específico: a morte de sua irmã. O jogo não demora muito para mostrar sua verdadeira face, quando o primeiro ritual dá errado e tudo vira do avesso.
O game foca na sua tentativa de salvar sua amiga Kim, que foi possuída durante o primeiro ritual. Daí em diante, Jess enfrenta os horrores da ilha. São seis personagens e cada um carrega um cristal, que é importante na história e necessário para você avançar no game. Ou seja, são basicamente seis “fases”.
The Chant conta com vários documentos e eles adicionam em muito a história. De fato, eu diria que os documentos revelam mais do que os próprios diálogos e cutscenes. Através deles, você entende a origem de tudo que acontece na ilha e, pra variar, tem a ver com a ganância do homem. Mas infelizmente o game é muito, mas muito curto. Quando ele chega no ápice, acaba.
The Chant tem um gameplay que desafia
O gameplay funciona bem. Jess corre, passa por lugares estreitos e por cima de obstáculos, interage com portas e itens, e isso é em relação a exploração. A ilha conta ambientes separados por prismas de cores específicos que só podem ser explorados com um cristal de mesma cor. Até você obter todos, terá que dar muitas voltas, mas o level design do jogo funciona bem com diversos atalhos por toda parte.
The Chant traz um gameplay de combate interessante. Os ataques principais de Jess são melee (porrada), com objetos criados por você ao coletar recursos. São três armas de ataque direito e três de arremesso (sal, óleo e explosivo). Todos se esgotam (no caso dos arremessáveis) ou desgastam. Eles podem ser criados coletando recursos, que são basicamente plantas. Ao ter os itens que aquela determinada arma pede, você consegue criar uma nova. É possível carregar três de cada.
O game oferece uma variedade interessante de inimigos, mesmo sendo curto. As ameaças vão desde seres humanos que já perderam sua humanidade, até sapos gigantes, flores mutantes e muito mais. Jess ataca, empurra os inimigos e desvia se jogando no chão. Devo dizer que o hitbox é preciso, já que me safei por muito pouco em vários momentos desviando de raspão.
Além disso, a protagonista conta com uma árvore de vantagens que pode ser ampliada ao coletar um item específico que não aparece tanto no jogo. Assim, você consegue aumentar a vida e defesa da protagonista, por exemplo. Ela também tem habilidades sobrenaturais, mas esses são desbloqueados com o progresso do jogo e ao adquirir um novo cristal.
Expressões faciais quase de ponta
O jogo é bem bonito. No começo, eu fiquei meio desconfiado, mas com o passar da campanha os personagens vão se apresentando. Dá para ver que a desenvolvedora teve cuidado com as capturas de movimentos e faciais. Eu estava jogando A Plague Tale: Requiem em paralelo ao The Chant e as expressões faciais são mais bem feitas do que no jogo da Asobo Studio, embora este tenha qualidade gráfica bem superior em geral.
The Chant se passa numa ilha, então não tem muita diversidade de ambientes diferentes. Porém vale lembrar que o jogo é curto, então nem dá tempo de enjoar a repetição de cenários. A modelagem dos personagens, no entanto, tem mais qualidade que os cenários. A atuação dos personagens é boa, e o “voice acting” também.
O que achei que os desenvolvedores não prestaram atenção foi na evolução de Jess, já que ela passa por terrores que deixariam qualquer um abalado, menos ela. Em vários momentos, ela age um pouco alheia a tudo que tá acontecendo. Já que citei A Plague Tale, devo mencionar a evolução de Amicia, protagonista da série. Esse é um exemplo a ser seguido.
Meu maior problema em The Chant não foram os inimigos, mas sim a falta de otimização no PC. Meu computador rodou o game na qualidade máxima e com folga no hardware que tenho. E mesmo assim notei quedas absurdas de frames durante cutscenes, em cenas simples, com muitos efeitos na tela, e do nada quando você acabou de passar em um ambiente com tudo lisinho nos 60 FPS, mas ao retornar, a mesma área roda a 20 quadros. Inexplicável!
The Chant é um jogo interessante, mas que definitivamente precisaria durar mais para contar melhor a sua história, que é muito acelerada. Eu terminei o jogo em 6 horas, e olha que morri e me perdi algumas vezes. Mas se você não se importar com a curta duração e for jogar em console, certamente terá uma experiência memorável.