Faz um tempinho que Terra Memoria foi lançado, mas agora que finalmente foi oferecido ao Gamerview para análise eu não poderia desperdiçar a chance. Afinal, sou muito fã de RPGs clássicos com visual em pixel art e batalhas por turno. Um típico jogador old-school, admito. Só não mais com o mesmo tempo livre de antes, quando eu me divertia com RPGs no Super Nintendo e PlayStation 1. Então havia sim uma preocupação com a duração do game. Por força do destino, Terra Memoria é bem curtinho pro gênero, durando umas 10 horas ou mais (se for fazer 100%).
Na história, os cristais, que são um recurso importante para diversas tarefas do dia a dia, estão ficando escassos e trazendo desafios para os habitantes preguiçosos de Constância. Tais habitantes, assim como os protagonistas desta aventura, são animais antropomórficos. Você começa controlando Moshang, o personagem central da trama, um rinoceronte fortão que decide se tornar um mago. Inteligente e interessado por livros, ele é julgado como um louco, pois neste mundo ninguém mais quer saber de livros. Seguindo orientações de uma mentora, sua primeira missão é investigar o que está acontecendo com os cristais e, após combater invasores, aprende o básico do gameplay.
Pouco tempo depois Moshang conhece Syl, uma raposa invocadora que oferece ajuda na investigação dos cristais e tem como objetivo pessoal descobrir o que aconteceu com os pais dela, pois sua antiga casa agora é habitada pela família de Moshang. Ao total, 6 personagens formarão a sua party, incluindo a entidade milenar Meta, que pode assumir diversas formas, o bardo Alto, o inventor Edson e a ferreira Opal. Moshang, Syl e Meta são jogáveis, enquanto os outros três funcionam como suporte. Duplas também são formadas, mas de forma aleatória e abrindo possibilidades estratégicas diferentes a cada batalha.
O charme particular de Terra Memoria
Terra Memoria se inspirou na franquia Grandia para combina pixel art com cenários 3D, criando uma composição muito charmosa e rica em detalhes. O game ainda explora perspectivas diferentes, complementa com vários efeitos visuais e brinca até com a caixa de diálogo para reforçar as emoções dos personagens e NPCs. É bem divertido conhecer o passado dos heróis, acompanhando o elo formado entre eles e a evolução de cada um durante a jornada.
O progresso da campanha se dá por missões sequenciais e bem orientadas, sejam elas principais ou secundárias, as quais você vai preenchendo um cartão até concluir o objetivo e partir para o próximo, na ordem que desejar e sem sair da rota principal. Isso ajuda o jogador a não se perder, além de gravar todas as informações no inventário. Aliás, o menu é bastante organizado e traz todas os dados necessários em um RPG.
O sistema de batalha é muito bem construído e introduz algumas características próprias, como uma linha temporal na parte inferior da tela que informa a ordem das ações entre os personagens e os inimigos. Cada decisão tomada influencia nas casas que você anda nessa timeline, ficando à frente ou atrás da vez dos inimigos. Utilizando magia, você fica mais tempo sem jogar – ao invés de ter que lidar com a limitação de mana, que aqui não existe. Desta forma o combate fica mais leve e focado em estratégias. Apenas os chefões exigirão, de fato, bastante atenção do jogador.
Outro detalhe é que a batalha começa com uma formação aleatória na party, dentre 6 opções que mesclam posições diferentes. Você pode desabilitar 3 delas caso prefira, mas saiba que esta aleatoriedade ajuda a manter as batalhas interessantes, reduzindo a eventual repetição. Agora se você não é fã de combates por turno e queira acelerar tudo, há uma opção para isso. E ao concluir cada combate o HP de todos os personagens é recuperado por completo, eliminando a necessidade de ter que ficar usando poções.
Coma bem e use os melhores broches
Como de praxe nos RPGs, é preciso evoluir seus personagens com pontos de experiência obtidos. Mas para fazer o “level up” é necessário dormir em um acampamento. Nestas ocasiões você também pode preparar sua própria comida, com um cardápio que vai ganhando receitas ao longo da campanha. Basta ter os ingredientes e participar de um rápido e divertido minigame de ritmo. Cada refeição aumenta permanentemente o HP dos heróis, sendo extremamente importante na sua jornada. Ainda no acampamento, você pode fabricar broches que conferem status extras como aumento de ataque, defesa e resistência a elementos. Porém cada personagem só pode usar três broches, então escolha bem.
Fora a exploração e o combate, o game ainda apresenta puzzles bastante inteligentes para solucionar. Como recompensa, são desbloqueados novas habilidades mágicas. Tem baús também, claro, além de ouro pra coletar, divindades pra achar e um sistema de viagem rápida que faz uso de estações de trem. Por fim, o game oferece (opcionalmente) a possibilidade de reconstruir comunidades como bem desejar. Coisa simples, só para decorar áreas de um jeito mais interessante e acolhedor.
Minha única crítica fica para o fato da trilha sonora não variar muito. Algumas das músicas de Terra Memoria soam genéricas, sem a mesma qualidade de outras, falhando em empolgar o jogador em seções importantes do game. Fora isso é um game delicioso, com personagens carismáticos, uma mistura de mecânicas bem aplicadas e duração que coube certinho na minha rotina. Uma experiência memorável que me levou de volta à glória das gerações antigas.
Prós:
🔺 Pixel art lindíssimo, mesclado com cenários 3D
🔺 História leve, divertida e aconchegante
🔺 Personagens bem explorados
🔺 Gameplay criativo, com muitas possibilidades
Contras:
🔻 A curta duração pode desanimar os fãs hardcore
🔻 Algumas músicas são bem fracas
🔻 Poderia ser mais difícil
Ficha Técnica:
Lançamento: 27/03/2024
Desenvolvedora: La Moutarde
Distribuidora: Dear Villagers
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series, Switch
Testado no: PC