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E lá vem mais uma continuação de uma grande franquia. Será essa apenas mais uma entre tantas outras? Sim, Tekken 6 é apenas mais um Tekken. Gostaria muito que fosse diferente, mas esse jogo peca por não inovar há muito tempo. Adicionar personagens, cenários ou ainda melhorias técnicas não é suficiente para ganhar o mercado ou novos fãs. Eu me lembro bem do Tekken naquela época gostosa do Playstation, quando tudo era novidade. Era gratificante assistir aquelas aberturas em CG (computação gráfica). Ou as boas e longas magias do Final Fantasy VII, entre tantas outras coisas que eram realmente interessantes para a época.

Ao jogar Tekken 6, me senti ainda na década de 90. A franquia se tornou uma receita de bolo. Nesta versão temos aquela clássica CG inicial. Tudo bem, isso não deixa de ser legal. Agora qual o sentido de, mais uma vez, vermos cada personagem do jogo em uma situação específica numa apresentação tão cansativa quanto um comercia de refrigerante? Claro que este não é um problema exclusivo de Tekken, pois quase todas as outras franquias adotam a mesma fórmula. Mas não deixa de ser uma abertura ineficaz e de pouco impacto.

Esse início sugere todo o resto do produto. Temos algumas novidades, mas são insignificantes comparadas ao antecessor Tekken 5. A história continua com aquela irrelevância clássica dos jogos de luta. Temos um ponto onde poderiam ter inovado, mas falharam. Quer a prova? O novo modo Scenario, que não é tão novo quanto parece pois já vimos algo parecido em “Tekken Force” em Tekken 4 ou “Devil Within” em Tekken 5. No começo deste modo temos uma apresentação de toda a história da saga Tekken, desde seu primeiro episódio. As cenas são mostradas movimentando algumas ilustrações dos personagens e cenários, assim como vimos em Metal Gear Digital Comic Book, só que com uma qualidade neste caso bem menor.

Tekken 6

É interessante observar toda a história em sequência: parece sempre a mesma trama em todas as versões. Resumidamente, chegamos ao sexto jogo com a seguinte situação: o torneio agora esta sendo organizado por Jin Kazama, que lidera a organização Mishima Zaibatsu. E o que Jin faz todas as noites? Tenta dominar o mundo. Logo declara guerra contra várias nações para seguir com o seu plano. Kazuya Mishima, agora líder da G Corporation, pretende evitar que o seu filho Jin siga com suas ambições. Os outros lutadores, independente das intenções da família Mishima, entram no novo torneio The King of The Iron Fist Tournament por motivos particulares e específicos.

Assim segue a história no Scenario Mode, que possui como protagonistas Lars Alexandersson, o comandante a frente dos planos de Jin, e Alisa Bosconovitch, um ciborg criado para ser a arma perfeita. Pegaram aí o interesse de Lars na bela Alisa. No encontro destes dois personagens, toda a trama começa a se desenvolver com uma jogabilidade no estilo Beat ‘em Up. E assim novos pontos no mapa se abrem de acordo com a evolução da história. O maior problema deste modo é a jogabilidade truncada. Imagine-se no controle de Lars, que possui toda a variedade de golpes como qualquer outro personagem. A sua missão é conseguir disparar todos esses golpes independente da direção que ele aponte. Apesar de podermos “travar” o alvo do ataque, é muito difícil entender o ângulo de câmera ou ser preciso o suficiente para disparar comandos com união de diferentes diagonais e botões. Fora as diversas pausas para se contar a história. Ângulos de câmera dignos da novela mexicana mais xumbrega possível e atuações dignas de pingüins de geladeira tornam esse modo uma experiência sofrível. Boa sorte a todos.

Quanto ao jogo de luta clássico, Tekken 6 possuí os modos: Arcade, Time Attack , Ghost, Team Battle, Survival e o modo Versus. Esses modos lhe permitem acumular pontos para gastar com acessórios e roupas para criar personagens personalizados, no melhor estilo Soul Calibur IV. E, como era de se esperar, serão necessários dias para se desbloquear todas as possibilidades.

Tekken 6

Tekken 6 se mostra apenas como um updade de seu antecessor. Dentre as novidades temos os cenários que agora são destrutíveis em determinados pontos. Também existem itens e armas que podem ser usados durante a luta. Sim, parece estranho, e realmente é. Esses itens não se mostram muito úteis nem machucam tanto quanto deveriam. Você pode receber tiros de metralhadoras que causam um dano menor do que a picada de mosquito, por exemplo. Seis novos personagens entram para a briga, cada um com suas técnicas específicas. São eles: Zafina, Leo, Miguel Rojo, Bob, Lars Alexandersson, Alisa Bosconovitch e Azazel. Este último é um monstro gigante, quase um dinossauro, que parece ter uma história relacionada à Zafina. É muito, mas muito estranho a luta entre qualquer personagem e esse monstro. A desproporção é absurda e, mesmo ele sendo um “final boss”, é patético derrubar um demônio com chassi de dinossauro na base da porrada.

O clássico jogo de luta não mudou quase nada como percebemos. Tudo foi mantido como o esperado. A jogabilidade é a mesma e os fãs não vão se decepcionar nem por um segundo. Provavelmente uma pessoa que não tenha intimidade com a série levará um bom tempo até dominar todas as possibilidades e técnicas de todos os personagens, que são 45 no total. Tekken 6 não é a última palavra em gráficos, mas acredito que isto não seja o mais importante para um game. Mas sem dúvida fica devendo para outros games do gênero, como o já citado Soul Calibur IV.

O real problema é a falta de inovação, sendo que a franquia continua a usar a mesma fórmula exaustivamente. Um pouco mais de cuidado e um trabalho mais lapidado poderia conquistar novos fãs. O fracasso de The King of Fighters XII e o sucesso espetacular de Street Fighter IV exemplificam os rumos que as produtoras devem seguir. Tekken 6 é um bom jogo para os fãs da série, mas que dificilmente irá cativar novos jogadores.