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Storm Boy é um livro infantil escrito pelo australiano Colin Thiele e publicado pela primeira vez em 1964. Devo confessar que não conhecia esta obra e tive que dar uma pesquisada a respeito dela. Descobri que já virou longa metragem na década de setenta e em janeiro terá outra versão nas telas dos cinemas.

Storm Boy: The Game pega essa história, adiciona um pouco de interação e a transporta para os jogos eletrônicos, tentando dessa forma atingir um outro público enquanto conta as aventuras do menino, personagem principal da trama.

Novelinha interativa

Quando digo que tenta, é por ser uma tentativa válida mas que parece ter sido implementada de forma errada. O jogo nada mais é do que o livro sendo narrado com uma boa arte como pano de fundo, junto com poucas interações por parte dos jogadores que nada mais fazem do que caminhar pelo cenário de acordo com o desenrolar do roteiro. Temos alguns mini-games de vez em quando mas nada que vá mudar o rumo dos acontecimentos.

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A história segue os passos de Storm Boy, um menino que mora em uma praia da Austrália com seu pai, vivendo uma vidinha bem simples, sem maiores emoções, até que um dia encontra três pelicanos e resolve criá-los. Cada um recebe um nome: Mr. Percival, Mr. Proud e Mr. Ponder. Eles vão crescendo ao lado do menino, até quem um dia, quando estão suficientemente grandes, são soltos a pedido de seu pai. A trama ocorre graças a Mr. Percival que retorna e vira um grande amigo de Storm Boy, seu companheiro de brincadeiras, aventuras e até “conversas”. É na interação com o pelicano que teremos a maioria dos mini-games.

Mini-mini-mini-gamezinhos

De repente você está lá, todo interessado, lendo a história e surge um mini-game. Pode ser navegar em seu bote e dar um mergulho, jogar uma bola pro seu bichinho trazer de volta, ou mesmo alimentar os três pelicanos que ainda não conseguem se virar sozinhos.

A questão aqui é que essas interações são muito repetitivas, sem graça. Não há muito o que fazer, não há risco. Se você sai para navegar, pode dar um mergulho, ver o fundo do mar e pronto. Se joga a bola, Mr. Percival vai trazer de volta e nada mais. Não há nada que nos prenda nessa parte e isso é bastante chato.

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Detalhe que para cada mini-game desses, não há um tempo determinado, em raríssimos casos existe algum desafio. Se não conseguir, basta tentar de novo indefinidamente até ter sucesso. Alguns deles sequer possuem um objetivo, como um em que controlamos o pássaro voando. Não é preciso fazer nada além de dar algumas voltas sem destino enquanto sua paciência durar. Acabou uma dessas interações? Siga em frente que a história continua. Em certos momentos me peguei sem vontade nenhum de repetir as ações, tamanha a frustração pela qual passava.

Mas já acabou?

Claro que esses jogos tem sentido no contexto do livro e os que são disponibilizados foram escolhidos pela Blowfish Studios, produtora do título, justamente por representarem momentos chave do enredo. Por falar nisso, não posso deixar de mencionar que é o ponto principal de Storm Boy. O livro é um clássico literário emocionante que, apesar da idade, é atemporal. O jogo claramente foi pensado para atingir uma audiência bem jovem que pode ser atraída pela amizade do menino com o pelicano.

O grande problema é justamente na duração dessa história nos videogames. Em menos de 20 minutos já se encerra o jogo e o gamer acaba parado na frente da TV, tentando entender o que aconteceu. É inacreditável o quão curto é o game. E pode ser ainda mais, se a pessoa não perder muito tempo nos mini-games.

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Dois pontos bons que identifiquei são a arte e os efeitos sonoros. A arte é bem simples e minimalista, sem muitos detalhes, mas até que é bonitinha e passa um clima infantil, o que provavelmente foi a intenção dos produtores visando seu público. Também apresenta bons efeitos sonoros, representam bem as praias desertas, os sons das ondas, dos animais. Uma vantagem é poder usar o touchscreen no modo portátil do Switch, console usado nessa análise. Não que seja imperdível, mas ao utilizar essa função a jogabilidade fica mais interessante.

A grande questão é que fica difícil imaginar alguém pagando 6 dólares em Storm Boy: The Game, assim como é difícil sequer indicar e justificar sua compra. Na verdade, é complicado até considerar que seja um game, já que está mais pra uma forma interativa de atiçar a curiosidade das crianças para o livro ou o filme.  É extremamente curto, não tem um fator replay que valha a pena e, apesar da mensagem que passa, é um tanto quanto descartável como obra digital.

Melhor ler o livro ou esperar sua nova versão cinematográfica.