Splatoon 3 pode ser definido em apenas uma palavra: alucinante. O título reúne tudo o que foi feito de melhor nos dois games anteriores da franquia e te joga numa empolgante jornada pelo multiplayer online. Porém, para aqueles que vieram curiosos nessa festa de tinta, isso não é tudo o que a Nintendo tem a oferecer no novo jogo.
Além de uma competente disputa na rede, você também terá uma história completa que vai ajuda-los a se preparar para os grandes desafios que vai encarar na experiência. Alvos em movimento, grandes oponentes, estratégias distintas, como usar o ambiente ao seu redor para conquistar a vitória e várias outras dicas podem e vão te alavancar em um “tutorial” extremamente charmoso e avantajado.
Independente da sua facção na Turf Wars ou que lado escolha nas Splatfests, uma coisa é certa: sua diversão será extrema enquanto joga este lançamento. Não é para menos que uma marca criada em 2015 seja a nova menina dos olhos da Big N, principalmente pela aderência do público. Então, que tal mergulhar nesta como os bons e velhos Inklings nesta aventura? Afinal de contas, o Switch estava precisando de uma corzinha – se é que você me entende.
Splatoon vai pintar o 7 no seu Switch
Mantendo a transparência com vocês, eu não estava dando muitos créditos para Splatoon 3. Até seguia a ideia de que “como isso pode ser diferente do segundo?” pelos trailers e apresentações que vi. Claro, o modo história chamou a atenção neste período, porém o que realmente importa é o momento que está de frente ao time inimigo disputando território com tintas. Essa que é a alma da coisa toda, assim como Pokémon é botar os bichinhos para brigar e Yu-Gi-Oh! tem que ter motos, digo, cartas.
Assim que a experiência começou, porém, que bati de cara com o muro em minha arrogância. Ele é, de longe, um dos jogos online que mais me divertiu desde o lançamento de Overwatch em 2016. Falo com tranquilidade isso, pois sou extremamente mais chato com este tipo de conteúdo do que costumo. Em questão de fluidez, dinamismo, personalização, cenários e trabalho em equipe, não tenho uma reclamação a fazer. A Nintendo não brincou em serviço e elevou o game para outro patamar.
E quando falo do online, não é só de inúmeras cores voando de um lado para o outro. Ele também é um extensor de rede social muito mais bacana do que aquelas que consumimos diariamente. Há diversos jogadores espalhados pela cidade com seus infames desenhos, mensagens e pichações. Se no que temos no celular é, em sua maioria, conteúdo tóxico, ali são apenas pessoas compartilhando pequenos pedaços de seu contentamento com o jogo. Com certeza te fará dar um passeio de vez em quando.
Só para terem uma breve noção, eu mesmo vi desenhos espetaculares e que me fizeram aposentar de vez a minha carreira de artista digital. Não que tivesse iniciado uma, mas já vi que não levo jeito para a coisa ao contrário do resto da comunidade. Mensagens engraçadas, gente formando times…uma verdadeira festa desorganizada, mas honesta. Sabe aquele ódio desnecessário que vemos através dos nossos smartphones dia após dia? Esquecerá daquilo com Splatoon 3 nas mãos, vai por mim.
Outro ponto que me fez refletir bastante é a ausência de microtransações. Com os equipamentos fechados por níveis e reputação, você tem que fazer por onde merecer ter armas melhores ou roupas que te ajudem a vencer os adversários. Entendo que muitas vejam nos loots uma chance de lucrarem a mais, mas só de ver que a Big N -conhecida por gostar de arrancar R$ do seu público- não caiu nessa alavancou ainda mais o meu gosto pelas mecânicas.
Como anda o single-player?
Já no quesito da história de, ela não é tão longa quanto imaginam ser, mas diverte na mesma proporção. Como eu citei acima, o modo “O Retorno dos Mamíferos” funciona mais como um tutorial de luxo, só que isso não faz dela ineficiente ou descartável. Caso seja sua primeira vez por aqui, vai aproveitar muito mais conhecer as ferramentas e movimentações nas 70 fases do que levando um balde na cabeça dentro da competição real. Falo isso com tranquilidade.
Além disso, Splatoon 3 também tem uma ampla área com colecionáveis que nem mesmo os mais experientes vão descobrir sem ajuda. O espaço é gigantesco, tem vários desafios distintos e chefões que farão alguns que se dizem experts derramarem uma lágrima durante os confrontos. E não será de felicidade, isso posso te garantir com risco de botar a mão no fogo. Quando você vencer, até sim, mas considero que nem todos terão a mesma sorte de primeira. Ou segunda…
Já falei que dentro do jogo você encontra até um TCG próprio no sistema também? Se pensou que citei Yu-Gi-Oh! à toa ali em cima, achou errado. E vale notar que nada disso que estou apresentando para vocês é um complemento só para deixar tudo menos tedioso ou algo adicionado “nas coxas” em Splatoon 3. São elementos muito sólidos dali e que foram feitos com uma qualidade ímpar. Isso que mais me surpreendeu, principalmente por serem conceitos que não foram utilizados em sua totalidade ou de forma boa no passado.
Sabe a impressão que eu tive? Que eles pegaram todo o feedback do público e o que deu errado em seu antecessor para preparar a experiência definitiva. Estou genuinamente apaixonado por vários destes fatores que citei acima e algo que achei que cansaria rápido de jogar está a cada momento me chamando mais alto. Enquanto escrevo, na verdade, estou louco pra voltar às partidas para ver se venço mais uma.
Chorar pela tinta derramada
Estou encantado com Splatoon 3? Sim. Ele é perfeito e digno de uma nota 10? Não! Enquanto me divertia de um lado, o que julgo ser o mais importante dentro de qualquer jogo que se preze, por outro vi alguns pontos que me incomodaram e atropelaram a felicidade que sentia durante as partidas. Um deles é o despreparo da própria Nintendo perante ao ambiente online.
Vou ousar macular o território que muitos endeusam para afirmar que a Big N podia e tinha formas de prever o sucesso que o lançamento causaria para deixar os servidores mais estáveis. Ele vendeu 3 milhões de unidades em um fim de semana e isso foi claramente visto por quem tentava se conectar sem sucesso por 2, 3x. Isso sem falar nas constantes quedas por “erro de comunicação”. Usei na internet de dois lugares que possuem uma velocidade boa e os mesmos problemas surgiram em ambas.
Isso também entra em ação na demora para encontrar partidas, com um fluxo extremamente lotado não tem nem como defender, não é? Eu estou esperando até agora para corrigirem e melhorarem este aspecto. Vamos ser sinceros aqui, são 3 minutos cada partida e eu hoje aguardo este mesmo tempo para entrar em cada uma delas. É surreal, inclusive com os mesmos jogadores esperando junto.
Outra coisa que peca, mas não é culpa do Splatoon 3, seria o suporte ao ambiente em rede que a Nintendo oferece no Switch. Seria extremamente positivo e de uma ajuda sem precedentes implementar um chat com headset no aparelho. Eu desisti de contar quantas partidas foram perdidas por falta de comunicação e sincronia de times, algo que podia ser resolvido com o recurso. Já não passou da hora disso surgir não? Porque adianta nada investir numa obra-prima dessas sem oferecer ferramentas que deem suporte para toda a experiência. No PlayStation 3 / Xbox 360 isso já funcionava bem.
Fora isso, a trilha-sonora e todo o design dão de 10 a 0 em muito Triple A que vi nos últimos anos. A forma como você espalha tinta, se joga para nadar abaixo dela e voa atirando tem um charme extremamente cativante e inexplicável. É o mais puro entretenimento, essencial para existir em todos os títulos de sucesso e é trazido aqui com grande louvor. Mesmo com as falhas que aparecem enquanto isso.
Recomendo que, se você já estiver inclinado a comprar Splatoon 3 para jogar no Nintendo Switch, não pense duas vezes. Invista que valerá cada segundo que você estiver competindo ou se aventurando pelo Modo História. E isso só tende a crescer, com novas disputas sendo adicionadas conforme o tempo passa. No seu lugar, não ousaria perder a chance de aproveitar enquanto toda a atenção está nele. Vai fundo!